Shabbat: Lacan e a psicologia

auteur4889Essa história foi contada pelo psicanalista Gérard Haddad, no livro “O dia em que Lacan me adotou” no qual ele narra as peripécias de sua análise com Jacques Lacan, análise que durou até a morte do psicanalista francês. O fragmento que apresento a seguir se passou logo nas primeiras sessões dessa análise.

Eis que Haddad havia se formado em Agronomia, mas tomado por um antigo desejo de ser psicanalista da época de adolescente, quando lera as “Conferências introdutórias” de Freud, decidiu enveredar pelo mundo psi. E assim, ao mesmo tempo em que iniciava a análise com Lacan, decidiu cursar Psicologia na Universidade de Paris VIII (Vincennes) – única universidade do mundo até hoje a ter um departamento de Psicanálise.

No entanto, mesmo decidindo iniciar o curso de Psicologia, Haddad não deixou de trabalhar como engenheiro agrônomo – era de onde tirava seu sustento. Aproveitando que sábado era seu dia de folga, se inscreveu em duas disciplinas nesse dia da semana.

Pra quê… Foi só falar para Lacan da sua nova empreitada que as coisas começariam a mudar.

Haddad fazia análise durante toda a semana, com exceção dos sábados e domingos. Assim, ao acabar uma sessão de sexta-feira, já ia se despedindo de Lacan com o costumeiro “Até segunda” quando o cabeça branca francês lhe interrompe dizendo que queria que ele viesse no dia seguinte, sábado – justo o dia das aulas de Psicologia!

Haddad lhe recordou das aulas, ao que Lacan perguntou: “A que horas começa?”. “Às nove”, disse Haddad. “Muito bem. Venha às oito horas. Vou atendê-lo imediatamente. Você terá em seguida tempo suficiente para ir a Vincennes”. O “imediatamente” de Lacan acabou se transformando num atraso e numa sessão excepcionalmente longa (as sessões de Haddad às vezes duravam segundos) que fizeram com que Haddad chegasse com quase uma hora de atraso na Universidade.

Isso passou a se repetir todos os sábados, até que Haddad ficara sabendo que mesmo chegando atrasado em todas as aulas e não fazendo esforço algum, conseguira passar nas duas disciplinas (Bem se vê que as coisas por lá não são diferentes do Brasil). Isso acabou deixando Haddad com nojo de Psicologia, o que o precipitou a desistir do curso.

Após contar sua decisão para Lacan, numa sexta-feira à noite, tendo em mente a sessão no dia seguinte, já ia se despedindo de Lacan com um “Até amanhã”, quando…

“Não”, disse Lacan com um sorriso diabólico, “até segunda…”.

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A mulher que batia no analista

junginhisofficeA anedota a seguir consta da autobiografia do Jung.

O velho sábio suíço conta que no início de sua carreira como psiquiatra, certo dia apareceu em seu consultório uma senhora da alta nobreza que tinha o insólito costume de dar bofetadas em seus empregados.

Como a tal mulher considerava como empregado qualquer pessoa que lhe prestasse algum serviço profissional, os médicos que lhe atendiam também eram vítimas dos tapas na cara.

Eis que essa senhora passou a sofrer de neurose obsessiva e para o tratamento fora internada numa clínica. Não deu outra: dá-lhe tapa na cara do médico que a atendeu. Diante disso, o médico resolveu encaminhá-la para outro colega. Mesma coisa: mais um médico esbofeteado. E a sequência continuaria até o último médico suiço se não fosse pela brilhante idéia do segundo médico de encaminhar a paciente para seu troncudo colega Jung.

Quando Jung viu a mulher pela primeira vez, ele pôde entender porque ninguém revidava os tapas na cara. A senhora era imponente e tinha mais de 1 metro e 80 de altura. No início da sessão tudo corria bem, até o momento em que Jung teve que dizer a ela algo desagradável. A mulher, então, furiosa, se levantou e ameaçou começar a surra.

Jung não se fez de rogado e de imediato também se levantou dizendo: “Pois bem, a senhora é mulher, pode bater primeiro. Ladies first! Depois será a minha vez!” Acreditem: a mulher sentou-se novamente no sofá, abatida e lamentando disse: “Ninguém ainda me falou assim…”

Cá pra nós, será que ela era obsessiva mesmo?