
Eu nunca atendi um paciente cujo adoecimento não estivesse relacionado diretamente a experiências vividas em sua infância.
As ideias que apresentarei a seguir já estavam consolidadas na teoria psicanalítica desde a época de Freud.
Eu, porém, comprovei a veracidade delas não pelos exemplos dos livros e artigos, mas em minha própria experiência de mais de 15 anos como terapeuta.
Se tem algo que a clínica me mostrou com extrema clareza, foi que nós podemos passar a vida inteira sofrendo para digerir os restos de nossa infância.
Esses restos são constituídos por conflitos psíquicos não resolvidos e marcas traumáticas não elaboradas.
No fundo, a condição de adoecimento apresentada por nossos pacientes é uma forma patológica que inventaram para tentar processar esses restos.
João vive desperdiçando energia, tempo e dinheiro para tentar superar uma angustiante dúvida que o acompanha desde criança: “Sou homem de verdade?”.
Amanda nunca aceitou o descaso do pai na infância. Assim, embora seja adulta, ainda se vê intimamente como uma criança lutando pela aprovação paterna.
Flávia tem muitos problemas com amizades e relacionamentos, pois se percebe como um mero objeto descartável desde que a mãe a abandonou aos cinco anos.
Como não é possível voltar no tempo, João, Amanda e Flávia não podem simplesmente apagar seus restos infantis.
Mas eles tentam.
O adoecimento emocional é justamente isso: uma tentativa de digerir os restos baseada na vã esperança de mudar o passado.
João quer provar para o Joãozinho que sempre foi macho.
Amanda quer fazer o papai virar fã da Amandinha.
Flávia quer que a mamãe desista de ir embora para ficar com a Flavinha.
Fazendo análise, tais pacientes terão a oportunidade de perceber que estão fazendo isso e serão confrontados com as seguintes perguntas:
Vale a pena seguir lutando contra os restos e alimentando a ilusão de que um dia deixarão de existir?
Ou é melhor aprender a conviver com eles e, quem sabe, até transformá-los em fonte de criatividade e não de sofrimento?
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