Tá na ponta da língua, mas não consigo lembrar de jeito nenhum: Freud explica

Em setembro de 1898, Freud estava passando suas férias de verão na cidade de Ragusa, na costa do Mar Adriático, e resolveu pegar um trem para uma cidadezinha próxima.

Durante o trajeto, Freud ficou batendo papo com um advogado alemão que estava ao seu lado no vagão.

Como o lugar para onde estavam indo ficava na Herzegovina, os dois senhores ficaram conversando sobre as características do povo turco que vivia naquela região.

Freud compartilhou com o companheiro de viagem uma curiosidade que lhe fora contada por um colega que havia trabalhado por muitos anos naquele território.

Segundo esse médico, diante da morte, os turcos não se desesperam, mas adotam uma postura de estoica resignação.

O colega de Freud também havia lhe contado outra coisa interessante: que o povo turco dá muito valor aos prazeres sexuais…

No entanto, nosso herói preferiu não compartilhar essa informação com o advogado por considerá-la meio inadequada para uma conversa com um estranho.

Papo vai, papo vem, os dois senhores mudaram de assunto e começaram a falar sobre a Itália e a beleza de suas pinturas.

Freud, então, se lembrou do dia em que esteve na Catedral de Orvieto, um magnífico templo construído entre os séculos XIII e XIV, em cujo interior encontram-se várias pinturas de grandes artistas italianos.

Empolgado, o médico recomendou enfaticamente ao advogado que visitasse a igreja, sobretudo para apreciar os afrescos do fim do mundo, pintados por… por…

Freud simplesmente não conseguia se lembrar do nome do bendito artista cujas obras visualizava na memória com extrema nitidez.

O pintor em questão era Luca SIGNORELLI (como lhe disseram alguns dias depois), mas os únicos nomes que vinham à mente de Freud durante a conversa com o advogado eram os de BOTTICELLI e BOLTRAFFIO.

Por que nosso herói só conseguia se lembrar desses outros dois artistas?

Como ele pôde esquecer durante DIAS do nome de um pintor que tanto estimava?

O que essa história toda ensinou a Freud sobre o Inconsciente e o funcionamento da memória?

Essas são algumas das perguntas que responderemos na AULA ESPECIAL AO VIVO de hoje na CONFRARIA ANALÍTICA, a partir das 16h30.

Te vejo lá!


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Não dá para ver o Inconsciente a olho nu: a importância do olhar simbólico para a Psicanálise

Ontem eu conversava com os alunos da Confraria Analítica sobre como a prática da Psicanálise exige o exercício de um olhar SIMBÓLICO sobre a realidade.

É por isso que eu sempre recomendo “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”, de Freud, como primeira leitura para quem deseja iniciar um percurso no campo psicanalítico.

Com efeito, nessa obra o leitor encontrará uma coleção imensa de relatos de pequenos erros e comportamentos aparentemente insignificantes interpretados simbolicamente por Freud.

Quem lê “A Psicopatologia da Vida Cotidiana” vai pouco a pouco se acostumando a encarar um simples esquecimento de nome, por exemplo, como um discurso eloquente.

Sim! Nesse livro, Freud nos convida a olhar para lapsos, equívocos e pequenos atos do dia a dia não só como eles se apresentam, mas enxergando o que eles REPRESENTAM.

É isso o que eu chamo de OLHAR SIMBÓLICO, que penso ser indispensável para quem quer exercer a Psicanálise na prática ou mesmo apenas estudá-la teoricamente.

É somente por meio da aplicação desse olhar simbólico que podemos enxergar no esquecimento da chave de casa, por exemplo, o desejo de não voltar para ela.

Só olhar simbólico também nos permite olhar para os sintomas de nossos pacientes e enxergá-los não só como problemas, mas fundamentalmente como MENSAGENS.

Quem não cultiva esse olhar julga as interpretações psicanalíticas como exageradas ou forçadas. De fato, não consegue ver para-além do imediato.

O olhar simbólico é justamente o que torna um analista apto a observar o Inconsciente em ação. Afinal, é próprio do Inconsciente não se mostrar de maneira explícita.

O terapeuta que não exercita o olhar simbólico é levado a crer equivocadamente que seus pacientes estão apenas descrevendo objetivamente  a realidade.

Olhar simbolicamente para a fala do analisando habilita o analista a percebê-la como um discurso muito mais RETÓRICO do que descritivo…

Em suma, para ser psicanalista é preciso ter olhos para ver. E ouvidos para ouvir.

Você tem facilidade para aplicar esse olhar simbólico?


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Foi sem querer querendo: a explicação definitiva sobre os atos falhos

Sabe quando você esquece onde deixou a chave do carro e não consegue encontrá-la nem com reza brava?

Ou quando envia uma mensagem para uma amiga no WhatsApp e não percebe que em vez de escrever “felicidade” você acabou colocando “falsidade”?

Então! Esses são exemplos de atos falhos. Trata-se de pequenos equívocos que praticamos no dia-a-dia e que podem ser fonte de desconfortos, atrasos, constrangimentos e até… boas risadas. Quem nunca gargalhou após cometer lapsos do tipo chamar uma pessoa pelo nome de outra?

Em 2016, a apresentadora Ana Maria Braga se divertiu ao vivo em seu programa ao dizer que estava “devendo namorados” quando, na verdade, queria dizer que estava devendo “aniversários”.

Por que cometemos gafes com essas?

A explicação definitiva foi apresentada por Sigmund Freud em 1901 no livro “Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana”. Nessa obra o autor mostra, com um número gigantesco de exemplos, que os atos falhos são meios através dos quais expressamos desejos que mantemos “em segundo plano”.

Como assim, Lucas? Explico: Freud descobriu que, para vivermos de modo mais ou menos funcional e adaptado ao mundo, precisamos estar o tempo todo suprimindo ou reprimindo certos desejos. É provável, por exemplo, que Ana Maria tivesse algum desejo envolvendo namorados que não vinha conseguindo satisfazer ou que, pelo menos, durante o programa, não poderia ser satisfeito. Por conta disso, ela precisou suprimir os pensamentos relacionados ao desejo, ou seja, precisou mantê-los na mente em “stand by” ou em “segundo plano”.

Os atos falhos acontecem justamente quando pensamentos suprimidos ou reprimidos encontram uma oportunidade para se manifestarem à revelia da nossa vontade. Essa espécie de “invasão” pode ser facilitada por fatores como cansaço, distração ou pela mera semelhança entre palavras (“namorados” e “aniversários”, por exemplo, possuem várias letras em comum).

Portanto, os atos falhos são manifestações involuntárias e eventualmente distorcidas ou disfarçadas de pensamentos relacionados a desejos que suprimimos ou reprimimos.

Você se recorda de algum ato falho que tenha cometido recentemente? Qual foi sua reação a ele? Conte aí sua experiência!


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[Vídeo] Como esquecer um amor: psicanalista explica

Entenda como funciona o mecanismo do esquecimento e utilize-o a seu favor para superar definitivamente aquele amor do passado.

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[Vídeo] Recado Rápido #06 – Não se esqueça

Neste sexto recado rápido, comento uma relevante lição que a experiência psicanalítica nos forneceu, a saber: os danos que podemos provocar em nós mesmos ao tentar lidar com nossos conflitos esquecendo-os. Freud nos ensinou que, na tentativa de nos defendermos da angústia que determinados pensamentos provocam, nós tendemos a expulsá-los da consciência. O problema é que eles insistem em se fazer reconhecer e podem alcançar esse objetivo através de sintomas.