
Muitas pessoas se queixam de vão para a terapia, falam, falam, falam, identificam os significados e ganhos que obtêm com seus problemas emocionais, mas, mesmo assim, não mudam.
Essa lamentação está baseada no pressuposto equivocado de que a mudança desejada pelo paciente resulta exclusivamente de um trabalho INTELECTUAL de descobertas e entendimentos.
Que me perdoem os que se deixam iludir por tal premissa, mas pensar assim é tão insano quanto imaginar que se pode aprender a consertar um motor de carro meramente estudando como esse aparelho funciona.
É óbvio que não!
Por quê?
Porque a habilidade de consertar motores só pode ser aprendida por meio de um treinamento PRÁTICO, em que o sujeito terá a oportunidade pegar o objeto, acertar, errar e ir, aos poucos, se tornando capaz de manejá-lo com competência.
— Uai, Lucas, virou behaviorista? Você está sugerindo que o paciente, depois de ter desvendado as engrenagens simbólicas do seu adoecimento, deveria partir para a prática e enfrentar seus sintomas ativamente?
Não, não é isso que estou dizendo.
Quero apenas chamar a atenção daqueles que estão em análise para o fato de que nossos problemas emocionais possuem uma dimensão VIVENCIAL que, como tal, só pode ser transformada VIVENCIALMENTE.
O problema é que esse processo de transformação vivencial NÃO É PASSÍVEL DE REPRESENTAÇÃO, ou seja, não é um processo que a gente possa DIZER exatamente como acontece.
É possível abstraí-lo, formalizá-lo metapsicologicamente, como Freud fez na conferência “A Dissecção da Personalidade Psíquica”, ao dizer que o objetivo da terapia psicanalítica era:
“[…] fortalecer o Eu, torná-lo mais independente do Super-eu, ampliar seu âmbito de percepção e melhorar sua organização, de maneira que possa apropriar-se de novas parcelas do Id. Onde era Id, há de ser Eu.”.
No entanto, isso não é uma DESCRIÇÃO do que empiricamente precisa acontecer na análise do João, da Maria, do Lucas…
NÃO TEMOS PALAVRAS para descrever essa transformação singular.
A gente só sabe dizer que é um processo VIVENCIAL e não intelectual.
É meio como se apaixonar. Todo o mundo sabe como acontece, mas ninguém consegue dizer como se faz para acontecer…
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