
Em minha experiência clínica com estudantes universitários frequentemente me deparo com jovens que sofrem com o sentimento de inferioridade.
Tal sentimento costuma aparecer em função da COMPARAÇÃO feita pelo sujeito entre o seu desempenho acadêmico e a performance mais alta de certos colegas.
Em outras palavras, é como se o aluno ficasse o tempo todo dizendo para si: “Olha como eles são melhores do que eu. Sou um burro mesmo!”
Pode não parecer, mas há uma satisfação mórbida nesse tipo de pensamento…
Com efeito, quando me insulto e me menosprezo, estou fazendo uso do mesmo impulso agressivo que utilizo para insultar e agredir verbalmente outras pessoas.
Assim, a autodepreciação sempre vem carregada de um gozo masoquista que costuma ser o resultado da transformação de um impulso que originalmente era sádico.
Explico:
A tendência primária que temos ao NOS COMPARARMOS com pessoas que são melhores do que nós é a de ODIÁ-LAS.
Sim, odiá-las por terem competências que não temos, mas gostaríamos de ter. Qualquer pessoa honesta consigo mesma é capaz de admitir isso.
No fundo, gostaríamos que o colega melhor não existisse ou, pelo menos, não fosse tão bom.
Se isso acontecesse, não nos sentiríamos inferiores.
Como tal desejo não pode se realizar, os impulsos agressivos que dirigimos à pessoa invejada permanecem insatisfeitos no interior da alma.
E é aí que entra o gozo masoquista: incapazes de tirar do caminho aqueles que são melhores do que nós, passamos a depreciar A NÓS MESMOS para descarregar o ódio que, na origem, era dirigido a eles.
Em outras palavras, é como se a gente pensasse: “Já que não posso destruir esse outro que me provoca inveja, destruirei o meu próprio eu”.
É dessa transformação do sadismo em masoquismo que brotam pensamentos autodestrutivos do tipo:
“Eu não presto para nada”.
“Eu sou um m3rda”.
“Eu serei um péssimo profissional”.
Por outro lado, é preciso salientar que toda essa dinâmica emocional só aparece em função da COMPARAÇÃO.
Quando nos colocamos voluntariamente numa relação de rivalidade imaginária com o outro, o resultado é sempre esse: sadismo ou masoquismo.
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