O psicanalista precisa ter três ouvidos

Tradicionalmente, nós, psicanalistas, aprendemos que nossa principal ferramenta de trabalho é a escuta.

Por isso, temos uma tendência a focar nossa atenção (flutuante, diga-se de passagem) àquilo que o paciente DIZ durante a sessão.

É com base nesse material verbal que normalmente formulamos nossas hipóteses e interpretações.

Assim, se alguém nos perguntasse: “Por que você fez tal intervenção?”, poderíamos responder: “Porque o paciente me falou tais e tais coisas”.

Tudo isso está correto. Porém, a experiência comunicativa que estabelecemos com nossos analisandos não se reduz a essa troca verbal.

Frequentemente, nos flagramos pensando ou sentindo certas coisas em relação ao paciente que não conseguimos remeter diretamente a algo que ele tenha dito.

Às vezes, é o MODO como o sujeito fala, seu tom de voz ou a postura específica que adota diante de nós o “gatilho” que nos induz a certas hipóteses ou sensações.

É aí que entra o que Theodor Reik chamou de “terceiro ouvido”: uma escuta mais sutil, quase intuitiva — que toca o inconsciente antes mesmo da fala.

Quer entender melhor esse conceito e ver exemplos práticos de como isso aparece nas sessões?

Então, assista à aula “Theodor Reik e o terceiro ouvido“, publicada hoje na CONFRARIA ANALÍTICA, minha escola de formação teórica em Psicanálise.

A aula já está disponível no módulo AULAS TEMÁTICAS – TEMAS VARIADOS.

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[Vídeo] Entenda o que é atenção flutuante em Psicanálise

Neste vídeo, explico de forma simples e didática como o psicanalista exerce a atenção flutuante no contexto clínico e as diferenças entre esse tipo especial de escuta e o modo como normalmente acolhemos a fala das pessoas no dia-a-dia.


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Como exercitar na prática a atenção flutuante?

Na terapia psicanalítica, geralmente fazemos ao paciente um pedido mais ou menos assim:

“Olha, para que o seu tratamento funcione, é preciso que você converse comigo de uma forma diferente da habitual. No dia a dia, nós geralmente PENSAMOS ANTES DE FALAR. Afinal, a gente se preocupa em se fazer compreender pelo outro e também com a imagem que o outro fará de nós em função do que dizemos. Aqui na Psicanálise não deve ser assim. Você deverá dizer exatamente aquilo que vier à sua cabeça, ou seja, não impeça nenhum pensamento de ser verbalizado. Ainda que você ache que não vai fazer sentido, que pode parecer indecente ou que eu não vá gostar de ouvir, só fale. Não censure nada”.

Trata-se da famigerada regra fundamental da Psicanálise, a associação livre. Em suma, a gente pede para o paciente NÃO CONTROLAR a própria fala.

Beleza. Mas, se o paciente deve falar dessa forma, como o analista deve escutar o que ele diz?

— Uai, Lucas, deve escutar… escutando, não? Existe mais de uma maneira de escutar?

Mas é claro, caríssimo leitor!

Assim como a associação livre é um jeito de falar diferente da fala comum, o modo como o analista escuta o paciente também precisa ser diferente do habitual.

Se o paciente é convocado a falar sem censura, o analista também precisa escutar SEM QUALQUER TIPO DE FILTRO.

— Ah, Lucas, mas isso é fácil. Eu sei que dá para evitar falar certas coisas, mas não tem como o terapeuta deixar de ouvir alguma coisa que o paciente está dizendo, a não ser que ele tape os ouvidos. Afinal, escutar é um ato passivo.

Que bobagem você acaba de dizer, caro leitor!

A escuta é um processo tão ativo quanto a fala.

Assim como eu posso selecionar o que vou dizer, consigo também escolher cuidadosamente o que vou escutar.

E é EXATAMENTE ISSO o que Freud dizia que o psicanalista NÃO deve fazer.

Para alcançar esse modo diferente de escutar, o terapeuta deveria, segundo Freud, deixar a sua atenção “uniformemente suspensa” — procedimento cognitivo que ficou conhecido na Psicanálise como “atenção flutuante”.

Quer saber como o analista exercita na prática a atenção flutuante?

Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá ainda hoje uma aula especial sobre esse assunto.

Te vejo lá!


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O analista escuta o paciente como se estivesse sempre ouvindo o relato de um sonho

Ontem à noite na aula ao vivo da Confraria Analítica fiz um comentário sobre a importância que nós, psicanalistas, conferimos ao círculo familiar quando estamos avaliando clinicamente um paciente. Expliquei aos alunos que, embora não desprezemos a influência de fatores sociais e culturais na formação do indivíduo, entendemos que tais elementos podem ser tomados apenas como causas remotas e que os principais determinantes dos modos de ser e adoecer do sujeito devem ser buscados no âmbito das relações familiares.

Em razão desse comentário, uma aluna fez uma pergunta interessante e que eu quero utilizar como ponto de partida para a reflexão de hoje. A questão dela era mais ou menos a seguinte: “Professor, então devemos desconsiderar as falas do paciente que não se referem a questões familiares?”.

Minha resposta foi: absolutamente não. Um dos princípios fundamentais da técnica psicanalítica é não desconsiderar nenhum fragmento do discurso do paciente. O exercício do que Freud chamou de “atenção flutuante” implica precisamente em não direcionar o foco para certos elementos em detrimento de outros.

E por que agir dessa forma? Ora, porque o Inconsciente pode escolher qualquer elemento banal da vida do sujeito para REPRESENTAR suas intenções. Nesse sentido, o simples relato do paciente de ter lavado o carro no fim de semana precisa ser escutado pelo psicanalista com o mesmo grau de atenção que ele dedicaria à narrativa de uma violenta briga que o paciente eventualmente tivesse vivenciado com sua mãe.

Na Psicanálise, não escutamos o discurso do paciente como apenas um relato de experiências. Sabedor de que o Inconsciente nunca silencia e está sempre se manifestando simbolicamente, o psicanalista escuta as narrativas do sujeito, tanto as triviais quanto as extraordinárias, como se estivesse diante de sonhos, ou seja, de textos simbólicos que precisam ser interpretados.

Assim, se o paciente faz, por exemplo, um comentário sobre a política nacional, a pergunta que estará o tempo todo no horizonte do analista será: “O que o Inconsciente desse paciente está tentando dizer simbolicamente por meio desse comentário aparentemente sem vínculo direto com a vida dele?”.


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[Vídeo] Os dois tipos de escuta

Que tipo de escuta você mais utiliza: a compreensiva ou a acolhedora?


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