Por que algumas pessoas se culpam por tudo?

De vez em quando, na clínica, a gente se depara com pacientes que sofrem do que eu chamaria de “tendência à autoculpabilização”.

São pessoas que costumam se sentir culpadas por qualquer infortúnio que lhes aconteça, mesmo que não tenham feito absolutamente nada para provocá-los.

Trata-se de um padrão diametralmente oposto ao do vitimismo, que é a tendência a achar que a culpa dos próprios problemas é sempre do outro.

Considerando que a culpa é um afeto extremamente desagradável, é fácil compreender a motivação dos vitimistas:

Eles querem justamente evitar o desprazer de se sentirem culpados.

Mas como entender a tendência à autoculpabilização?

Se sentir culpa é tão ruim, por que será que algumas pessoas tendem a se culpar tanto? Masoquismo?

Não.

É que o sentimento de culpa vem sempre acompanhado de uma ideia falsa, mas muito satisfatória, especialmente para pessoas inseguras:

A ilusão de que elas podem ter controle sobre tudo.

Veja o caso da Taís, por exemplo.

Ela é uma dessas pessoas com propensão a se julgarem sempre culpadas.

Recentemente, a moça descobriu que o namorado a traiu com sua melhor amiga.

E a primeira coisa que lhe passou pela cabeça ao saber disso foi:

“O que será que eu fiz para que ele me traísse?”

A seguir, começou a pensar nas raras ocasiões em que tratou o rapaz com impaciência ou não quis atender a um pedido dele.

— Acho que se eu tivesse sido mais companheira, isso não teria acontecido, disse ela, aos prantos, em uma de suas sessões de análise.

Perceba como sentir-se culpada fez Taís imaginar que poderia ter evitado a traição do namorado se tivesse agido de forma diferente.

Ou seja, a culpa levou a jovem a acreditar que tinha CONTROLE sobre a situação, que o comportamento do namorado era determinado pelas ações dela.

Pensar assim lhe dá a esperança de que, no próximo relacionamento, “se fizer tudo direitinho”, conseguirá evitar um desfecho semelhante.

Conclusão: se culpar por tudo é uma forma de alimentar a ilusão de onipotência — o sonho dourado de toda pessoa insegura…


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Falta de acolhimento na infância pode gerar aversão à vida

Na última segunda-feira, na Confraria Analítica, nós terminamos de estudar linha a linha o texto “A criança mal acolhida e sua pulsão de morte”, de Sándor Ferenczi.

Nesse pequeno artigo, o analista húngaro defende a tese de que pessoas que não foram bem acolhidas na infância frequentemente se tornam autodestrutivas.

— Mas o que significa ser bem acolhido na infância, Lucas?

É simples:

Os pais acolhem bem suas crianças quando as tratam com tamanha ternura que elas crescem com a certeza de serem amadas e desejadas.

Essa certeza, essencial para a saúde psíquica infantil, não nasce na alma daqueles inúmeros meninos e meninas que são abandonados pelos pais por exemplo.

Esse foi o caso de Amanda (pseudônimo), paciente atendida por uma aluna da Confraria, cuja história analiso na aula especial publicada hoje em nossa plataforma.

Trata-se de uma jovem adulta que iniciou sua análise queixando-se de uma série gigantesca de afetos negativos, entre os quais a falta de vontade de viver.

Como previsto por Ferenczi, essa moça desenvolveu uma verdadeira aversão a si mesma e à própria existência por ter sido muito maltratada quando criança.

Internalizando a mensagem de que não era bem quista por sua própria família, Amanda cresceu se percebendo como um peso para o mundo.

Um peso morto, diga-se de passagem.

Felizmente, com a terapia, esse cenário começou a se modificar…

O título da aula em que comento o caso dessa paciente é “ESTUDOS DE CASOS 18 – Uma jovem mal acolhida que se sentia um peso para o mundo”.

Ela já está disponível no módulo ESTUDOS DE CASOS da CONFRARIA ANALÍTICA, a maior e mais acessível escola de teoria psicanalítica do Brasil.

Para se tornar nosso aluno e ter acesso a essa aula e a todo o nosso acervo de mais de 500 horas de conteúdo, acesse este link.


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O que significa responsabilidade afetiva?

Muitas vezes o outro nos pede determinadas coisas que não podemos oferecer ou nutre expectativas que não somos capazes de atender.

Há também aquelas situações em que a demanda que a pessoa nos faz é autodestrutiva e atendê-la significaria contribuir para o seu mal.

Em todos esses casos, o outro se encontra numa condição de vulnerabilidade que deve ser levada em consideração na interpretação de suas expectativas e pedidos.

Quando isso não acontece, ou seja, quando não reconhecemos quando a pessoa está vulnerável, podemos nos satisfazer às custas de sua fragilidade.

É o que acontece, por exemplo, quando um rapaz que não quer mais retomar o relacionamento com a ex-namorada decide passar uma noite com ela só porque a moça pediu insistentemente por isso.

Ora, ele sabe que ela o está chamando na esperança de que possam voltar — coisa que já tem certeza de que não acontecerá.

Nesse sentido, ao aceitar sair com a ex, esse rapaz está apenas explorando a vulnerabilidade dela em benefício próprio.

Em outras palavras, ele não está tendo RESPONSABILIDADE AFETIVA.

Hoje, a partir das 20h, na AULA AO VIVO 73 da CONFRARIA ANALÍTICA, falaremos sobre a responsabilidade afetiva à luz das descobertas que Sándor Ferenczi fez ao tratar sujeitos que sofreram traumas quando crianças.

O psicanalista húngaro observou que tais pacientes não tiveram sua condição infantil de vulnerabilidade respeitada pelos adultos e, por conta disso, foram vítimas de 4abus0.

Estamos estudando as consequências psíquicas dessa FALTA DE RESPONSABILIDADE AFETIVA por parte dos adultos na relação com a criança.

Para participar da aula, é preciso estar na CONFRARIA.

Te vejo lá!


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