Coaches simplificam os problemas para vender soluções simples

Você já deve ter ouvido por aí a expressão “crença limitante”.

Ela geralmente sai da boca de coaches e de profissionais que são coaches, mas têm vergonha de se nomearem dessa forma. Hoje em dia, pega mal.

Para eles, uma pessoa sofre de crença limitante quando tem condições para fazer algo que vai melhorar sua vida, mas não se permite fazê-lo.

E não se permite justamente por conta da suposta crença.

Um exemplo muito citado é o do sujeito que não conseguiria prosperar financeiramente porque acreditaria que ficar rico é moralmente errado.

O coach, então, trabalharia para ajudar o seu “mentorado” a mudar essa crença e “destravar” seu crescimento.

Como? Basicamente, convencendo-o a pensar diferente.

Eu não nego que isso possa funcionar.

Funcionar no sentido de que o sujeito possa ser convencido pelo coach a olhar de outra forma para o enriquecimento e acabe conseguindo ganhar mais dinheiro.

Mas é preciso deixar claro que esse processo é puramente hipnótico.

Sim, HIPNÓTICO.

O “mentorado” não foi persuadido somente a mudar suas crenças sobre dinheiro.

Na verdade, ele já havia sido levado previamente a acreditar que a razão pela qual não prosperava eram suas crenças sobre dinheiro.

Entendeu?

O coach convence o sujeito de que o problema dele é X para, num segundo momento, vender a solução para X.

— Uai, Lucas, então você está dizendo que as crenças limitantes não existem? São apenas invenções dos coaches para venderem seus produtos?

Não. Como fenômenos psíquicos, é claro que elas existem.

É inegável que várias pessoas, por exemplo, realmente acreditam que ganhar muito dinheiro é errado do ponto de vista moral.

E isso pode contribuir para que elas percam oportunidades de crescer financeiramente? Óbvio!

A questão é que o buraco é muito mais embaixo, gente!

Sugerir que uma pessoa não enriquece simplesmente porque possui uma crença limitante é tapar os olhos para a imensa complexidade do comportamento humano.

Por trás da crença de que ficar rico é errado, escondem-se uma série de complexos, fantasias e outras marcas de uma longa história de vida.

Mas para ter acesso a todo esse material, é preciso convidar o sujeito a falar e estar disposto a escutá-lo.

Em vez de tentar simplesmente convencê-lo a pensar diferente…

E você, já caiu nessa armadilha de achar que seu problema se resumia a uma “crença limitante”?

Na Confraria Analítica, minha escola de formação teórica em Psicanálise, a proposta é justamente o contrário:

Investigar em profundidade, sem respostas prontas. Toda semana, novos conteúdos e discussões que ajudam a enxergar além das fórmulas rápidas.


Participe da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Entenda-se: 50 lições de um psicanalista sobre saúde mental”

➤ Adquira a versão física do livro “Entenda-se: 50 lições de um psicanalista sobre saúde mental”

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

➤ Adquira o pacote com os 3 e-books

Affectus #001 – Lidar com a ansiedade

Eis abaixo o primeiro episódio de “Affectus“, minha nova produção audiovisual voltada para a internet. Fazendo jus ao título do projeto (que é a tradução latina da palavra “afeto”) pretendo produzir em cada episódio uma reflexão sobre impasses e dificuldades emocionais vivenciadas pelos sujeitos na contemporaneidade. Como eu friso no primeiro vídeo, não se trata de nada semelhante à auto-ajuda. Pelo contrário, minha proposta é justamente a de evidenciar que não há uma fórmula mágica para a resolução de nenhum problema subjetivo e que em todos eles fatores irredutíveis ligados à condição humana se fazem presentes.

Ficaria muito feliz se vocês postassem reações ao vídeo nos comentários. Enjoy!