
Toda vez que me pedem uma indicação de livro introdutório sobre Psicanálise, eu recomendo “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”, do Freud.
Por quê? — Porque o requisito fundamental para que uma pessoa comece a estudar Psicanálise é a constatação de que o Inconsciente é uma suposição indispensável para a compreensão do comportamento humano.
E “A Psicopatologia da Vida Cotidiana” é a obra freudiana mais convincente em relação a isso.
Nela, o pai da Psicanálise reúne centenas de exemplos de esquecimentos, lapsos, pequenos erros, ou seja, tudo aquilo que a gente costuma chamar de “atos falhos” e mostra que eles só podem ser explicados se admitirmos a existência de pensamentos inconscientes.
Tomemos um exemplo clínico “baseado em fatos reais”:
Durante um encontro casual, uma jovem se desespera ao verificar que a data de validade do preservativo utilizado por seu parceiro era dois anos atrás.
No dia seguinte, mais calma, ela pega novamente a embalagem do produto e constata que, na verdade, 2023 era a data de fabricação e não de validade.
Aqueles que se recusam a enxergar a realidade poderiam argumentar que esse engano acontecera simplesmente porque a moça estava distraída ou ansiosa.
É óbvio que tais estados psíquicos podem ter FACILITADO a ocorrência do erro, mas não podem ser tomados como a CAUSA do ato falho.
Se fosse assim, nós só cometeríamos lapsos e enganos quando estivéssemos distraídos, com sono ou emocionalmente perturbados.
Mas a experiência mostra que é perfeitamente possível, por exemplo, trocar o nome de uma pessoa pelo de outra estando suficientemente alerta e tranquilo.
E mesmo se os atos falhos só acontecessem quando nossa atenção estivesse prejudicada, ainda restariam duas perguntas sem resposta:
1. Por que, então, eles NÃO ocorrem SEMPRE que estamos com a atenção comprometida?
2. Por que, num lapso de fala, por exemplo, trocaríamos o nome da pessoa X pelo da pessoa Y e não das pessoas A, B, C ou D?
Percebe? Não há como explicar os atos falhos sem supor que certos pensamentos inconscientes se colocam entre a intenção do sujeito de fazer X e o ato propriamente dito.
No caso do exemplo mencionado acima, podemos inferir que, na hora em que a jovem olhou para a inscrição “Fabricação: mês tal de 2023”, certos pensamentos inconscientes de natureza autopunitiva distorceram sua percepção, de tal modo que ela foi levada a concluir equivocadamente que aquela era a data de validade do preservativo.
Se você conhecesse a paciente em questão e soubesse o quão problemática e culposa é a relação dela com a própria sexualidade, essa explicação pareceria tão óbvia para você quanto é para mim.
Concluindo: os atos falhos mostram (até mais do que os sonhos, na minha opinião) que a existência do Inconsciente, tal como descrito pela Psicanálise, não é uma especulação dispensável, mas uma suposição absolutamente necessária para a compreensão do comportamento humano.
🔎 Os atos falhos não são simples distrações.
Eles são janelas para aquilo que você tenta esconder de si mesmo.
E a Psicanálise é a chave para entender o que se passa por trás desses pequenos “erros”.
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