Esta é uma pequena fatia da aula especial “O desejo à flor da pele: um olhar psicanalítico para as lesões dermatológicas”, já disponível para quem está na CONFRARIA ANALÍTICA.
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— É, doutora, já tem mais de 10 anos que eu tô com esse negócio — disse o Sr. Antônio com aquele seu jeito bonachão de sempre.
— Mas ela nunca se fechou, Sr. Antônio? — perguntou Natália, um tanto impressionada com o que tinha acabado de ouvir.
— Ah, minha filha, já fechou, sim, umas duas ou três vezes, mas sempre abre de novo, né? Isso aí deve ser meu karma — respondeu o idoso soltando uma gostosa gargalhada em seguida.
— E você ainda ri, Sr. Antônio?
Quem falou isso, num leve tom de indignação, foi Rita, a enfermeira que limpava a enorme ferida que o Sr. Antônio tinha na perna esquerda.
Sim, ferida. Esse era o “negócio” que estava com o nosso simpático paciente há mais de 10 anos.
Natália, a psicóloga que conversava com o Sr. Antônio enquanto ele era atendido por Rita, encarou com naturalidade a risada do paciente.
Apesar de estar há pouco tempo naquele centro de tratamento de feridas, ela já havia notado que os pacientes que tinham lesões crônicas lidavam com elas de uma maneira muito peculiar.
Com efeito, não expressavam uma urgência de ver a ferida se fechar definitivamente. Era como se a lesão já tivesse se tornado parte da identidade deles.
Aquelas idas semanais ao centro pareciam lhes proporcionar muita alegria. A maioria adorava conversar com as enfermeiras e desenvolviam um forte vínculo afetivo com elas.
Além disso, conversando com alguns desses pacientes, Natália pôde constatar que muitos “sem querer querendo” acabavam não seguindo as orientações passadas pela equipe de Enfermagem.
Parecia haver neles um desejo inconsciente de manterem aquelas feridas abertas…
Ao observar a surpresa da enfermeira Rita com a risada do Sr. Antônio, Natália teve uma ideia:
Organizar reuniões periódicas com a equipe de enfermagem para que pudessem conversar sobre essa dimensão “satisfatória” do adoecimento — que não é fácil mesmo de entender.
Por coincidência, nesta sexta-feira Natália encontrará uma ótima referência teórica para iniciar esse projeto.
Como é aluna da CONFRARIA ANALÍTICA, a psicóloga poderá assistir ainda hoje a uma AULA ESPECIAL que trata justamente do que ela tem observado em sua experiência profissional.
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O papel que o superego exerce em nossa alma nunca é o de um paciente e bondoso conselheiro que nos alerta para os riscos da realização de certos desejos.
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Certa vez eu participei de uma palestra em que um colega psicanalista disse algo mais ou menos assim:
— Frequentemente a gente tem a impressão de que em algum lugar está rolando uma baita festa, em que todo o mundo se sente absolutamente feliz, e para a qual somente nós não fomos convidados.
Naquela época o Instagram sequer havia sido inventado. Do contrário, meu colega não precisaria ter usado essa analogia. Bastaria descrever o que acontece nesta rede social…
Você está aí vivendo seu cotidiano tranquilamente, relativamente satisfeito com seu trabalho, seu relacionamento, tendo momentos de lazer… Enfim, tendo uma vida mais ou menos normal.
Aí você entra no Instagram para se entreter e começa a acompanhar a vida de blogueiras e influenciadores nos stories.
De repente, você ganha acesso a um mundo de viagens espetaculares, casas luxuosas, corpos esculturais, restaurantes premiados, relacionamentos amorosos impecáveis etc.
Você sabe intelectualmente que todos aqueles vídeos e fotos foram cuidadosamente selecionados, editados e não compõem um retrato fiel da vida daquelas pessoas.
Apesar disso, o contato frequente com esse tipo de conteúdo inevitavelmente o leva a olhar para sua vida (que, até então, você percebia como boa) e passar a considerá-la pobre e limitada.
Veja: essa sensação amarga de FALTA só aparece em função da FANTASIA de uma vida PERFEITA que você foi levado a construir com base no conteúdo compartilhado pelas blogueiras e influenciadores.
Se parasse de assistir aos stories dessa galera, você iria voltar a ficar satisfeito com a sua vida, certo?
ERRADO. Nós nunca estamos plenamente satisfeitos.
Com exceção dos deprimidos, todos nós experimentamos esse comichão eterno que nos faz estar sempre buscando algo a mais, um trem diferente, que muitas vezes a gente nem consegue nomear.
E esse comichão é produzido justamente porque todos nós, com o ou sem Instagram, nutrimos no fundo da alma o sonho de reencontrar um estado de satisfação absoluta que imaginamos ter vivido lá no início da vida.
Falo mais sobre isso na AULA ESPECIAL sobre o conceito lacaniano de “objeto a” que estará disponível ainda hoje para quem está na CONFRARIA ANALÍTICA.
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Todos nós queremos melhorar, mas nenhum de nós deseja, a princípio, investigar o que de fato está por trás dos nossos problemas emocionais. O psicanalista francês Jacques Lacan tinha uma expressão muito boa para caracterizar essa atitude básica: “paixão pela ignorância” — um belo eufemismo para MEDO DE SABER A VERDADE.
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Um dos grandes diferenciais da Psicanálise é a sua capacidade de mostrar ao analisante que, se ele não consegue evitar seus problemas emocionais, é justamente porque PRECISA deles, assim como os dirigentes dos clubes PRECISAM de árbitros ruins para justificarem suas derrotas.
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A Psicanálise descobriu que, no fundo, a gente AMA os nossos sintomas e não queremos nos livrar deles. Na verdade, a gente só quer eliminar as “despesas” que eles geram.
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Todavia não é nada fácil parar de continuar consumindo esse produto que um dia já foi tão útil, mas que agora só traz prejuízo…
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Uma das coisas que eu sempre digo em supervisões para alunos de Psicologia que estão começando a fazer atendimentos clínicos é o seguinte:
Lembrem-se sempre disso: nossos pacientes querem e, ao mesmo tempo, NÃO QUEREM estar em terapia.
Por que faço esse aviso?
Porque a experiência psicanalítica mostra com muita clareza que boa parte das formas de adoecimento emocional com que nos deparamos na clínica só existe porque as pessoas em questão não dão conta de lidar com certas VERDADES relativas a si mesmas.
Por exemplo: um sujeito pode desenvolver uma fobia social porque o contato com pessoas funciona para ele como gatilho para desejos homossexuais que ele insiste em reprimir desde a infância.
A cura definitiva desse paciente precisará envolver necessariamente o reconhecimento dessa dimensão de sua sexualidade que ele tanto repudia.
Mas você concorda comigo que tal indivíduo não vai querer passar por isso?
É claro! Se ele reprimiu os desejos homossexuais é justamente porque não quer ter que lidar conscientemente com eles.
Assim, se o terapeuta for dirigindo o tratamento no sentido de ajudar o paciente a reconhecer essas tendências, o que acontecerá?
Óbvio: o sujeito apresentará uma… RESISTÊNCIA.
Ele pode começar a chegar atrasado às sessões, desmarcar os encontros de última hora, recusar as intervenções do analista com argumentos aparentemente irrefutáveis, não ter “assunto” para falar em terapia, pedir para encerrar o tratamento por acreditar que já está bem etc. etc. etc.
Os métodos que o paciente pode empregar para resistir são os mais variados.
É por isso que eu digo para meus alunos que os pacientes querem e não querem ser tratados:
Todo paciente quer parar de sofrer, mas não quer, A PRINCÍPIO, pagar o preço necessário para alcançar esse resultado.
É por isso que o analista tem que ter muita paciência e sensibilidade para compreender o quão difícil é abrir-se para a verdade.
Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá ainda hoje uma AULA ESPECIAL sobre o conceito de RESISTÊNCIA em Psicanálise.
Te vejo lá!
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Muitas pessoas procuram a ajuda da Psicanálise porque não conseguem abandonar certos padrões repetitivos de comportamento ou de escolhas amorosas que lhes trazem muito sofrimento. Neste vídeo apresento as duas principais causas desse fenômeno que Freud chamou de compulsão à repetição.
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Uma das situações que costumam motivar as pessoas a procurarem a ajuda da Psicanálise é a COMPULSÃO À REPETIÇÃO.
Sucessivos relacionamentos que nunca dão certo, crises emocionais que ocorrem periodicamente, maus hábitos que nunca são abandonados…
Enfim, as formas de manifestação da repetição podem ser as mais diversas.
Geralmente a pessoa que padece desse problema não consegue compreender por que ele ocorre:
“— Doutor, eu não entendo por que só me envolvo com caras abusivos. É sempre a mesma história: eu começo o namoro achando que dessa vez vai ser diferente e, quando me dou conta, lá estou eu de novo sendo tratada que nem lixo.”
Esse estado de perplexidade diante das próprias escolhas é totalmente compreensível.
Afinal, para a pessoa em questão, não faz o menor sentido que aconteça consigo exatamente o que ela estava tentando evitar.
Por que isso ocorre? Por que podemos repetir os mesmos erros embora estejamos tentando evitá-los?
A resposta, revelada pela experiência psicanalítica, é a seguinte:
Aquilo que conscientemente interpretamos como erro, sofrimento e dor pode muito bem estar sendo visto por nós mesmos, só que inconscientemente, como… acerto.
Em outras palavras, existe uma parte da moça que só escolhe boy lixo que está muito satisfeita com tais escolhas.
Mas, como, Lucas, como uma pessoa pode se satisfazer sendo maltratada?
Ora, caro leitor, como é que você me faz uma pergunta dessas?
Por acaso nunca ouviu falar dos masoquistas, indivíduos que sentem um tesão enorme em serem dominados, amarrados, chicoteados?
Pode haver uma inclinação masoquista reprimida na referida moça. Por que não?
Mas a coisa pode ser ainda mais profunda…Pode ser que a condição de SER ABUSADA seja a resposta que essa pessoa encontrou para determinados enigmas com os quais se deparou na infância.
Enigmas como “O que preciso fazer para garantir o amor de meu pai?”.
Vai saber…O buraco do nosso Inconsciente é muito mais embaixo.
Não o subestime…
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Um dos fatores que podem nos manter presos a um quadro de adoecimento emocional é o HÁBITO.
Sim, a gente se habitua a um padrão doentio de funcionamento, sobretudo quando ele tem início na infância.
A gente se acostuma tanto com nossas ansiedades, sintomas e inibições que, com o passar do tempo, a doença passa a fazer parte da nossa identidade.
Nesse sentido, a cura passa a ser temida, pois eliminar o adoecimento significaria abandonar uma parte de si mesmo.
Nossa experiência clínica mostra que um dos obstáculos que emperram o processo terapêutico é o fato de que o paciente, muitas vezes, simplesmente não suporta ficar bem.
A pessoa já está tão habituada a seus padrões doentios que, inconscientemente, sabota a terapia porque a cura demandaria necessariamente uma desorganização temporária da sua personalidade.
Nesses casos, o sujeito se comporta como um prisioneiro que, depois de muitos anos, finalmente recebe o alvará de soltura , mas prefere permanecer na cadeia por acreditar que não saberá viver em liberdade.
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Recentemente eu publiquei um vídeo falando sobre como a Psicanálise explica o fenômeno da autossabotagem.
A ideia é muito simples: o sujeito que se sabota só APARENTEMENTE está agindo contra os próprios interesses.
Na verdade, ao se prejudicar, ele realiza simbolicamente desejos inconscientes. Só que, obviamente, não sabe disso.
Hoje gostaria de me aprofundar um pouco mais nesse tema dos desejos inconscientes.
Frequentemente na clínica psicanalítica ouvimos pessoas dizerem que estão em determinadas situações que lhes causam sofrimento e das quais, se pudessem, gostariam de sair.
Os motivos que o paciente alega para não mudar parecem ser muito plausíveis, mas, na verdade, não passam de racionalizações autoenganosas:
“Ah, eu não suporto mais meu marido. Já tem mais de 10 anos que eu gostaria de me separar, mas não faço isso por causa dos meus filhos. Preciso esperar eles saírem de casa”.
“Eu não aguento mais esse trabalho. Todos os dias vou arrastado para lá. Se eu não precisasse tanto do dinheiro, já tinha pedido demissão há muito tempo”.
Aí você pergunta para essa segunda pessoa se ela está mandando currículos para outras empresas e buscando ativamente novas oportunidades de trabalho e o que ela te responde?
Óbvio: ela diz que não, que acaba não tendo tempo para isso porque… trabalha demais.
A outra, que não se separa supostamente por causa dos filhos, sabe muito bem que essa justificativa é uma baita desculpa esfarrapada.
Mas ela precisa dizer isso para si mesma, pois, de fato, NÃO SABE os motivos que a levam a permanecer numa relação tão insatisfatória.
Ela não sabe mesmo. Afinal, esses motivos são inconscientes.
Mas ela PODE saber.
Assim como o cara que odeia o trabalho, mas não faz nada para sair dele também pode descobrir que as verdadeiras razões pelas quais não sai desse emprego não têm nada a ver com o fato de “precisar do dinheiro”.
O tratamento psicanalítico visa justamente ajudar as pessoas a discernirem os desejos que estão realizando, sem saber, por meio do sofrimento.
Na Psicanálise, o paciente aprende que o que ele verdadeiramente deseja é aquilo que EFETIVAMENTE FAZ e não aquilo que DIZ QUE QUER.
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É claro que você já experimentou o sentimento de culpa em várias ocasiões.
Talvez esteja vivenciando esse afeto amargo neste exato momento.
Ou talvez você seja daquelas pessoas que estão o tempo todo se sentindo culpadas.
Mas e se eu te disser que a gente pode sentir culpa sem saber que está sentindo.
Sim! Freud descobriu que nós podemos ter um sentimento de culpa INCONSCIENTE.
Uai, Lucas, mas como é que ele chegou a essa constatação?
Como é possível saber que um sentimento existe em uma pessoa se ele não é consciente para o próprio sujeito?
Elementar, meu caro leitor.
A gente deduz o que está no Inconsciente por meio de pistas e indícios, como um detetive que é capaz de dizer como um crime aconteceu mediante uma coleta minuciosa de vestígios e testemunhos.
No caso do sentimento inconsciente de culpa, a pista fundamental que possibilitou sua descoberta foi um fenômeno curioso com o qual Freud se deparou na clínica:
A “reação terapêutica negativa”.
Trata-se do fato de alguns pacientes PIORAREM depois de receberem do terapeuta indicações de que estão MELHORANDO e de que o tratamento está sendo bem-sucedido.
Freud olhou para isso e ficou se perguntando: “Uai, como assim? Esses pacientes não querem melhorar?”.
Na busca por respostas para essa questão, o médico vienense acabou se deparando com o sentimento inconsciente de culpa.
Vamos continuar essa conversa lá na Confraria Analítica?
Quem está na comunidade receberá ainda hoje uma aula especial sobre esse assunto.
Te vejo lá!
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Outro dia eu estava assistindo a um vídeo do Rica Perrone em que ele explicava a abordagem que utiliza para lidar com fatos públicos que aparentemente são ilógicos e contraditórios.
Trata-se de uma forma de pensar que me parece muito semelhante à psicanalítica.
Ele dizia que quando se depara com uma situação que não parece fazer sentido, sempre tenta identificar quem estaria obtendo vantagens com ela.
Por exemplo: no Brasil, há um consenso de que os árbitros de futebol cometem muitos erros e, com isso, acabam prejudicando várias equipes.
Por que, então, os dirigentes dos clubes não se esforçam para exigir que haja a profissionalização da atividade de árbitro de futebol, já que o amadorismo causa tantos danos?
Por que eles “lucram” com isso, argumenta acertadamente o Rica Perrone.
Sim, as falhas dos juízes sempre poderão ser utilizadas pelos presidentes e diretores dos clubes como justificativas para o mau desempenho dos seus times.
É isso o que explicaria o fato de continuarem permitindo que o trabalho como árbitro de futebol seja apenas um “bico” e não uma profissão regulamentada.
Essa abordagem que tenta enxergar quais são as vantagens ocultas que podem estar por trás de situações de aparente prejuízo é a mesma que nós, psicanalistas, utilizamos na clínica com nossos pacientes.
Com efeito, ajudamos o analisante a identificar os ganhos primários e secundários que ele obtém com seus sintomas, inibições e ansiedades.
Assim como quem olha de fora não consegue perceber por que os clubes não lutam pela profissionalização dos árbitros, o paciente também não entende, de início, por que permanece preso a seus padrões doentios.
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Por trás do aparente sofrimento, há sempre algum tipo de satisfação que precisa ser trazida à luz.
É preciso reconhecer de que forma ganhamos quando estamos perdendo.
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