Acusar o outro pode ser uma forma de se defender da própria insegurança

Há pessoas que, devido a uma profunda fragilidade narcísica, não conseguem tolerar a experiência de se perceberem como vulneráveis.

Para se protegerem dessa percepção, tais indivíduos tendem a atacar, muitas vezes de maneira impiedosa, pessoas com quem convivem, especialmente as mais íntimas.

O objetivo inconsciente desses ataques é fazer com que a outra pessoa se sinta culpada e isso a faça proporcionar ao sujeito o que ele não dá conta de pedir diretamente.

Felipe é assim. Por conta de diversas falhas cometidas por seus pais, o rapaz não conseguiu desenvolver um nível suficientemente bom de autoconfiança.

Contudo, muito precocemente esse sujeito aprendeu a driblar sua insegurança básica por meio de uma postura artificial de força, independência e superioridade.

No relacionamento com Daniela, sua namorada, o jovem se vê constantemente exposto a gatilhos que evocam a insegurança infantil que ele nunca tratou.

Com efeito, a moça é muito bonita e vive recebendo olhares de outros homens e cantadas nas redes sociais. Ela nunca dá bola e até bloqueia os galanteadores mais “saidinhos”.

Apesar disso, a criança insegura que Felipe ainda é no Inconsciente imediatamente vem à tona quando o rapaz percebe algum olhar dirigido a sua amada.

Todavia, ao invés de demonstrar explicitamente sua vulnerabilidade e comunicar diretamente a Daniela o medo de perdê-la para algum “concorrente”, o rapaz se comporta de outra forma.

Sem sequer tomar consciência de sua insegurança, Felipe imediatamente começa a culpar a namorada, dizendo que ela provoca os olhares e cantadas com sua suposta simpatia excessiva.

Tais ataques geralmente “funcionam”.

Sempre que o jovem faz isso, Daniela se sente muito culpada e passa a se esforçar em dobro para demonstrar ao namorado que ele pode confiar nela e que NUNCA o deixará.

Assim, a insegurança de Felipe é temporariamente aplacada às custas de um intenso sentimento de culpa nutrido no coração de Daniela.

É claro que essa moça, por conta de sua história, tem uma facilidade enorme para se sentir culpada. Do contrário, já teria terminado com o rapaz.

Mas isso é assunto para outro dia…


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[Vídeo] A raiz da dificuldade de dizer não

Na maioria das vezes, a dificuldade de dizer “não” é a expressão de uma FRAGILIDADE NARCÍSICA: a pessoa não se sente suficientemente bem consigo mesma para correr o risco de ser malvista por quem lhe demanda.


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Dificuldade de dizer não: possíveis causas e manejo clínico

Você tem dificuldade de recusar convites, pedidos e sugestões?

Para muitas pessoas, o simples ato de dizer “não” para demandas alheias é um verdadeiro desafio.

Tem gente que só consegue fazer isso se tiver boas razões EXTRÍNSECAS para apresentar ao outro.

Ou seja, há pessoas que só se sentem capazes de dizer “não” quando não precisam fazer referência ao próprio desejo: “Puxa, não vai dar; tenho outro compromisso inadiável justamente nesse dia”.

De onde vem essa resistência tão grande a dizer para o outro “não quero”, “não tenho interesse”, “não estou a fim”?

A experiência mostra que o fator determinante mais imediato é o MEDO mais ou menos consciente de como seremos vistos pelo outro se recusarmos sua demanda.

Trata-se, portanto, de uma preocupação NARCÍSICA: “Que imagem essa pessoa terá de mim se eu lhe disser ‘não’?”.

De fato, todas as pessoas estão em alguma medida interessadas em serem bem vistas pelos outros.

No entanto, existem alguns indivíduos para os quais esse DESEJO de passarem uma boa imagem converte-se numa verdadeira NECESSIDADE.

Isso significa que eles não apenas buscam o feedback positivo do outro como fonte de PRAZER narcísico, mas PRECISAM dele para não se ANGUSTIAREM.

Em função de sua história de vida, tais pessoas podem ter sido levadas a interpretar o olhar negativo dos outros como um elemento extremamente PERIGOSO.

Há também aqueles sujeitos que PRECISAM do feedback positivo para não correrem o risco de SE PERCEBEREM como pessoas “ruins” — possibilidade contra a qual lutam desesperadamente.

Percebe?

Não estamos falando de um gozo desmedido por “ficar bem na fita” com o outro.

Na maioria das vezes, a dificuldade de dizer “não” é a expressão de uma FRAGILIDADE NARCÍSICA: a pessoa não se sente suficientemente bem consigo mesma para correr o risco de ser malvista por quem lhe demanda.

Nesse sentido, o tratamento desse problema não deveria ter o objetivo CASTRADOR de levar tal sujeito a renunciar ao seu SUPOSTO gozo narcísico excessivo.

Não.

A terapia deveria ter como finalidade oferecer condições para que o paciente se torne FORTE E SEGURO O BASTANTE para suportar um eventual feedback negativo sem se sentir ameaçado por ele.


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