[Vídeo] Você confia em si mesmo?

É na infância que se forma o olhar básico que nos permite responder à pergunta: “Será que posso confiar em mim mesmo?”.


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Você confia em si mesmo?

Autoconfiança significa, obviamente, confiar em si mesmo.

Uma pessoa autoconfiante, portanto, é aquela que, olhando para si, é capaz de exclamar: “Eis alguém com quem se pode contar!”.

Mas como é que um sujeito adquire essa visão favorável em relação a si mesmo? E por que algumas pessoas não conseguem?

Talvez possamos encontrar as respostas para tais perguntas explorando primeiramente a seguinte questão:

O que nos faz confiar em uma determinada pessoa?

Ora, passamos a confiar em alguém quando o indivíduo nos apresenta AÇÕES que nos induzem a olhar para ele e exclamar: “Eis alguém com quem se pode contar!”.

Ou seja, a confiança no outro não brota do nada. Ela é um efeito da PERCEPÇÃO de que a pessoa com quem nos relacionamos DEMONSTRA ser alguém confiável.

Por exemplo: posso confiar em um amigo porque, numa situação em que falavam mal de mim, ele prontamente se colocou em minha defesa.

Enfim, normalmente confiamos em pessoas que SE MOSTRAM confiáveis.

Se aplicarmos o mesmo raciocínio para pensar a autoconfiança, chegaremos à conclusão de que só podemos confiar em nós mesmos SE NOS MOSTRARMOS CONFIÁVEIS aos nossos próprios olhos.

E quando é que nós somos, digamos, “apresentados” a nós mesmos para que tenhamos a oportunidade de nos mostrarmos confiáveis ou não?

Ora, na infância, né?

É na infância, portanto, que vai se formar esse olhar básico que nos permitirá responder à pergunta: “Será que posso confiar em mim?”.

E, para que a resposta seja afirmativa, precisarei DEMONSTRAR para mim mesmo que sou confiável.

O problema é que, no caso da criança, essa demonstração não depende apenas dela, mas, sobretudo, do ambiente em que ela se encontra.

Se o ambiente não dá condições para que a criança SE VEJA potente e capaz, ela não conseguirá se enxergar dessa forma e, consequentemente, não conseguirá confiar em si mesma.

É essa circunstância que encontramos frequentemente presente na história de pessoas inseguras, com baixíssimo grau de autoconfiança.

No alvorecer da vida, elas foram induzidas pelo ambiente a se enxergarem como seres impotentes, frágeis e incapazes.

Consequentemente, não se tornaram capazes de confiar em si mesmas.


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[Vídeo] A raiz da dificuldade de dizer não

Na maioria das vezes, a dificuldade de dizer “não” é a expressão de uma FRAGILIDADE NARCÍSICA: a pessoa não se sente suficientemente bem consigo mesma para correr o risco de ser malvista por quem lhe demanda.


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[Vídeo] Autoestima variável e autoestima basal

Autoestima é basicamente a opinião que você tem a respeito de si mesmo. Essa opinião tem um componente variável e um componente relativamente estável. Assista ao vídeo e entenda.


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O mais importante não é O QUE você vai escolher, mas COMO será feita a escolha.

Eu já falei aqui sobre a ILUSÃO DO GABARITO DA VIDA.

Trata-se da suposição que algumas pessoas fazem de que existem sempre escolhas CERTAS e escolhas ERRADAS, como se a existência fosse semelhante a uma prova de concurso ou de vestibular.

Essa ilusão tende a se manifestar principalmente em pessoas inseguras e sem autoconfiança.

Elas se protegem do próprio desejo e do risco inerente a qualquer decisão supondo que, em algum lugar transcendental, existe um gabarito de todas as escolhas da vida.

Ah, Lucas, mas e se a pessoa for cristã? Não existem algumas escolhas que são absolutamente certas e outras absolutamente erradas do ponto de vista religioso?

Sim, mas esse “gabarito religioso” já foi revelado num livro que tem mais de 2000 anos.

Se for o caso, é só ler e descobrir. Tá tudo lá.

Nesse sentido, se uma pessoa religiosa ainda fica cheia de dúvidas sobre tudo o que deve fazer da vida, é porque ela supõe que, para-além do “gabarito divino”, existe um outro gabarito, mais… “específico”, digamos.

O problema é que essa coisa NÃO EXISTE.

Mas o fato de acreditar nela faz com que o sujeito esteja sempre em dúvida em relação a suas decisões, como um candidato no Enem que não sabe se marca a alternativa a ou a alternativa c numa questão difícil da prova.

A ilusão do gabarito da vida faz com que a pessoa esteja sempre se arrependendo automaticamente das escolhas que faz por imaginar que elas podem não ser as alternativas certas.

É por isso que, se um paciente me pergunta: “Lucas, o que eu DEVO fazer?”, a minha resposta tende a ser: “Não faço a menor ideia!”.

Sim, porque essa pergunta está mal colocada.

Ela supõe o gabarito.

Afinal, se você quer saber o que DEVE fazer, é porque acredita que existe uma escolha certa.

Em vez de dizer o que o paciente DEVE escolher, eu o exorto a refletir sobre COMO será feita essa escolha.

Independentemente de qual seja a decisão, o mais importante é que ela seja feita sem a ilusão do gabarito da vida.

O que significa isso?

Significa escolher aceitando “de corpo e alma” os riscos implicados na decisão e as possíveis consequências dela.

Significa entrar por uma das veredas disponíveis e não ficar olhando para trás, pensando nos caminhos não escolhidos.


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Como se desenvolve a autoconfiança (parte 02)

Observar que a fé dos judeus em Jesus só nasceu em função dos milagres que ele realizou nos ajuda a identificar quais são as condições necessárias para o desenvolvimento da autoconfiança. Com efeito, expliquei na coluna anterior que a autoconfiança é a fé que uma pessoa tem na sua própria capacidade de superar desafios.

Ora, assim como a fé em Jesus, a fé que caracteriza a autoconfiança também depende da existência de milagres. Contudo, no caso da autoconfiança, não se trata de milagres reais, ou seja, de acontecimentos que contrariam as leis da natureza. Os milagres que criam as condições para o florescimento da autoconfiança são milagres imaginários, subjetivos, que só são milagres de fato aos olhos daquele que o experimenta.

Consigo imaginar um leitor se perguntando: “Como assim, Lucas? Explica melhor.”. Com prazer! Vamos lá:

Na primeira parte deste texto eu disse que a autoconfiança, diferentemente da coragem, é um afeto involuntário e que, portanto, brota de certas marcas psíquicas profundas geradas por experiências infantis. Também disse que essas marcas são produzidas por experiências que possibilitam ao sujeito perceber-se como sendo capaz de superar desafios.

Ora, quando somos crianças não temos muitos recursos físicos e psíquicos para lidar com desafios. Pelo contrário: somos extremamente frágeis e dependentes dos cuidados dos adultos. Nesse sentido, podemos nos perguntar: como é que a criança vai poder passar por experiências de se sentir capaz de vencer desafios se ela mal consegue ficar sozinha por muito tempo?

É aí que entram os “milagres”. De fato, a criança deixada à própria sorte dificilmente conseguirá vivenciar situações que a farão acreditar na própria potência. Um menino de 3 anos, sem o apoio de seus cuidadores primários, só conseguirá certificar-se de sua fragilidade e impotência. Todavia, quando a criança conta com o suporte ativo dos pais, ela se torna capaz de fazer uma série de coisas. Quando uma mãe, por exemplo, levanta sua filha para que ela alcance um determinado brinquedo ao invés de simplesmente pegar o objeto e entregá-lo à criança, a menina vivencia uma experiência mágica: ela está conseguindo fazer algo que, a princípio, sua condição não permitiria.

Leia o texto completo aqui.


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Como se desenvolve a autoconfiança (parte 01)

Autoconfiança, portanto, poderia ser definida como a fé na própria capacidade de superar desafios. Quando estamos autoconfiantes, não sentimos medo do fracasso. Pelo contrário, conseguimos vislumbrar o sucesso com antecedência, pois temos a certeza de que somos aptos para chegar até ele.

É por isso que autoconfiança é diferente de coragem. Esta última é uma virtude, ou seja, uma atitude que depende de uma decisão consciente e voluntária do sujeito. Há pessoas, por exemplo, que quase nunca conseguem experimentar a autoconfiança, mas são extremamente corajosas. Elas estão o tempo todo morrendo de medo de fracassar, mas, exercitando a coragem, nunca fogem dos desafios que se apresentam.

Autoconfiança, por outro lado, é um fenômeno involuntário. Sendo assim, ninguém se torna mais autoconfiante por força de vontade. Nesse ponto o caro leitor pode ter ficado confuso. Até consigo imaginar alguns de vocês se perguntando: “Ué, mas se a autoconfiança não pode ser desenvolvida, então uma pessoa que raramente consegue ser autoconfiante morrerá assim?”. A minha resposta para essa questão é o velho e bom “Depende…”.

Explico: sim, é possível que uma pessoa se torne mais autoconfiante, mas, como assinalei acima, não por força de vontade. A autoconfiança pode ser “instalada”, digamos assim, numa pessoa por meio da única tecnologia existente que possibilita a transformação de aspectos psicológicos involuntários: a psicoterapia. Dito de outro modo: uma pessoa que quase nunca se mostra autoconfiante pode mudar “da água para o vinho” se engajar-se num bom processo psicoterapêutico.

Leia o texto completo clicando aqui.


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Não raro, a falta de autoconfiança é resultado da insegurança dos pais

Autoeficácia é o termo que a Psicologia utiliza para descrever a crença que uma pessoa tem na sua própria capacidade de realizar uma tarefa.

Popularmente, a gente costuma chamar isso de autoconfiança, palavra, aliás, que me parece mais apropriada para descrever essa experiência de acreditar no próprio potencial.

Digo isso porque minha experiência clínica evidencia que essa crença está diretamente relacionada à confiança como um ato de fé que ultrapassa o medo.

Frequentemente pessoas que não experimentam autoconfiança relatam terem sido criadas por pais que estavam o tempo todo com medo de perdê-las e que, por conta disso, as impediam de vivenciarem diversas situações comuns na vida infantil.

Essa superproteção parental impede a criança de descobrir o próprio potencial para lidar com problemas e dificuldades. Privado do contato com o risco, o sujeito internaliza o medo dos pais e passa a acreditar que, de fato, está sempre sob a ameaça de uma grande calamidade.

O grande problema é que os padrões psíquicos que desenvolvemos na relação com nossos pais tornam-se o filtro (no sentido “instagrâmico” do termo) por meio do qual enxergamos a realidade. Assim, mesmo que a realidade comprove para a pessoa que ela é capaz e potente, tal indivíduo pode continuar se sentindo inseguro e achando que não dá conta.

Por isso, não raro encontramos pessoas que são até muito bem-sucedidas, mas que não confiam no próprio taco. Elas conquistam muitas coisas, mas, em função da insegurança, não conseguem usufruir do prazer da conquista .

Ao se entregarem a um tratamento psicanalítico, tais indivíduos podem ter a chance, pela primeira vez na vida, de relativizarem a voz medrosa e superprotetora dos pais que continua ecoando em suas cabeças.

Ao narrarem sua história para o analista, essas pessoas adquirem a oportunidade de enxergar o que aconteceu consigo de outras perspectivas. Ganham também a chance de alterarem o desfecho de um enredo no qual figuravam, até então, como meros personagens.


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[Vídeo] Por que muitas pessoas têm dificuldade para receber elogios?

Neste vídeo apresento três hipóteses para explicar por que muitas pessoas se sentem tão desconfortáveis quando são elogiadas.


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[Vídeo] Autoconfiança não é acreditar em si mesmo

Diferentemente do que se acredita, uma pessoa autoconfiante não acha que sempre pode vencer. Pelo contrário, ela sabe muito bem que pode fracassar, mas o forte desejo de acertar a torna capaz de correr o risco de errar. É essa intrepidez que diferencia os autoconfiantes dos inseguros.


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[Vídeo] Preocupação com a opinião dos outros – psicanalista explica

Você está sempre preocupado com o que os outros estão pensando a seu respeito? Fica desesperado quando não recebe aprovação das pessoas? Então este vídeo foi feito para você. Assista ao conteúdo e entenda o que pode estar por trás dessa preocupação exagerada com o olhar do outro.

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Self-handicapping: prejudicar-se para salvar a autoimagem

self-handicapping

Poucas coisas na vida são tão valiosas para nós quanto nossa autoimagem (sim, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, “autoimagem” se escreve assim mesmo, tudo junto). Para manter nossa autoimagem intacta e ilibada a gente é capaz de qualquer negócio, desde sacrificar nosso bem-estar (e de outras pessoas) até, em casos extremos, comprometer nossa própria sobrevivência.

Os norte-americanos, com sua mania de dar nome para tudo, detectaram com muita precisão o mecanismo por meio do qual nós agimos de modo autodestrutivo para conservar nossa autoimagem. Eles chamam isso de self-handicapping, que poderíamos traduzir mal e porcamente por “autodesvantagem” ou “autoprejuízo”.

Pois bem, o self-handicapping acontece quando inconscientemente (ou quase conscientemente, às vezes) criamos para nós mesmos obstáculos para a execução de uma determinada tarefa ou alegamos que determinados fatores externos são barreiras intransponíveis (a famosa “desculpa”). Por exemplo, João está participando de um concurso público e, dentro de duas semanas, deverá fazer a prova escrita. Contudo, devido ao medo enorme de não ter um bom desempenho, inconscientemente ele passa a se expor a determinados fatores ambientais (por exemplo, mudanças bruscas de temperatura, poeira, comida mal conservada etc.) e, pronto: João acaba ficando doente, inviabilizando seu comparecimento ao local da prova.

À primeira vista a gente poderia pensar que isso não faz o menor sentido, pois ninguém jamais ficaria doente voluntariamente. Um olhar mais profundo, contudo, nos mostra que, no caso de João, a doença era o menor de seus males. O pior mesmo seria encarar o concurso! Veja: por um lado, ele está se prejudicando na medida em que está perdendo a oportunidade de conseguir um novo emprego. No entanto, ao mesmo tempo, João está preservando sua autoimagem posto que, ao deixar de fazer a prova, estará evitando a exposição da autoimagem ao risco de um mau desempenho. Além disso, ao ficar enfermo, poderá alegar para si mesmo e para as outras pessoas que não foi ele quem não quis fazer a prova por estar temeroso de falhar, mas sim que a doença o impediu.

Há outras situações em que não somos nós que criamos os obstáculos, mas utilizamos aspectos do ambiente como supostos empecilhos. Por exemplo, para não lidar com o risco de falhar em uma relação sexual e evitar ter que dizer para si mesmo que não teve a coragem de se expor a esse risco, o jovem José pode dizer a sua namorada que não devem transar, pois não possuem um lugar apropriado para tal. Nesse caso, o rapaz está utilizando uma circunstância que, em si mesma, não representa necessariamente um obstáculo para a relação sexual como um meio de evitar reconhecer para si mesmo que não está suficientemente seguro de sua potência. Agindo assim, mantém sua autoimagem intacta.

Você deve ter percebido que ambos os casos giram em torno da autoconfiança, ou melhor, da falta dela. Isso não significa que o indivíduo autoconfiante não sinta medo ou ansiedade. É impossível viver sem experimentar esses afetos. Contudo, o sentimento de que é potente e de que, mesmo após um erro, será capaz de olhar para si mesmo com alegria, é maior do que o medo ou a ansiedade. O autoconfiante não sufoca o medo e a insegurança. Não! É que na batalha dos afetos, a autoconfiança se mostra mais potente do que o medo. Como disse o filósofo holandês Spinoza, um afeto só pode ser vencido por outro afeto maior e não pela razão. Por isso, não adianta apelar para o bom senso e dizer para o indivíduo inseguro que ele não precisa temer, que “o não ele já tem”, que ele é capaz. É preciso que a autoconfiança seja um afeto, ou seja, uma experiência efetiva.

É por isso que a psicanálise funciona! Funciona porque não é constituída de conselhos por parte do analista, mas sim por uma experiência relacional efetiva e afetiva. Se o indivíduo adquire autoconfiança após um tratamento psicanalítico, isso ocorre não porque o analista o convenceu pela via dos argumentos de que ele é capaz, mas porque o indivíduo pode vivenciar sua própria potência nos encontros com o terapeuta.

Este texto foi publicado com ligeiras alterações em minha página no Facebook no dia 11 de janeiro de 2016.

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