Como você reage quando é atacado?

Como você normalmente reage quando alguém o ofende?

Imediatamente começa a se defender?

Há algumas pessoas que funcionam dessa forma. O interlocutor mal termina de enunciar seus insultos e o sujeito ofendido já inicia raivosamente o seu contra-ataque.

Parece haver nesses indivíduos uma espécie de prontidão para a autodefesa, tamanha a rapidez e tenacidade com que reagem a agressões.

Nem todo o mundo é assim.

Há pessoas que ficam completamente atônitas quando são ofendidas, de modo que não conseguem emitir quase nenhuma palavra no momento.

Há também aquelas que, ao invés de se defenderem, começam a chorar, sentindo pena de si mesmas e descarregando sobre si o ódio que não conseguem dirigir ao agressor.

E não podemos deixar de mencionar aqueles que dão conta de conter a raiva gerada pela ofensa e aguardar o momento apropriado para responder aos ataques com assertividade.

Essa variabilidade na maneira como reagimos a ofensas evidencia a existência de PREDISPOSIÇÕES PSÍQUICAS.

Trata-se de tendências que se formam em nós em função da nossa história e que nos tornam propensos a reagir de determinada maneira frente a certas situações.

A pessoa que responde de modo raivoso e imediato a qualquer tipo de ataque provavelmente passou por experiências, sobretudo na infância, que a tornaram inclinada a esse tipo de reação.

Como diz o ditado, gato escaldado tem medo de água fria.

Da mesma forma, indivíduos que se sentiram consistentemente ofendidos e injustiçados quando crianças, tendem a encarar o mundo como um lugar hostil e ameaçador.

Assim, não se surpreendem quando sofrem agressões na vida adulta. Pelo contrário! Eles já ESPERAM tais ataques — armados até os dentes!

Aqueles pusilânimes que se calam ou choram diante de ofensas também podem vir de uma infância marcada por opressões e injustiças.

No entanto, diferentemente do que aconteceu no primeiro caso, não aprenderam a se armar. É provável que o ambiente em que foram criados não lhes permitia a expressão da revolta.

Você consegue identificar a sua predisposição e entender como ela se formou em função da sua história?


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[Vídeo] Quanto mais repressão, mais culpa

Esta é uma pequena fatia da aula especial “POR QUE ALGUMAS PESSOAS TÊM UM SUPEREGO TÃO FEROZ?”, já disponível para quem está na CONFRARIA ANALÍTICA.


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Aírton, a pornografia e a repressão da agressividade

Às quinze horas em ponto, a psicóloga Letícia iniciou a chamada de vídeo com Aírton, seu novo paciente.

Assim que o atendimento começou, o rapaz já foi logo pedindo desculpas antecipadas à terapeuta por eventuais falhas na comunicação entre eles por conta de sua conexão de internet.

Num tom apaziguador, a psicóloga disse que problemas desse tipo são comuns e que ele não precisava se sentir culpado por eles. Em seguida, perguntou o motivo que o levou a procurar ajuda.

— Eu tenho até vergonha de falar, doutora, mas vamos lá: o meu problema é a pornografia. Eu te procurei porque eu preciso parar com esse negócio e não tô conseguindo.

— Hum… Continue — pediu a terapeuta.

— Eu nem acho que sou viciado. Se eu entro três ou quatro vezes num mês é muito. O problema é que eu me sinto um bosta quando faço isso.

— Bosta? Como assim?

— É… Me acho um fracassado. Depois que eu termino de me masturbar, fico com tanto nojo de mim mesmo que sinto uma necessidade incontrolável de tomar banho.

— Então, o problema não é exatamente a pornografia, mas o que você sente depois que consome esse tipo de conteúdo, né?

— É… Pode ser… Mas o pior é que eu tenho namorada, doutora. Quando eu penso nela, minha consciência pesa mais ainda.

— Como é a relação entre vocês?

— Agora tá muito boa, mas no ano passado a gente quase terminou. Eu descobri que ela me traiu. Porém, como ela insistiu e eu gosto muito dela, decidi que valia a pena perdoar.

— E como é que você ficou quando descobriu a traição?

— Ah, eu me senti um bosta, né? Um fracassado.

— Hum… “bosta”, “fracassado”… o mesmo que você sente quando consome pornografia, né?

Ao longo da sessão, foi ficando evidente para Letícia que Aírton nutria um forte desejo de vingança latente contra a namorada.

Todavia, o paciente ainda não era capaz de sequer vislumbrar esse desejo.

Afinal, aprendeu desde criança a reprimir sua agressividade e a descarregá-la… sobre si mesmo por meio da autopunição.

Ainda hoje, quem está na CONFRARIA ANALÍTICA, receberá uma AULA ESPECIAL em que eu comento alguns trechos da obra de Freud que explicam como se dá esse processo que vai dá repressão da agressividade ao excesso de culpa e autocondenação.


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[Vídeo] Entenda (com exemplo) o que é a formação reativa

Neste vídeo o psicanalista Lucas Nápoli explica o conceito psicanalítico de formação reativa utilizando o exemplo de Magali, uma jovem de 19 que repentinamente começou a ter um medo enorme de sua mãe morrer.


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[Vídeo] Para onde vão seus impulsos sádicos e masoquistas?

Freud propôs que impulsos de natureza sádica, ou seja, impulsos de dominação, e impulsos de caráter masoquista, isto é, impulsos de se fazer dominar, fossem considerados componentes naturais e espontâneos da nossa sexualidade e que, portanto, estariam presentes em todas as pessoas, não só nos sádicos e masoquistas.


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Magali e a mãe: o cuidado exagerado como defesa contra o ódio

Formação reativa é um mecanismo de defesa.

Ela consiste no desenvolvimento exagerado de uma atitude que é diametralmente oposta ao conteúdo psíquico ameaçador do qual a pessoa está se defendendo.

Vou te dar um exemplo:

Magali, uma jovem de 19 anos, recebeu uma educação extremamente rígida e moralista.

Isso a levou a encarar seus impulsos agressivos naturais como elementos perigosos e que, portanto, não poderiam ser expressos.

Na adolescência, a jovem atravessou um período de bastante turbulência na relação com a mãe.

A genitora era bastante controladora e frequentemente impedia a filha de sair com seus amigos alegando que não seriam boas companhias.

Essa postura da mãe deixava Magali bastante tensa.

Em várias ocasiões precisaram levar a jovem no Pronto-socorro devido a intensas crises de ansiedade.

Como fora incentivada desde muito cedo a não permitir a expressão de sua agressividade, Magali não conseguia sentir a raiva natural que a rigidez da mãe lhe provocava.

Em vez disso, se sentia ameaçada quando o ódio teimava em aparecer e, por essa razão, experimentava angústia ao invés de cólera.

Com o passar do tempo, as crises de ansiedade foram se tornando mais raras, mas Magali passou a ter outro problema: um medo absurdo de que a mãe pudesse morrer.

Por conta desse temor aparentemente inexplicável, a jovem começou a se preocupar exageradamente com a saúde da genitora, perguntando a todo o momento se ela estava em dia com seus exames.

Certa vez, quando a mãe precisou pegar a estrada para um compromisso profissional, Magali passou dias tentando convencê-la a não fazer a viagem por conta do risco de um eventual acidente.

Acho que você já entendeu, né?

A preocupação excessiva que a jovem passou a ter com a vida da mãe foi uma formação reativa que ela desenvolveu para se proteger dos impulsos agressivos que sentia em relação à genitora.

Em outras palavras, como não se permitia vivenciar o ódio pela mãe, Magali forjou inconscientemente uma atitude oposta: um cuidado exagerado com a saúde dela.

E você? Consegue perceber se faz ou já fez uso desse mecanismo de defesa?


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[Vídeo] Como você lida com sua agressividade?

Para ser vivenciada de forma saudável, ou seja, não-violenta, a agressividade precisa estar integrada ao conjunto da personalidade. Quando isso não acontece, ela é experimentada como uma força estranha, incontrolável.


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Você tem medo da sua agressividade?

Todos nós somos naturalmente dotados de impulsos agressivos.

Por um lado, eles nos ajudam no processo de defesa contra a agressão alheia.

Por outro, proporcionam uma satisfação intrínseca ao serem expressos.

Para ser vivenciada de forma saudável, ou seja, não-violenta, a agressividade precisa estar integrada ao conjunto da personalidade.

Isso significa que o indivíduo precisa encarar seus impulsos agressivos como RECURSOS PESSOAIS dos quais pode usufruir quando precisa.

Quando a agressividade não está integrada, ela é vivenciada como uma força estranha, incontrolável, que invade o sujeito de vez em quando (ou de vez em sempre…).

Pessoas que estão nessa situação frequentemente encaram seus impulsos agressivos como perigosos e, assim, tentam se proteger deles.

O indivíduo tem a impressão de que em seu interior habita um monstro raivoso que precisa ser permanentemente controlado e reprimido.

Por essa razão, a pessoa se torna extremamente passiva e submissa na relação com outros.

Com efeito, ela precisa estar sempre evitando conflitos, botando panos quentes e se sujeitando ao desejo alheio para não se sentir tentada a cutucar o “monstro interior”.

Quando está integrada ao conjunto da personalidade, a agressividade não é vista como algo ameaçador, mas como um elemento utilitário e enriquecedor.

Elemento que ajuda o sujeito se posicionar, se expressar assertivamente e afirmar seus interesses frente à realidade.

A integração dos impulsos agressivos é um processo que normalmente acontece nos primeiros anos de vida e depende fundamentalmente do ambiente no qual o indivíduo está crescendo.

Crianças que convivem desde muito cedo com pais violentos, por exemplo, podem ser levadas a encarar a agressividade como uma realidade ameaçadora e perigosa.

Elas começam temendo a violência que percebem à sua volta e acabam desenvolvendo um medo dos seus próprios impulsos agressivos que, como eu disse acima, são NATURAIS.

A agressividade temida e não integrada normalmente é mantida em estado de repressão durante a maior parte do tempo, mas, eventualmente, pode se manifestar de forma abrupta, descontrolada e violenta.


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[Vídeo] “NÃO CONSIGO ME PERDOAR”: psicanalista explica de onde vem a culpa crônica

Neste vídeo: entenda como os ataques do superego e a repressão da agressividade estão na gênese da dificuldade que algumas pessoas possuem de se perdoarem.


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Sobre pessoas que não conseguem se perdoar

Experimentamos o sentimento de culpa quando fazemos (ou desejamos fazer) um coisa que nós mesmos consideramos inadequada e que acreditamos poder eventualmente causar dano a pessoas que amamos.

Muitas vezes, a culpa ocorre pontualmente e acaba desaparecendo naturalmente, sobretudo em função de um ato de perdão:

Num belo dia você trata o seu namorado de uma forma rude; alguns minutos depois, sente-se mal, pede desculpas, o mancebo te perdoa e a culpa vai aos poucos se esvaindo.

Por outro lado, há algumas pessoas que padecem de uma culpa crônica, que simplesmente não passa — mesmo com o perdão do outro.

Tais indivíduos costumam dizer que são eles mesmos que não conseguem SE PERDOAR.

E é essa afirmação que pode nos servir de ponto de partida para compreender o que está em jogo nesses casos.

Quando o sujeito diz que não consegue se perdoar, ele está revelando a existência de uma divisão em sua personalidade: de um lado, a parte que cometeu o ato inadequado e, do outro, a parte que olha para a primeira e diz: “Isso é imperdoável”.

Freud chamou essa segunda parte de “superego”. Com efeito, ela olha para o eu (ego), a primeira parte, de cima (super, em latim), julgando-a como um pai severo e intolerante.

Nosso superego está sempre monitorando e avaliando nossos atos e pensamentos, exercendo um papel parecido com o que nossos pais desempenhavam conosco na infância.

Todavia, nem todo o mundo tem um superego tão cruel e inflexível quanto o das pessoas que se sentem o tempo todo culpadas.

Para que isso aconteça, é preciso que o sujeito tenha sido levado a reprimir seus impulsos agressivos.

Não por acaso, pessoas que padecem de culpa crônica costumam ser exageradamente pacíficas — e passivas — , indivíduos que são incapazes “de fazer mal a uma mosca”.

Com efeito, essa agressividade patologicamente tolhida não desaparece. Ela permanece guardada, como uma bomba, no interior do psiquismo e, para ser saciada, acaba tomando o próprio Eu do sujeito como objeto.

Os ataques contínuos e ferozes do superego, que resultam na culpa crônica, servem justamente a esse propósito: satisfazer os impulsos agressivos dos quais o sujeito não foi autorizado a se apropriar.


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[Vídeo] Os perigos de reprimir a agressividade

O psicanalista inglês Donald Winnicott nos ensina que, na origem, a agressividade nada mais é do que uma das expressões do nosso impulso natural de viver e buscar manter-se vivo. No entanto, muitas pessoas encaram negativamente esse movimento emocional espontâneo e acabam reprimindo sua agressividade como se ela fosse necessariamente violenta. Neste vídeo, explico os graves prejuízos que tal atitude ocasiona para a saúde mental e as relações interpessoais.


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Agressividade não é violência. É vida!

Freud descobriu que todos nós temos impulsos sádicos, isto é, aquele tesãozinho natural pelo controle e pelo domínio.

Tem gente que tem mais, tem gente que tem menos.

Ele pode estar reprimido, sublimado ou visivelmente manifesto, mas o fato é que está presente em todo o mundo.

Sadismo, no entanto, não é o mesmo que agressividade.

E o autor que nos ajuda a entender melhor essa diferença é o psicanalista inglês Donald Winnicott.

Do ponto de vista winnicottiano, a agressividade diz respeito simplesmente à força espontânea, intensa e impetuosa da nossa pulsão… de vida!

Nesse sentido, um bebê que suga com avidez e voracidade o seio materno está expressando sua agressividade.

Mas isso não tem nada a ver com domínio, controle e muito menos com o desejo de machucar.

Da mesma forma, existe agressividade no choro estridente de uma criança que acorda os pais no meio da noite, ansiando por ser amamentada.

Agressividade é vida!

A gente tende a associá-la a violência porque nossa cultura tradicionalmente lida muito mal com esse aspecto agressivo do nosso ser.

Desde muito precocemente somos estimulados a obedecer, a ficarmos quietos, a nos adaptarmos, a engolirmos o choro.

Em outras palavras, nossa cultura sádica instiga seus membros a sufocarem sua agressividade a fim de se encaixarem passivamente em padrões externos, para viverem um estado de paz sem voz, como dizia O Rappa.

O resultado é óbvio: a agressividade reprimida retorna na forma de violência.

Falamos bastante sobre isso ontem na aula da Confraria Analítica.

Quem não conhece aquela pessoa exageradamente pacífica, que aparentemente seria incapaz de fazer mal a uma mosca, que está sempre fugindo de conflitos, mas que, num estado de crise, explode e se torna extremamente violenta?

É isso o que acontece com um indivíduo que se viu obrigado a esconder de si mesmo a própria agressividade para poder existir bovinamente nos pastos do grande Outro.

A agressividade que não é vivida de forma integrada na existência, pode ressurgir abruptamente de forma dissociada.

Nas palavras do próprio Winnicott:

“Sem a possibilidade de brincar sem compaixão, a criança terá que esconder o seu eu impiedoso e dar-lhe vida apenas em estados dissociados.”


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A gente faz Psicanálise para anistiar os pedaços exilados da alma

Se alguém me perguntasse qual é o principal objetivo a ser alcançado com uma terapia psicanalítica, eu diria:

— Ajudar o paciente a ser uma pessoa menos DESPEDAÇADA.

Explico:

O amor apaixonado que temos pelo nosso Eu, os ditames do Outro e determinadas vicissitudes da existência levam a gente se fragmentar.

Expulsamos de nossa consciência aspectos riquíssimos do nosso ser simplesmente porque julgamos que não são compatíveis com nosso Eu limpinho ou porque a vida nos fez acreditar que eram perigosos.

Veja, por exemplo, aquela mocinha que sofre de ansiedade generalizada.

Ela não faz ideia de que seu constante estado de tensão e o excesso de preocupações que perturbam sua alma só existem porque ela está des-pe-da-ça-da.

De repente, a identificação com um pai excessivamente pacífico a fez acreditar que deveria manter seus impulsos agressivos e sádicos o mais distante possível do próprio Eu.

Resultado: a agressividade que poderia estar sendo vivida de forma natural, sob controle, como parte dela, tornou-se ESTRANGEIRA para essa pobre jovem.

É por isso que ela está o tempo todo ansiosa.

Não tem nada a ver com o que acontece do lado de fora.

O que ela verdadeiramente teme é esse pedaço agressivo de si mesma que, por ter sido exilado, passou a PERSEGUI-LA do lado de dentro.

Se essa moça decide fazer Psicanálise, o que será buscado?

Ora, ela e o analista se esforçarão juntos para tornar o Eu dela mais permeável aos impulsos agressivos e sádicos a fim de que ela passe a encará-los como parte legítima de sua personalidade.

Dessa forma, ela deixará de se sentir ameaçada pela própria agressividade e não precisará se defender com a ansiedade generalizada.

De fato, nossos sintomas, inibições e ansiedades evidenciam os despedaçamentos que estão presentes na alma.

A Psicanálise é, portanto, uma fomentadora de integração.

Você sente que há partes de você que precisam ser reintegradas?


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Batatinha frita 1, 2, 3: o sadismo nosso de cada dia

Na clássica obra “O mal-estar na civilização”, Freud propõe a tese de que a sociedade humana, para sobreviver, exige dos indivíduos a supressão de parte da satisfação de seus impulsos.

Em outras palavras, só podemos viver em sociedade se estivermos dispostos a abrir mão do “direito natural” de fazer tudo o que quisermos.

Por outro lado, Freud também nos ensinou a perceber que aquilo que é suprimido num primeiro momento inevitavelmente reaparece em outro com novas roupagens.

Assim, a parcela de satisfação pulsional à qual renunciamos para viver em sociedade retornaria na forma do mal-estar inerente à vida em comunidade.

A palavra em alemão que Freud utiliza e que costuma ser traduzida por “mal-estar” é Unbehagen, que também pode ser traduzida por “desconforto”.

Trata-se de uma espécie de tensão psíquica básica que funciona como um lembrete das possibilidades de satisfação que a gente decidiu suspender para viver em sociedade.

Por outro lado, estamos sempre buscando formas socialmente aceitas de satisfazer nossos impulsos a fim de mitigar um pouco esse mal-estar.

De fato, a vida civilizada seria absolutamente insuportável se não houvesse “válvulas de escape” para compensar o sacrifício pulsional que cada indivíduo faz.

A cultura do cancelamento, a chamada polarização política e os programas de TV policiais são exemplos contemporâneos dessas válvulas de escape.

Por trás do linchamento virtual a famosos, feitos em nome da moral e dos bons costumes politicamente corretos, o que existe de fato são indivíduos aproveitando a oportunidade para descarregarem seu sadismo reprimido.

Por trás das aparentemente nobres e desinteressadas discussões sobre democracia, distribuição de renda e liberdades individuais temos tão-somente o bom e velho tesão de brigar, que a duras penas aprendemos a suprimir.

E os programas policiais, por sua vez, nada mais são do que veículos socialmente aceitos de satisfação de nossos desejos de vingança e de nosso apetite natural pela violência.

Sim, é também esse gosto por ver o circo pegar fogo (e o palhaço se f****) que nos anima a assistir com júbilo uma série como “Round 6” em que pessoas participam de um jogo estúpido apostando a própria vida.


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Ansiedade e depressão: quando a gente nega a vida

O psicanalista Karl Abraham, contemporâneo de Freud, escreveu o seguinte, em 1911, no artigo “Notas sobre a investigação e tratamento psicanalíticos da insanidade maníaco-depressiva e condições relacionadas”:

“Todo estado neurótico de depressão, assim como todo estado neurótico de ansiedade, com o qual se encontra intimamente relacionado, contém uma tendência para negar a vida”.

Esse é o arremate final de uma breve meditação que Abraham faz sobre a gênese da ansiedade neurótica e da depressão.

Ao tratar da primeira, ele recorre à tese original que Freud propôs para explicar os estados ansiosos de caráter patológico:

A tese de que a ansiedade neurótica seria resultante de uma repressão dos impulsos.

A experiência clínica do pai da Psicanálise mostrou a ele que, ao erguerem dentro de si rígidas barreiras contra os próprios impulsos, os neuróticos passam a encará-los como ameaçadores e perigosos e, desta forma, se sentem ansiosos.

Podemos dizer, então, que um estado neurótico de ansiedade brota de uma defesa contra a própria espontaneidade e, portanto, contra a vida.

Quanto à depressão, Abraham propõe uma tese inspirada nas ideias de Freud sobre a melancolia:

Uma pessoa se deprime quando, ao invés de reprimir seus impulsos, simplesmente desiste de tentar satisfazê-los.

Devido a uma dificuldade particular de reconhecer a presença do ódio e da agressividade dentro de si, o deprimido não se sente amado, por um lado e, por outro, se sente incapaz de amar.

Projetando sua agressividade no outro, ele se sente alvo da hostilidade alheia.

Ao mesmo tempo, com medo de acabar expressando seu ódio na relação com o outro, o deprimido tira o seu time de campo e desiste de amar.

Vemos que tanto na ansiedade neurótica quanto na depressão, o resultado, como diz Abraham, é uma negação da vida em toda a sua pulsação e intensidade.

O ansioso nega a vida estabelecendo uma ditadura moralista no interior de si mesmo.

O deprimido nega a vida desistindo de entrar em campo pelo medo de se machucar e de fazer falta no adversário.


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