Esta é uma pequena fatia da aula especial “LENDO FREUD #23 – O que provoca o surgimento de um quadro neurótico?”, que já está disponível para quem é membro da CONFRARIA ANALÍTICA.
Participe, por apenas R$49,99 por mês ou 497,00 por ano, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.
No finalzinho do século XIX, baseando-se em sua experiência clínica e na própria autoanálise, Freud teve a intuição de que toda criança experimenta o desejo de realizar os mesmos atos de Édipo.
Meninos e meninas, na faixa dos 2 a 5 anos mais ou menos, desenvolveriam a fantasia de terem exclusividade erótica sobre a mãe com a consequente eliminação da presença do pai.
Ao grupo de ideias que se produzem a partir desses desejos incestuosos e parricidas Freud deu o nome de COMPLEXO DE ÉDIPO.
Para o pai da Psicanálise, os pacientes neuróticos teriam muita dificuldade de renunciar a tais desejos, permanecendo, portanto, inconscientemente fixados à fantasia edipiana.
Mas o que levaria uma pessoa a se manter fixada no Inconsciente a um elemento infantil?
Resposta: a REPRESSÃO de tal elemento.
Como eu já disse em outras ocasiões, REPRIMIR É CONSERVAR.
Toda vez que a gente reprime um desejo, ou seja, toda vez que a gente expulsa um desejo do nosso campo de consciência e finge que ele nunca existiu, o que acontece?
Ora, ao invés de efetivamente desaparecer, o desejo começa a exercer ainda mais influência sobre nós, pois passa a habitar uma região da nossa mente que a gente não controla: o Inconsciente.
Nesse sentido, se uma pessoa permaneceu fixada ao complexo de Édipo, é porque, quando criança, reprimiu seus desejos incestuosos e parricidas ao invés de permitir que eles desaparecessem naturalmente…
— Beleza, Lucas, entendi. Mas, me diz uma coisa: por que algumas crianças conseguem fazer esse abandono natural do complexo de Édipo e outras o reprimem, ficando fixadas a ele?
Para respondermos essa pergunta, precisamos necessariamente levar em conta o modo como os pais se comportam com a criança durante a vivência do complexo de Édipo.
Freud não falou sobre isso, mas o psicanalista inglês Donald Winnicott, sim.
Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá ainda hoje (sexta) uma aula especial em que comento esse e vários outros aspectos da visão winnicottiana sobre o complexo de Édipo.
A aula está imperdível! Te vejo lá!
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Neste vídeo você vai finalmente entender por que, na Psicanálise, olhamos com atenção especial para aquilo que se passou com o sujeito nos primeiros anos de vida.
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Há terapeutas que dizem expressamente para seus pacientes que trabalharão exclusivamente com o presente, com o “aqui e agora”.
Eles entendem que o passado não tem muito peso na vida do sujeito e que o mais importante são as escolhas que a pessoa faz no presente.
Assim, quando o paciente começa a falar muito do que aconteceu em sua história, o terapeuta trata de censurá-lo e dizer que ele deve se focar no presente.
Não, não é meme.
Eu já ouvi mais de uma pessoa me relatando ter passado por tal experiência em psicoterapia.
Um psicanalista jamais adotaria essa atitude de desprezo ao passado e supervalorização do presente.
Todo o mundo sabe que a Psicanálise dá um peso enorme àquilo que aconteceu com o sujeito na infância.
E isso não acontece por acaso.
Se os psicanalistas dão tanta ênfase à infância é por saberem que é muito mais difícil lidar com os desafios da vida nessa época.
Explico:
Na infância, estamos muito vulneráveis ao que acontece no ambiente por ainda sermos muito dependentes dele.
É o que eu costumo dizer em algumas aulas:
Um adulto que se sente oprimido em seu relacionamento pode simplesmente decidir sair dele.
Por outro lado, uma criança que esteja sendo agredida ou abusada pelos pais, não tem escolha. Ela terá que permanecer na relação com eles independentemente da sua vontade.
Entenderam, colegas existencialistas? A gente pode até conceder que os adultos escolhem o rumo de suas vidas. Não acho que seja bem assim, mas tudo bem…
Já as crianças, na maioria das vezes, não têm essa possibilidade de escolha.
A essa condição de vulnerabilidade e dependência, soma-se ainda o fato de que a criança possui um Eu ainda muito frágil e inconsistente.
Isso faz com que os pequenos tenham dificuldade para lidar com conflitos, sobretudo aqueles relacionados aos impulsos sexuais, sem utilizarem mecanismos de defesa patológicos.
Aquilo que um adulto encararia com naturalidade ou, no máximo, um leve desconforto, a criança pode enxergar como algo aterrorizante.
O problema é que as marcas desse modo infantil de encarar a vida não desaparecem apenas com o passar do tempo.
Podem permanecer em nós por décadas e décadas, provocando sintomas, inibições e ansiedades…
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Como alguns dos principais conceitos propostos por Freud, a noção de FIXAÇÃO brotou diretamente da experiência clínica de seu autor.
Desde os seus primeiros contatos com neuróticos, Freud observou uma tendência característica desses pacientes de se manterem excessivamente apegados a certos elementos de seu passado.
Basta lembrar a famosa fórmula freudiana de que “os histéricos sofrem de reminiscências”.
A neurose parece testemunhar com a intensidade típica do adoecimento a inércia inerente ao funcionamento da nossa alma.
Embora sejamos convocados pela vida a nos mantermos em movimento, trocando objetos de desejo e nos adaptando de modo flexível às circunstâncias, parece haver em nós uma resistência a “sair da zona de conforto”, como diz o outro.
As fixações representam justamente a permanência no Inconsciente de determinados desejos, modos de satisfação e objetos que, em tese já deveriam ter sido abandonados.
Por exemplo: tem homem que nunca conseguiu renunciar ao desejo de ser o parceiro amoroso da mãe.
Essa fantasia incestuosa é perfeitamente admissível (e até esperada) na cabeça de uma criança de 3 ou 4 anos, mas não na de um marmanjo de 45.
Pois é! Mas pode ser que esse marmanjo nunca tenha conseguido aceitar muito bem a exigência que a vida lhe fez de renunciar ao objeto materno.
Por conta disso, ele pode ter simplesmente reprimido seu desejo pela mãe e, dessa forma, mantido-o intacto e bem alimentado no Inconsciente.
Agora, sempre que a vida, especialmente no campo do amor, lhe “presenteia” com dificuldades, frustrações e impasses, ele recorre à sua fantasia incestuosa reprimida para se consolar.
Mas, Lucas, essa fantasia não está no Inconsciente?
Está.
Então, como é que o cara vai poder se consolar se não tem como tomar consciência dela?
Boa pergunta!
Vamos continuar essa conversa lá na CONFRARIA ANALÍTICA?
Ainda hoje os membros da nossa comunidade vão receber uma aula especial sobre o conceito de FIXAÇÃO.
Te vejo lá! 😉
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Quando fazemos essas provas de múltipla escolha aplicadas em vestibulares e concursos não é recomendável gastarmos muito tempo com uma questão que não estamos conseguindo resolver.
A melhor estratégia é pular o item difícil e ir respondendo outros mais fáceis, de modo que, se sobrar tempo, a gente pode tentar voltar a quebrar a cabeça com a questão complicada.
Essa recomendação extremamente útil para processos seletivos também é válida para a vida de modo geral.
No entanto, na maioria das vezes ela não é adotada.
Pelo menos é isso o que a clínica psicanalítica nos mostra.
Afinal, o que encontramos todos os dias em nossos consultórios são pessoas que permaneceram presas a questões com as quais vem pelejando DESDE A INFÂNCIA.
Ao invés de seguirem a vida e deixarem para lá certos problemas, tais pessoas insistem em se dedicar compulsivamente a resolvê-los.
Que problemas são esses? Eis alguns exemplos:
— Será que eu posso ser tão potente quanto o meu pai?
— Por que meu pai me rejeitou?
— Como mudar minha mãe e torná-la mais amorosa?
— Por que me forçaram a amadurecer tão precocemente?
Na busca por respostas para questões como essas a gente acaba reencenando na vida adulta os mesmos cenários difíceis da infância.
Fazendo assim, inconscientemente temos a esperança de encontrar as respostas que não conseguimos achar lá atrás.
Mas não dá certo. Ao reencenar os problemas da mesma forma com que eles se apresentaram na infância, tudo o que conseguimos é a repetição do sofrimento.
E assim vamos nos comportando como um estudante fazendo o Enem que fica empacado tentando resolver uma questão difícil e acaba não fazendo as dezenas de outras questões mais fáceis.
No caso da vida, a saída não é simplesmente fingir que a questão difícil não existe.
É preciso encontrar uma nova maneira de encarar o problema.
Um novo olhar que nos permita enxergar que talvez haja questões insolúveis mesmo e que buscar respostas para elas é pura perda de tempo e energia.
É para conseguir desenvolver esse novo olhar que a gente faz Psicanálise.
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Neste vídeo: entenda de forma simples, clara e didática por que Freud disse nos “Três Ensaios” que a “neurose é o negativo da perversão”.
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Freud observou que as fantasias sexuais infantis de seus pacientes pareciam ter sido construídas justamente em resposta a essas experiências reais, como parte de um esforço para se apropriarem subjetivamente delas. Nesse sentido, a fantasia seria um recurso defensivo para fazer do trauma uma fonte de prazer e não de dor.
É a partir dessas observações que Freud irá propor o conceito de FIXAÇÃO como um elemento crucial para a compreensão de como a neurose se desenvolve. A fixação constitui-se no apego inconsciente do sujeito à memória daquelas experiências infantis traumáticas. É como se a pessoa resistisse a esquecer aquelas situações, trazendo-as constantemente de volta ao presente ao invés de abandoná-las no passado.
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Neste vídeo: o psicanalista Lucas Nápoli explica o conceito de fixação por meio de uma analogia bem simples. Confira!
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Imagine que você esteja fazendo uma viagem de trem com um grupo de amigos.
Antes de chegarem ao destino, vocês precisarão passar por diversas estações. Apesar do desejo de chegar logo ao local em que irão passar as férias, você suporta pacientemente o longo trajeto.
Agora imagine que um dos seus amigos resolve ficar em uma das estações pelas quais o trem está passando. Questionado, ele diz: “Ah, eu não sei se o lugar para o qual estamos indo vai ser bom de verdade. Nesta estação eu tenho certeza de que vou me sentir bem, pois já estive aqui outras vezes e gostei muito. Então, para não correr o risco de me decepcionar lá na frente, prefiro ficar por aqui mesmo.”
A atitude desse amigo é exatamente análoga ao que acontece com uma parte de nós no curso de nosso desenvolvimento emocional.
De fato, a conquista da maturidade psíquica depende do abandono das formas de satisfação que utilizávamos na infância e dos vínculos infantis com nossos pais. Contudo, existe sempre uma parte de nós (sim, somos constituídos de diversas partes) que não quer renunciar, por exemplo, a certa fantasia sexual infantil ou à ligação incestuosa com um dos pais.
É essa resistência de uma parte de nós a sair da infância que nós chamamos, em Psicanálise, de fixação.
O adoecimento emocional ocorre justamente quando essa parte que permaneceu fixada na infância ganha força na vida do sujeito em função de alguma frustração ou decepção enfrentadas pelas partes amadurecidas.
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Muitas pessoas procuram atendimento psicológico em função das sequelas emocionais produzidas por experiências de humilhação e abuso vivenciadas sobretudo na infância.
Diferentemente do que se imagina, tais sequelas não são derivadas exclusivamente dessas vivências de sofrimento, mas principalmente do DESTINO que a pessoa deu para elas em seu mundo interno. Em outras palavras, os efeitos traumáticos dessas experiências têm muito mais a ver com a forma com que o sujeito lida com as memórias dos momentos de dor.
Algumas pessoas, por exemplo, insistem em nutrir um desejo de vingança contra aqueles que lhe fizeram mal. Embora essa atitude seja plenamente justificável e compreensível, ela acaba fazendo com que aquilo que fora um episódio de violência se transforme num filme continuamente repetido na alma da pessoa.
O velho ditado “Quem bate esquece, mas quem apanha não é esquece” só se torna verdade para quem não abre mão do desejo de voltar no tempo e acertar as contas com quem o machucou.
Um dos objetivos que buscamos no tratamento psicanalítico de pessoas que foram vítimas de situações de abuso, violência ou humilhação é o de ajudá-las a parar de desperdiçar suas preciosas energias em fantasias de vingança. Nossa expectativa é de que o sujeito vá pouco a pouco parando de reescrever dia após dia suas memórias de dor e passe a tratá-las como páginas viradas.
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Se você não costuma praticar atividades físicas, é muito provável que tenha dificuldades para manter o fôlego ao subir alguns lances de escada. Por outro lado, quem faz atividades aeróbicas frequentes não se sentirá tão extenuado.
Estou chamando sua atenção para essas obviedades a fim de destacar o fato de que os processos pelos quais nosso corpo passa ao longo do tempo o tornam mais ou menos predisposto a certas atividades. Quem pratica corrida três vezes por semana, por exemplo, está muito mais preparado para fugir de um assaltante do que uma pessoa sedentária.
Da mesma forma, nossa alma também apresenta predisposições advindas de nossa história. Por exemplo, há pessoas que se sentem extremamente desconfortáveis em situações novas porque, no passado, foram forçadas a se adaptar de modo abrupto a um contexto diferente. A alma delas tornou-se, por conta dessa experiência, predisposta a encarar a novidade como uma ameaça. Assim, sempre que podem, fogem do desconhecido e procuram estar sempre preparadas a fim de evitar absolutamente qualquer imprevisto.
Há também aqueles indivíduos que não suportam situações de conflito. Alguns deles, além da ansiedade intensa, experimentam até sensações físicas apavorantes quando expostos a contendas e embates. A experiência clínica me autoriza a dizer que em praticamente todos os casos desse tipo verifica-se uma história marcada pela exposição precoce a conflitos familiares, geralmente entre os pais. Dito de outro modo, pessoas que evitam conflito possuem uma alma que se tornou predisposta a temer todo e qualquer confronto porque lá atrás, quando eram crianças, se sentiram extremamente ameaçadas pelo impacto dos conflitos familiares.
A terapia psicanalítica nos ajuda a identificar essas predisposições e a gênese de cada uma delas. Afinal, esse é um requisito necessário para que se possa ajudar a alma a perdê-las e a adquirir tendências e inclinações mais favoráveis à vida.