O que é complexo de Édipo? (final)

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21 comentários sobre “O que é complexo de Édipo? (final)

  1. Mais uma vez conseguiu-me aprisionar a este post sobre Édipo. Numa opinião pessoal, não se se concorda, o Complexo e Conflito Edipiano são um dos conceitos mais difíceis de perceber em psicanálise, ainda mais quando somos confrontados com diversas abordagens (freudianas, kleinianas, lacanianas).

    Surgiu-me uma dúvida…
    Escreveu o seguinte:
    «trata-se no conflito edípico de uma situação triangular que não envolve necessariamente um pai, uma mãe e um bebê, mas sim três elementos: alguém que deseja, alguém que é desejado e alguma coisa que interdita essa relação»

    Esta triangulação encontra-se presente, invariavelmente, diversas vezes no nosso quotidiano. Sejam em situações de namoro, amizade, conquistas materiais, etc. Em todas as situações poderemo-nos referir a elas como conflitos edipianos, desde que existam esses 3 elementos?

    Não sei se me fiz entender 🙂

    Com os melhores cumprimentos
    Cláudio

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  2. Lucas Nápoli

    Olá Cláudio! Alegra-me demasiadamente suas palavras e muito mais tua pergunta, pois ela me será útil para esclarecer um ponto importante. De fato, acho que você entendeu bem o que eu quis dizer. Na verdade, a situação que eu descrevi como sendo o coração do complexo de Édipo, isto é, “alguém que deseja, alguém que é desejado e algo interditando essa relação” é das mais comuns em nossas vidas, principalmente em se tratando de relacionamentos amorosos. No entanto, compreender tais situações em termos edipianos não nos é dado pela natureza. Aliás, a rigor a natureza NÃO NOS PERMITE COMPREENDÊ-LAS. E é justamente com o objetivo de explicá-las que Freud INVENTOU e Lacan FORMALIZOU o complexo de Édipo. Sim, o complexo de Édipo é uma invenção teórica, mas uma invenção que se mostrou utilíssima para compreender e ajudar um número imenso de pessoas que buscam auxílio psicanalítico. Basicamente, o complexo de Édipo nos permite olhar para o drama de Romeu e Julieta e de todos os outros amores impossíveis do mundo e ver neles a herança de um desejo reprimido pela mãe. E com isso o amor impossível se torna compreensível. O que Lacan fez foi mostrar que essa impossibilidade faz parte da condição humana, ou seja, que mesmo que não haja um pai para interditar o gozo da criancinha com a mãe, o telefone que toca e faz com que a mãe tenha que se ausentar pode cumprir essa função de frustrar uma satisfação plena.
    Atualmente, o que se questiona é a funcionalidade da descrição edípica nos dias atuais para a compreensão dos pacientes. A meu ver, e nisso reside minha contribuição original, o Édipo que não faz mais sentido é o Édipo de Freud, ou seja, mamãe-papai-bebê, mas se compreendermos o Édipo enquanto a condição humana por excelência de um gozo que se torna finito por uma interdição inexorável, o complexo de Édipo continua sendo nossa baliza teórico-clínica.

    Também não sei se me feiz entender. Se tiver outras questões, fique à vontade para enunciá-las.

    Grande abraço!

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  3. Muito obrigado pelo esclarecimento!
    Já agora, poderá dar-me um breve resumo da visão Kleiniana do complexo de édipo se não for abusar do seu trabalho? 🙂 Eu tenho alguma dificuldade em compreender Melanie Klein devido à sua linguagem e às metáforas por ela utilizadas.

    Para artjgos futuros gostava que você falasse da posição depressiva e esquizoparanóide 🙂
    Fica a recomendação,

    Um abraço

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  4. Lucas Nápoli

    Olá Cláudio! Sem problemas. Posso dar algumas palavrinhas sim. Uma das grandes novidades trazidas por Melanie Klein a teoria psicanlítica foi a idéia de “estágios primitivos do conflito edípico”, título, aliás, de um dos seus mais famosos artigos, de 1928. Nele, Melanie Klein defende a tese, apoiada em vinhetas clínicas, de que o complexo de Édipo não se dá abruptamente na fase fálica (mais ou menos aos 5 anos de idade) como pensava Freud, mas que sua experiência com crianças menores tinha lhe demonstrado que elas já eram capazes de experimentar sentimentos de culpa e temor de castração, afetos que de acordo com Freud só emergiriam a partir do Édipo. Assim, o foco de Klein não estará (como em Freud e Lacan) na figura do Pai como estruturante do complexo de Édipo mas sim nos sentimentos envolvidos num conflito dessa natureza. Para sustentar a hipótese de um Édipo precoce, ela precisará recorrer à idéia de um superego também precoce que não estaria ligado ao Pai mas sim às experiências de frustração na amamentação que geraria num bebê um desejo de agredir o seio e, com contrapartida, um medo de ser retaliado. Ou seja, o foco de Melanie Klein é todo nos afetos. O que caracterizaria o seio perseguidor como o superego preoce seria o temor que na fantasia a criança sente dele, o mesmo temor de castração que ela mais tarde experimentará ligado à figura do pai. Enfim, para não me alongar em demasia, o Édipo para Klein se processa originalmente na relação dual entre o bebê e a mãe e o “conflito” no caso não é como no Édipo freudiano entre o desejo pela mãe e o medo do Pai, mas sim o desejo pelo seio que sacia e o medo do seio perseguidor. A idéia fundamental de Klein é de as descobertas de Freud repousam sobre uma estrutura mais arcaica derivada das relações entre mãe e filho.

    Suas sugestões sobre artigos acerca das posições depressiva e esquizo-paranóide estão aceitas. Aliás, esse era um desejo meu já de longa data que você reavivou. Muito obrigado!

    Grande abraço! Espero ter dirimido sua dúvida!

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  5. Sandra Figueiredo I. de Lima

    Hummm Muito bom!!!! Claro, preciso e bem humorado! rs
    Não pude deixar de relacionar o seu discurso com a minha vivencia particular, lembra do Ernesto no barrigão da sua colega de profissa aqui? rs Então, o cara ta com 1 ano e seis meses e posso dizer Lacan foi muito perspicaz!!! rs
    Lucas, fale-nos mais sobre esse Desejo que Lacan propõe, digo pq não envolve apenas a “tríade em si, pai, mãe e filho” mas as contingências mesma da vida, como vc ressaltou! Um forte abraço! até..!!

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  6. Lucas Nápoli

    Olá Sandra! Fico feliz que tenha gostado do post. A respeito do que você pediu para que tecesse mais algumas considerações: de fato, quando Lacan se dá conta de que o complexo de Édipo tal como Freud o descreveu era uma narrativa datada, própria aos fins do século XIX e início do século XX, adequada a um modelo específico de estruturação social que se fundamentava na família nuclear mãe-pai-filho, Lacan não abandona o que de estrutural há na narratuva edípica que é o fato de que, para ir direto ao assunto, o fato de nós falarmos, isto é, de termos linguagem é a razão pela qual se institui para nós a nostalgia de um objeto perdido do qual Renato Russo de maneira genial nos fala em “Índios”: “… essa saudade que eu sinto de tudo o que eu ainda não vi”. A gente pode dizer, portanto, que todas essas contingências da experiência que sinalizam para a criança que ela não é o centro do mundo (mundo que num primeiro momento é a mãe), pois bem, todas essas contingências podem ser resumidas na incidência da linguagem em nós. É por isso que o toque do telefone ou o som da vizinha que chama a mãe na janela podem funcionar como elementos que compõem o Nome-do-Pai, pois eles inserem a criança num mundo de significação transcendente à sua vivência de satisfação com a mãe.
    Não sei se fui muito obscuro, mas espero ter atendido a seu desejo.

    Grande abraço e apareça sempre!

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  7. Olá Lucas! De fato é um prazer imenso ler os posts do seu blog. Sempre que recebo um e-mail seu de alguma atualização fico logo ansioso para conferir o que vem de bom por ai. Portanto, meus parabéns!
    Agora, se tratando da questão do Édipo, gostei muito da análise proposta por Lacan é que você discorreu brilhantemente aqui no blog, pois de fato, parece que talvez nossa primeira ilusão, a de que a mãe é nosso objeto de prazer e de uso, muitas vezes vai se perpetuando pelo resto de nossas vidas, pois como você mesmo disso, quando percebemos que a mãe não é nossa, logo caímos num eterno desejo, e esse desejo caracteriza a nossa busca pela chamada felicidade, e na tentativa de encontrar essa felicidade nossa sociedade veio se empenhando durante todos esses séculos produzindo milhares de objetos para o consumo na busca desenfreada de saciar o desejo infinito de nossa espécie, quando na verdade esse desejo é produto de uma ilusão. Realmente podemos olhar de um ângulo muito intrigante a partir do momento em que percebemos que o desejo infinito do ser humano é a causa de seu sofrimento. E melhor ainda, podemos entender o modo capitalismo vigente nos dias atuais, assim como a esperança (ilusória também) que depositamos na ciência.
    Um forte abraço!

    Renan A. Pereira

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  8. Lucas Nápoli

    Olá Renan! Suas palavras me alegram muito! Sinto-me extremamente satisfeito em conquistar a fidelidade dos leitores!

    Concordo com tudo o que você disse e seu comentário me fez lembrar de uma coisa que venho pensando ultimamente: talvez o capitalismo seja nosso último sistema econômico, insuperável, justamente por ele se coadunar perfeitamente a nossa condição de seres desejantes. Os empresários e publicitários que conseguem discernir isso são os que mais lucram. Steve Jobs e seus Ipods, Iphones e Ipads que o diga! São objetos que rapidamente se tornam obsoletos, perpetuando a insatisfação que nos move na busca de novos que se desfazem no vento logo ao serem agarrados.

    Um grande abraço e sempre que se sentir à vontade comente, pois isso só enriquece o blog!

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  9. Aparecidas Godoi

    Olá Lucas! adorei O seu bog.
    Sou estudante de psicologia, e estou no 5º semestre, infelizmente a professora que nos ministra a aula de psicanalise deixa a desejar, tenho uma prova na próxima terça feira,a respeito do tema e me ajudou bastante a esclarecer alguns pontos.Espero poder contar mais vezes com os temas que iremos estudadar nos próximos semestres.
    Obrigada Adorei.
    Cida.

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  10. Lucas Nápoli

    Olá Aparecida! Seu comentário me deixa muito feliz! O intuito inicial dos posts da categoria “Glossário Psicanalítico” é exatamente esse: ajudar estudantes da graduação em Psicologia ou em outro curso que estudando Psicanálise e, de quebra, proporcionar conhecimento sobre a teoria psicanalítica ao público leigo. Se houver algum outro conteúdo a respeito do qual você gostaria de saber mais, fique à vontade para dizer. Se estiver ao meu alcance posso fazer um post sobre o tema.

    Grande abraço!

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  11. M.Stella Spindola

    Alo ,Lucas Napoli! Adorei seus esclarecimentos acerca das diferencas de Freud
    e Lacan sobre a situacao edipiana.Faco formacao em psicanalise e seu blog vai ser muito util para mim. Parabens! Stella Spindola.

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  12. Lucas Nápoli

    Olá Stella! Muito obrigado pelo comentário! Espero mesmo que o blog possa contribuir efetivamente com sua formação.

    Um forte abraço e apareça sempre!

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  13. O meu conhecimento em particular sobre o Édipo. A criança nasce sem saber nada sobre os significantes e seus significados. Quando a mãe fala pelo filho ou não o integra no mundo dos simbolos e o pai não intervém nesta relação, este adquiri a estrutura psicótica ou perversa, sendo uma coisa, sem personalidade própria. Quando o pai interfere com palavras, ensinando o filho e este aceita entrar para o mundo da linguagem, torná-se neurótico. O psicopata ninguem fala por ele e ele não entra para o mundo da linguagem, este repete comportamento e palavras vinda do outro, sem emoção e sem razão. Aparecida Silva

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  14. Lucas Nápoli

    Oi Aparecida. Não sei se você está pedindo indiretamente minha opinião acerca do seu “conhecimento em particular sobre o Édipo”. Está?

    Forte abraço!

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  15. Kênia Braz

    Veja só, descobri o blog há dois dias, e tem sido maravilhoso!
    Gosto muito da teoria psicanalítica e tenho voltado a estudá-la mais detidamente. Infelizmente, em minha graduação Lacan não me foi apresentado, tampouco em minha pós (psicoterapia de orientação psicananlítica). Imagine, então, o tamanho de minha dificuldade em minimamente compreende-lo?rs…
    Posso te afirmar que seus posts tem me ajudado a ultrapassar esta dificuldade inicial!
    Parabéns!
    Sou a nova frequentadora assídua do site!
    Abç
    Kênia

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  16. Lucas Nápoli

    Olá Kênia, seja muito bem vinda!!! É uma pena que as graduações e mesmo algumas especializações privem seus alunos das ideias de um autor tão importante não só para a psicanálise, mas para o campo das ciências humanas como um todo.

    É muito bom ter você por aqui!

    Um grande abraço!

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