Pessoas controladoras: o que a Psicanálise diz sobre elas

O simples desejo de ter controle sobre a própria vida não é patológico.

A maturidade exige que tomemos as rédeas do nosso caminhar mesmo sabendo que o Real e o Inconsciente existem e que, portanto, esse controle será sempre limitado.

No entanto, existem sujeitos que são excessivamente controladores.

Eles não suportam (a não ser muito de vez em quando) estar na dependência de outras pessoas ou do mundo de forma geral.

Por isso, tendem a acumular muitas tarefas e, por consequência, a se sentirem sobrecarregadas.

Afinal, estão sempre fugindo da angústia que experimentam quando eventualmente precisam colocar atividades nas mãos de outras pessoas.

Outro traço bastante característico das pessoas controladoras é a dificuldade de lidar com a autonomia do outro, especialmente daqueles com os quais o sujeito mantém algum vínculo, como filhos, pais, amigos, namorados ou cônjuges.

O controlador sofre muito quando a realidade lhe obriga a reconhecer que o outro… é o outro, isto é, que sua esposa, por exemplo, tem individualidade e que, portanto, não necessariamente irá se comportar da forma como ele gostaria.

Do ponto de vista psicanalítico, podemos apontar duas possíveis gêneses para esse padrão controlador, as quais geralmente se complementam:

(1) A busca excessiva de controle pode ser uma forma inibida de expressão de impulsos sádicos, os quais aparecem naturalmente em todos nós na infância, mas que podem se manifestar com mais força e intensidade em algumas pessoas. Originalmente, o sadismo designa a obtenção de prazer por meio da agressão, dominação e humilhação do outro. Contudo, ao ser inibido por considerações de natureza moral e social, pode acabar se expressando em algumas pessoas como um desejo disperso de controle de tudo.

(2) A tendência controladora também pode ser uma forma de defesa que o sujeito desenvolveu desde a infância para lidar com determinados traumas causados por negligência familiar, perda precoce dos pais, abusos físicos e/ou sexuais etc. Nesse caso, o indivíduo passa a buscar excessivamente o controle porque isso lhe dá a ilusão de que, agindo assim, conseguirá se proteger contra a ocorrência de outros traumas.


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