Você queria muito agir de outra forma, mas não consegue?

Não é uma tarefa fácil distinguir os aspectos que caracterizam uma pessoa como emocionalmente doente.

Sempre corremos o risco de contaminar nossa visão a esse respeito com determinadas convicções culturais, ideológicas e políticas.

Por outro lado, me parece que há certos traços que são indiscutivelmente psicopatológicos sob qualquer ponto de vista.

Um deles é a RIGIDEZ.

Pessoas que estão emocionalmente doentes possuem uma limitação significativa na capacidade de modificarem sua conduta em determinadas circunstâncias.

Márcio, por exemplo, um neurótico obsessivo, não consegue deixar de se sentir intimidado quando está diante de pessoas às quais atribui autoridade.

Ele não queria se comportar de forma tão submissa e amedrontada nesse contexto, mas o cara simplesmente não consegue agir de outra forma. É mais forte do que ele.

Vanessa, por sua vez, não aguenta mais perder bons relacionamentos devido ao seu excesso de ciúme e à sua atitude extremamente controladora.

A jovem sabe racionalmente que exagera nas cobranças que faz aos namorados, mas simplesmente não consegue agir de outra forma. Ela não dá conta de se conter.

Em ambos os casos, temos pessoas que se sentem PRESAS a certo modo de agir e desejam ardentemente a LIBERDADE de poderem se comportar de outra forma.

Do ponto de vista da Psicanálise, essa falta de flexibilidade funciona para tais sujeitos muito mais como um REFÚGIO do que como uma prisão. Explico:

Ao contrário do que parece à primeira vista, Márcio e Vanessa não estão se comportando de forma autodestrutiva, mas, sim, de modo “AUTOPROTETIVO”.

Sentir-se intimidado com figuras de autoridade protege Márcio de fazer contato com seus impulsos agressivos, os quais são evocados quando está diante dessas figuras.

Já Vanessa se protege do medo imaginário de ser abandonada subitamente por seu objeto de amor, vigiando e controlando neuroticamente cada passo que ele dá.

Perceba, portanto, que a rigidez é estabelecida como uma defesa que permite à pessoa evitar o confronto com elementos não integrados da sua vida psíquica.

O sujeito abre mão da liberdade em troca da segurança.

De uma falsa segurança, diga-se de passagem.


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[Vídeo] “Quero mudar meu jeito de ser”: psicanalista explica

Muitas pessoas procuram terapia porque estão insatisfeitas com o seu JEITO DE SER. Elas não estão deprimidas, tendo crises de ansiedade ou lutando contra pensamentos obsessivos. O que as faz sofrer é sua própria personalidade, ou seja, o modo como NORMALMENTE funcionam. Esse é o seu caso? Confira no vídeo como a Psicanálise trata pacientes que apresentam essa condição.


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Como tratar pacientes que querem mudar o seu jeito de ser?

Muitas pessoas procuram terapia porque estão insatisfeitas com o seu JEITO DE SER.

Elas não estão deprimidas, tendo crises de ansiedade ou lutando contra pensamentos obsessivos.

O que as faz sofrer é sua própria personalidade, ou seja, o modo como NORMALMENTE funcionam.

Fazem parte dessa categoria de pacientes aqueles que se queixam de que são muito passivos, muito fechados ou muito explosivos, por exemplo.

Tais pessoas não são capazes de dizer quando esse padrão de funcionamento começou porque têm a impressão de que sempre foram assim.

Por isso, a demanda que fazem ao terapeuta não é a de se livrarem de certos sintomas, mas a de SE TORNAREM OUTRAS PESSOAS.

No tratamento de tais pacientes, o olhar do terapeuta deve estar voltado para a relação do sujeito com as figuras parentais (ou com aqueles que as substituíram).

Por quê?

Porque o nosso jeitão típico de ser é constituído fundamentalmente por IDENTIFICAÇÕES, isto é, pela imitação INCONSCIENTE de determinadas figuras que foram objeto de nosso amor na infância — especialmente, é claro, papai e mamãe.

Chegamos ao mundo dotados de certo temperamento e determinadas propensões genéticas para certas atitudes, mas a consolidação da nossa maneira peculiar de estar no mundo (passiva, fechada ou explosiva, por exemplo) vai depender bastante das pessoas que nós “escolhemos” inconscientemente imitar.

Uma paciente que não consegue deixar de “explodir” com as pessoas com quem convive, por mais que tente se controlar, pode ter uma forte identificação com o pai que, “coincidentemente”, também era um indivíduo de pavio curto…

Nesses casos, o objetivo do tratamento deve ser ajudar o sujeito a se dar conta de suas identificações e COMPREENDER de como modo elas foram estabelecidas.

A moça do exemplo anterior pode ter inconscientemente chegado à conclusão de que a única maneira de estar próxima do pai seria tornando-se parecida com ele.

Assim, enquanto ela não elaborar essa demanda infantil pela presença paterna, a identificação com o traço explosivo do genitor precisará se manter intacta.


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