Eu sei que é um clichê, mas é sempre bom lembrar: todo excesso faz mal. Inclusive, o excesso de independência. Infelizmente, Mônica precisou de um burnout para perceber isso…
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Eu sei que é um clichê, mas é sempre bom lembrar: todo excesso faz mal.
Inclusive, o excesso de independência.
Há pessoas que não conseguem enfrentar a vida sem estarem vinculadas a determinados outros, ou seja, elas DEPENDEM emocionalmente de outras pessoas.
Há sujeitos, no entanto, que se encontram no pólo diametralmente oposto ao da dependência emocional.
No caso deles, a vida se torna insuportável justamente quando precisam depender de outra pessoa.
Mônica é assim. Ela procurou terapia após ter recebido de uma psiquiatra o diagnóstico de Síndrome de Burnout.
A jovem médica conta que, certa noite, no meio de um plantão, experimentou um mal-estar súbito, foi para a sala de repouso e teve uma crise de choro que durou quase meia hora.
Todos os médicos com quem Mônica trabalhava no hospital tinham uma opinião unânime a seu respeito: ela nunca pedia ajuda.
Por mais desafiador que fosse o procedimento a ser realizado, a jovem sempre tentava resolver tudo sozinha.
Ela até não recusava o auxílio da equipe de enfermagem ou de algum colega médico, mas jamais solicitava apoio explicitamente.
A exaustão era inevitável.
Conscientemente, Mônica simplesmente dizia que “não gostava” de ficar “incomodando” as pessoas e “ficar esperando” ajuda.
No Inconsciente, todavia, o que a médica tinha era um MEDO enorme da posição de dependência.
Pudera! Infelizmente, os pais de Mônica eram muito imaturos e não deram conta de oferecer à filha os cuidados básicos necessários para que ela se sentisse segura ao lado deles.
Para se proteger da angústia que vivenciava na inevitável relação de DEPENDÊNCIA que tinha com os genitores, a jovem muito PRECOCEMENTE passou a se esforçar para se tornar INDEPENDENTE deles.
Ela foi a clássica criança que “não dá trabalho”, que não faz pirraça…
Essa atitude ARTIFICIAL, forjada como defesa contra o medo de DEPENDER dos pais, acabou sendo reforçada pelos constantes elogios que Mônica recebia.
E, assim, o medo de depender dos pais fez com que essa médica se tornasse avessa a QUALQUER relação de dependência…
O problema é que não dá para viver assim, né?
Infelizmente, Mônica precisou de um burnout para perceber isso…
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Como hoje se comemora a independência da nação brasileira, creio ser oportuno falar sobre como a Psicanálise aborda a questão da independência individual.
Para Winnicott, podemos categorizar as fases do desenvolvimento humano em três grandes estágios: (1) a dependência absoluta, (2) a dependência relativa e (3) rumo à independência (toward independence).
No estágio de dependência absoluta, o bebê depende tão integralmente da mãe que sequer percebe que está sob os cuidados dela.
Nessa fase, as necessidades da criança são satisfeitas de forma tão oportuna que ela nem se dá conta de que há alguém lhe sustentando.
Já no estágio de dependência relativa a criança percebe que está sob os cuidados da mãe. E isso é possível porque, agora, a mãe não satisfaz as necessidades do bebê de modo sempre oportuno.
Assim, a criança “descobre” que a satisfação de suas necessidades sempre dependeu de outra pessoa.
Por outro lado, o bebê começa a desenvolver a sua capacidade de compreensão intelectual da realidade, o que lhe permite não só viver o que acontece consigo, mas SUBJETIVAR essas vivências.
A terceira e última fase é aquela na qual entramos ainda na infância por volta dos 3 ou 4 anos e permanecemos até o fim da vida.
De fato, a partir daquela idade vamos nos tornando cada vez menos dependentes dos cuidados do outro. Pense, por exemplo, na conquista de independência que a criança obtém quando consegue ir ao banheiro sozinha.
No entanto, essa independência permanecerá sendo sempre RELATIVA.É por isso que Winnicott não chama esse terceiro e definitivo estágio apenas de “Independência”, mas de “RUMO À INDEPENDÊNCIA”, indicando, assim, que se trata de um processo sempre inacabado.
Em outras palavras, sempre dependeremos dos outros em alguma medida. Pense, por exemplo, na dependência que temos, para nos alimentarmos, do trabalho de agricultores e caminhoneiros.
A vida adulta em comunidade é necessariamente um misto de dependência e independência.
Nas palavras do próprio Winnicott:
“A independência nunca é absoluta. O indivíduo normal não se torna isolado, mas se torna relacionado ao ambiente de um modo que se pode dizer serem o indivíduo e o ambiente interdependentes.”
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