Podemos encarar nossos propósitos como ilusões conscientes cuja finalidade, tal como a maquiagem feminina, é simplesmente tornar a existência mais bela e interessante.
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Elas querem esconder manchas, marcas, rugas; realçar os lábios, os cílios, as maçãs do rosto.
Enfim… Querem PRODUZIR uma imagem de si que lhes pareça mais bela.
Não por acaso as mulheres dizem que vão “SE PRODUZIR” ao se referirem ao ato de fazer maquiagem.
Nossos propósitos, projetos, sentidos constituem a maquiagem da vida.
O rosto que uma mulher tem diante de si no espelho depois de ter se maquiado não é o seu rosto REAL.
Trata-se de uma imagem PRODUZIDA que será desfeita ao fim da noite com creme demaquilante.
Todavia, nenhuma mulher se sente falsa ao sair de casa maquiada. Ela sabe que aquele não é o seu rosto real, mas é a face que ela DESEJA ter e mostrar ao mundo.
A ilusão CONSCIENTE de ter aquele rosto por algumas horas é suficiente para que ela se sinta bem consigo mesma.
Podemos encarar nossos propósitos também como ilusões conscientes cuja finalidade, tal como a maquiagem feminina, é simplesmente tornar a existência mais bela e interessante.
Quando algum paciente deprimido me diz que não consegue ver sentido na vida, eu lhe respondo:
“Você está vendo a existência tal como ela é. Na depressão, a gente enxerga a vida nua e crua. Ela não tem sentido mesmo.”
O problema do deprimido não é que ele não consegue mais VER sentido na vida. O que ele, de fato, perdeu é a capacidade de INVENTAR sentidos para sua existência.
Frequentemente, a gente se engana achando que um dia ENCONTRAREMOS um sentido existencial já pronto.
Na verdade, “casar-se”, “constituir família”, “ganhar dinheiro”, “ter realização profissional” etc. não são projetos inerentes à vida.
Não há nenhuma razão NATURAL que justifique a existência deles. Podemos tê-los ou não tê-los. No Real, tanto faz…
Na verdade, trata-se de propósitos que a gente INVENTA para MAQUIAR a falta real de sentido da vida.
E tá tudo bem!
Ninguém em sã consciência condenará uma mulher que se maquia por supostamente apresentar uma imagem de si que não corresponde à realidade.
Da mesma forma, podemos reconhecer que, NO REAL, a vida não tem sentido mesmo, mas saber que é muito mais belo e interessante viver COMO SE ela tivesse.
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Há cerca de três meses, Renata terminou um breve namoro com Jonas, um colega de faculdade.
Na verdade, foi o rapaz quem decidiu sair da relação depois de mandar o clássico “acho que não estou preparado para um relacionamento neste momento”.
Duas semanas depois da separação, a jovem ficou sabendo que o curso de mestrado para o qual desejava tanto se candidatar não abrirá novas vagas neste ano.
Além disso, desde que ainda estava namorando com Jonas, Renata vem tendo frequentes embates com o pai por conta do consumo excessivo de álcool feito pelo genitor.
— Tudo na minha vida está dando errado. Parece que eu nunca vou ser feliz! — é assim que a jovem resume seus últimos dias para a psicóloga que a acompanha.
Perceba que, embora os três problemas que Renata tem enfrentado nos últimos tempos sejam completamente independentes um do outro, a mente da jovem parece reuni-los num único pacote.
O fato de que tais situações estejam acontecendo mais ou menos ao mesmo tempo se trata meramente de uma coincidência.
Não existe um plano transcendental maligno destinado a prejudicar a jovem neste momento. É só a vida acontecendo. Como dizem os americanos, “shit happens”.
Mas por que será que Renata tem a nítida impressão de que está sendo vítima de uma “maldição” ou de um “complô” do destino?
Trata-se de uma defesa psíquica. Explico:
Ao associar os três problemas que está enfrentando e encará-los como um grande “pacote de maldades” que a vida jogou sobre si, a moça se protege de uma constatação MUITO MAIS DOLOROSA:
A de que a vida é imprevisível e não tem sentido em si mesma.
Jonas poderia ter decidido continuar com Renata — ou não.
A universidade poderia ter aberto novas vagas para o mestrado — ou não.
O pai da jovem poderia maneirar na bebida — ou não.
Nenhum desses desfechos era previsível ou estava sob o controle de Renata. E é dessa angustiante verdade que ela se defende imaginando-se como vítima de um destino malvado.
Ajudar o paciente a AFIRMAR a aleatoriedade e imprevisibilidade da vida e CONVIVER com o reconhecimento dessa verdade deve ser um dos objetivos de qualquer processo psicoterapêutico.
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