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De vez em quando, na clínica, a gente se depara com pacientes que sofrem do que eu chamaria de “tendência à autoculpabilização”.
São pessoas que costumam se sentir culpadas por qualquer infortúnio que lhes aconteça, mesmo que não tenham feito absolutamente nada para provocá-los.
Trata-se de um padrão diametralmente oposto ao do vitimismo, que é a tendência a achar que a culpa dos próprios problemas é sempre do outro.
Considerando que a culpa é um afeto extremamente desagradável, é fácil compreender a motivação dos vitimistas:
Eles querem justamente evitar o desprazer de se sentirem culpados.
Mas como entender a tendência à autoculpabilização?
Se sentir culpa é tão ruim, por que será que algumas pessoas tendem a se culpar tanto? Masoquismo?
Não.
É que o sentimento de culpa vem sempre acompanhado de uma ideia falsa, mas muito satisfatória, especialmente para pessoas inseguras:
A ilusão de que elas podem ter controle sobre tudo.
Veja o caso da Taís, por exemplo.
Ela é uma dessas pessoas com propensão a se julgarem sempre culpadas.
Recentemente, a moça descobriu que o namorado a traiu com sua melhor amiga.
E a primeira coisa que lhe passou pela cabeça ao saber disso foi:
“O que será que eu fiz para que ele me traísse?”
A seguir, começou a pensar nas raras ocasiões em que tratou o rapaz com impaciência ou não quis atender a um pedido dele.
— Acho que se eu tivesse sido mais companheira, isso não teria acontecido, disse ela, aos prantos, em uma de suas sessões de análise.
Perceba como sentir-se culpada fez Taís imaginar que poderia ter evitado a traição do namorado se tivesse agido de forma diferente.
Ou seja, a culpa levou a jovem a acreditar que tinha CONTROLE sobre a situação, que o comportamento do namorado era determinado pelas ações dela.
Pensar assim lhe dá a esperança de que, no próximo relacionamento, “se fizer tudo direitinho”, conseguirá evitar um desfecho semelhante.
Conclusão: se culpar por tudo é uma forma de alimentar a ilusão de onipotência — o sonho dourado de toda pessoa insegura…
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No livro “Além do princípio do prazer”, Freud narra uma curiosa cena protagonizada por seu netinho Ernst, de um ano e meio na época.
O menino tinha um carretel de madeira enrolado em um cordão e costumava brincar de jogar o objeto para longe de si, puxando-o de volta logo em seguida.
Quando lançava o carretel, Ernst emitia um som que sua mãe e seu avô interpretaram como sendo uma tentativa de dizer “fort” (“foi embora”, em alemão).
Ao trazer o objeto de volta para junto de si, o garoto dizia, alegremente, a palavra “da” (“aqui” ou “está aqui”).
Vendo que Ernst, apesar de muito apegado à mãe, não chorava quando ela estava longe, Freud interpretou a brincadeira da seguinte forma:
Ao fazer o carretel “ir embora” e retornar, o menino estaria reproduzindo simbolicamente as idas e vindas da mãe.
Transformando a mãe simbolicamente naquele objeto, Ernst passava a ter CONTROLE sobre os movimentos dela.
Assim, a mãe desaparecia e voltava quando ELE queria, não ela.
Ou seja, a brincadeira fazia o garoto se sentir SUJEITO da situação e não mais um mero objeto do desejo materno.
Se o anseio do garoto fosse apenas evitar o desprazer de estar longe da mãe, ele poderia simplesmente manter o carretel sempre junto a si.
Mas Ernst queria algo mais. Algo que está justamente para além do princípio do prazer: o menino queria DOMINAR a situação.
Por isso, ele precisava reproduzir não só a presença, mas também a ausência da mãe, ou seja, justamente o movimento que lhe causava dor.
Muitos de nós recorremos a esse mesmo processo defensivo empregado pelo netinho de Freud.
O problema é que as nossas “brincadeiras” de adultos envolvem PESSOAS e não carreteis.
Muita gente usa seus relacionamentos amorosos para tentar dominar, simbolicamente, uma situação dolorosa que vivenciaram na infância.
A pessoa se casa com um homem tão frio quanto o pai, por exemplo, para tentar simbolicamente mudar o genitor e torná-lo mais afetuoso.
Será que isso está acontecendo com você?
Será que você está até hoje tentando consertar o passado reencenando-o no presente?
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Neste vídeo: entenda por que, do ponto de vista psicanalítico, algumas pessoas se tornam excessivamente controladoras.
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O simples desejo de ter controle sobre a própria vida não é patológico.
A maturidade exige que tomemos as rédeas do nosso caminhar mesmo sabendo que o Real e o Inconsciente existem e que, portanto, esse controle será sempre limitado.
No entanto, existem sujeitos que são excessivamente controladores.
Eles não suportam (a não ser muito de vez em quando) estar na dependência de outras pessoas ou do mundo de forma geral.
Por isso, tendem a acumular muitas tarefas e, por consequência, a se sentirem sobrecarregadas.
Afinal, estão sempre fugindo da angústia que experimentam quando eventualmente precisam colocar atividades nas mãos de outras pessoas.
Outro traço bastante característico das pessoas controladoras é a dificuldade de lidar com a autonomia do outro, especialmente daqueles com os quais o sujeito mantém algum vínculo, como filhos, pais, amigos, namorados ou cônjuges.
O controlador sofre muito quando a realidade lhe obriga a reconhecer que o outro… é o outro, isto é, que sua esposa, por exemplo, tem individualidade e que, portanto, não necessariamente irá se comportar da forma como ele gostaria.
Do ponto de vista psicanalítico, podemos apontar duas possíveis gêneses para esse padrão controlador, as quais geralmente se complementam:
(1) A busca excessiva de controle pode ser uma forma inibida de expressão de impulsos sádicos, os quais aparecem naturalmente em todos nós na infância, mas que podem se manifestar com mais força e intensidade em algumas pessoas. Originalmente, o sadismo designa a obtenção de prazer por meio da agressão, dominação e humilhação do outro. Contudo, ao ser inibido por considerações de natureza moral e social, pode acabar se expressando em algumas pessoas como um desejo disperso de controle de tudo.
(2) A tendência controladora também pode ser uma forma de defesa que o sujeito desenvolveu desde a infância para lidar com determinados traumas causados por negligência familiar, perda precoce dos pais, abusos físicos e/ou sexuais etc. Nesse caso, o indivíduo passa a buscar excessivamente o controle porque isso lhe dá a ilusão de que, agindo assim, conseguirá se proteger contra a ocorrência de outros traumas.
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Esqueça todas essas bobagens de “força de vontade” e “mindset”. O segredo das pessoas disciplinadas é o tesão pelo controle. Assista ao vídeo e entenda.
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