Num canto quixotesco do quarto
Ele cantava as músicas que ninguém jamais cantou
Num canto quixotesco do quarto
Ele escreveu os livros que ninguém jamais escreveu
Num canto quixotesco do quarto
Ele transformava moinhos em montanhas
E gárgulas tamanhas
Num canto quixotesco do quarto
Ele pensou no mar como caminho
Comendo azeitonas sozinho
Num canto quixotesco do quarto
Ele refez teoremas
Conquistou Iracema
Num canto quixotesco do quarto
Ele se esqueceu dos brinquedos espalhados
Matou o cão julgando-o dragão
Preferiu as flores de Alice
Num canto quixotesco do quarto
Ele não via um palmo
Mas enxergava tudo como deveria ser
Num canto quixotesco do quarto
Ele acordou a tempo de ver Dalila
Ele não pecou
Num canto quixotesco do quarto
Ele brincava de ciranda com a porta
Era Deus disfarçado
Num canto quixotesco do quarto
Ele ouvia os aplausos
Num canto quixotesco do quarto
Ele se esqueceu de sua meninice