Terapeuta, este insight de Melanie Klein sobre a transferência pode transformar sua atuação clínica

Em certa sessão a paciente chega e imediatamente se põe a falar sobre a briga que teve no último fim de semana com o namorado.

Passa a sessão inteira descrevendo como o conflito começou, o que cada um disse e como ela se sentiu durante e após a peleja.

O analista escuta, faz algumas perguntas visando ajudar a paciente a ter clareza sobre como se deu a briga e suas motivações imediatas e, ao final do atendimento, apresenta uma hipótese interpretativa que vincula o começo da cizânia a frustrações que a moça experimentara na relação com a mãe, mencionadas em sessões anteriores.

Em nenhum momento passa pela cabeça do terapeuta a hipótese de que o conflito narrado pela paciente tenha sido derivado da RELAÇÃO TRANSFERENCIAL COM ELE, analista.

De fato, na Psicanálise, tradicionalmente somos levados a pensar que os fenômenos transferenciais só ocorrem nos momentos em que o paciente está com o terapeuta na sessão.

Admitimos, no máximo, que, fora do consultório, o paciente possa sonhar com o analista, mas normalmente não supomos que uma briga conjugal possa ser uma forma que o analisando encontrou de brigar simbolicamente com o terapeuta.

A teórica que trouxe à baila essa possibilidade foi Melanie Klein.

No clássico artigo “As origens da transferência”, de 1952, ela defende a tese de que a relação com o analista promove uma espécie de “invocação” de todos os elementos (não só impulsos, mas também ansiedades, defesas, conflitos) que estavam presentes nas relações com as primeiras pessoas significativas da história do paciente.

Nesse sentido, ao entrar em análise, é como se o paciente passasse a habitar um “universo paralelo” em que só existem ele e o analista como representante de seus objetos primários.

Isso significa, para Klein, que, a partir do momento em que o vínculo com o terapeuta se consolida, tudo aquilo que acontece com o paciente FORA dos atendimentos passa a estar relacionado com o que está se desenrolando DENTRO do consultório.

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