Ele está na casa da namorada. É domingo, único dia da semana em que a sogra e o sogro se lembram que ainda são casados e que, sim, eles podem trocar a revista de fofoca e o jornal barato pelo aconchego da própria cama – nem que seja para fazer palavras-cruzadas juntos…
Enfim, o casal de namoradinhos está sozinho. Ele se mantém na mesma posição, apenas a afagar-lhe os cabelos, com medo de que os velhos tenham ido apenas buscar uma munição reforçada (no caso, uma Marie-Claire ou A Folha de São Paulo). Ela, conhecendo a estratégia do inimigo e sabendo que a retirada foi estratégica, já inicia uma massagem provocante. Ele apenas fecha os olhos e aprecia o caminhar das mãos dela, pensando: “Não há motel de luxo que substitua o sabor do perigo de uma transa na casa da namorada…”
Eis que o telefone (dele) toca.
– Alô.
– Alô. Beto?
– Fala Nogueira! Beleza?
– Tudo em cima! Vai no jogo hoje?
– Que jogo?
– Como que jogo? A final do Campeonato Tupinambense, homem! Cê tá doente?
– Putz! Tinha me esquecido! Não posso perder mais esse triunfo do 7 de setembro!
– Pois é, é melhor correr senão a gente não acha ingresso.
– Me espera aí que já tô chegando…
A namorada, compreensiva, pára a massagem, resignada. Ela sabe que ele preferirá ser massageado pelos braços e cotovelos de dezenas de homens na arquibancada de um estádio (porque dá mais emoção). Todos eles a soltarem gritos e urros que não são de orgasmo.
Tudo por mais um triunfo do 7 de setembro…