A verdade não é evidente.

Vocês certamente já viram sendo publicados por aí os resultados de pesquisas sobre a frequência sequissual das pessoas.

Um estudo feito por uma empresa europeia de preservativos em 2007 “evidenciou” que o Brasil seria o segundo país do mundo onde mais se faz séquisso.

De acordo com o levantamento, em média o brasileiro tem 145 relações sequissuais por ano, o que corresponde a cerca de 2 a 3 tr4nsas por semana.

Só perderíamos para os gregos, cuja frequência média anual seria de 164 vezes.

Ficou com inveja?

Não precisa.

Deixa o tio Lucas te explicar como funcionam esses estudos que supostamente possuem rigor científico.

Eles são conduzidos de uma forma extremamente ingênua:

O pesquisador vai até o entrevistado e simplesmente pergunta a ele: “Quantas vezes o senhor faz séquisso por semana?”, supondo que a pessoa falará a verdade.

É aí que está o problema!

Você (você mesmo!) diria a verdade?

Se estivesse há mais de um ano sem ir para a cama com alguém, você responderia, com toda a sinceridade: “Nenhuma vez” ao questionamento do investigador?

O fato é que há uma probabilidade muito grande das pessoas não serem francas ao participarem desse tipo de estudo por uma razão muito simples:

Em “condições normais de temperatura e pressão”, não queremos projetar uma imagem de nós mesmos que não corresponda ao que supomos ser o desejo do Outro.

Como vivemos numa cultura que valoriza a alta frequência sequissual, é natural que desejemos ser ou, pelo menos, parecer “transud0s”.

O desejo do homem é o desejo do Outro.

Nesse sentido, precisamos ser céticos em relação ao que uma pessoa diz acerca de si mesma, principalmente quando se sente julgada (ainda que não esteja DE FATO sendo avaliada).

A verdade sobre quem somos e o que fazemos não aparece de forma explícita em nossos discursos pensados e elaborados.

Todo investigador policial sabe muito bem disso quando está interrogando um suspeito.

O que também os psicanalistas sabem quando estão escutando seus pacientes.

A verdade não se entrega de bandeja.

Como um quebra-cabeças, ela precisa ser pacientemente montada a partir dos seus fragmentos — espalhados em lugares nada óbvios.


Participe, por apenas R$49,99 por mês ou 497,00 por ano, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Entenda-se: 50 lições de um psicanalista sobre saúde mental”

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

Deixe um comentário