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Repetir é a melhor forma de memorizar?

Para muitas pessoas, a memória é muito mais do que uma simples função psicológica. Ela lhes serve como uma verdadeira ferramenta de trabalho. O ambiente escolar e universitário bem como certas profissões exigem uma boa capacidade de memorização. Especialmente indivíduos que estão se preparando para concursos públicos precisam fazer uso intenso da memória a fim de conseguir reter a imensa quantidade de conteúdos que são obrigados a estudar.

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A maioria das pessoas, influenciada pela tradição, considera que a melhor estratégia para memorizar informação seja a simples repetição. Assim, para memorizar o conteúdo de um capítulo de livro, por exemplo, seria necessário ler e reler o mesmo texto diversas vezes.

É impossível negar a eficácia desse método, afinal muitos de nós aprendemos tabuada dessa forma, isto é, decorando os cálculos através de uma repetição constante das operações. Todavia, será essa mesmo a melhor forma de memorizar informações?

Se seguirmos as indicações do filósofo Benedictus de Spinoza (1632-1677) em sua obra principal “Ética”, a resposta será: não.

Para o filósofo, a lembrança que temos de uma coisa é uma imagem dessa coisa, isto é, a impressão que essa coisa produz em nós a partir do momento em que ela nos afeta.

Ora, é óbvio que nunca estamos sendo afetados apenas por uma determinada coisa isoladamente, mas sim por várias ao mesmo tempo. Por exemplo, enquanto está lendo este texto, você certamente está sendo afetado pela imagem de outros elementos visuais do blog, pela sensação da cadeira em que está sentado e por muitos outros fatores que não é necessário elencar. Você também pode estar sendo afetado por uma música que por ventura esteja escutando ou pelo ruído e piscadas da janela do Messenger na barra de tarefas.

Agora vejamos o que Spinoza afirma na proposição 18 da parte 2 da “Ética”: “Se o corpo humano foi, uma vez, afetado, simultaneamente, por dois ou mais corpos, sempre que, mais tarde, a mente imaginar um desses corpos, imediatamente se recordará também dos outros”.

O filósofo está chamando a atenção para um fenômeno que qualquer pessoa que já esteve apaixonada conhece muito bem. Afinal, quem nunca se lembrou da pessoa amada apenas por passar em frente a uma loja de perfumes e sentir o aroma da colônia que a pessoa costumava usar? Aliás, quando estamos apaixonados, pequenos e aparentemente irrelevantes detalhes são capazes de nos trazer a lembrança do objeto de amor.

Por que isso ocorre?

Porque muito provavelmente quando estivemos na presença daquela pessoa amada muitas outras coisas, como o aroma da colônia, estavam igualmente presentes e, portanto, nos afetando. Em decorrência, a paixão que sentimos naquele momento em relação à pessoa se tornou automaticamente associada às imagens de todas as outras coisas que estavam presentes, pois essas coisas nos afetaram ao mesmo tempo em que a pessoa nos estava afetando. Assim, a simples lembrança de qualquer uma daquelas coisas, por menor que seja, será capaz de levar à recordação do ser amado.

Foi partindo desse raciocínio que Spinoza disse na proposição 11 da parte 5 da “Ética” que “Quanto maior é o número de coisas a que uma imagem está referida, tanto mais ela é frequente, ou seja, tanto mais vezes ela torna-se vívida, e tanto mais ocupa a mente”.

Em termos práticos, o que isso significa?

Significa que nossa memória, diferentemente do que defende a tradição, não é como um músculo que, ao ser exposto sempre ao mesmo exercício repetidas vezes se torna gradualmente mais forte. A memória funciona com base em associações, ou seja, a partir de ligações afetivas entre as imagens que as coisas produzem ao nos afetarem.

Nesse sentido, tenderemos a nos lembrar mais facilmente de uma determinada coisa quanto maior for o número de imagens capazes de nos evocar a lembrança dessa coisa e não porque fomos repetidas vezes afetados por essa coisa.

A melhor dica, portanto, para alguém que fará um concurso público, por exemplo, e que deseja fazer um uso mais efetivo de sua memória, é não se concentrar apenas ao conteúdo que se deseja memorizar, mas tentar ao máximo se conscientizar das associações que estão sendo automaticamente feitas em seu psiquismo entre o conteúdo estudado e as imagens das demais coisas que estão lhe afetando enquanto estuda.

Por exemplo, se você gosta de estudar ouvindo música, aproveite para fazer conexões mentais entre a letra e/ou a melodia e o texto que você está lendo. Assim, é bastante provável que toda vez que você se lembrar das músicas ou de partes delas, o conteúdo estudado seja também recordado. Esse processo associativo ocorre de modo espontâneo, independente de sua consciência em relação a ele. Todavia, ao focalizar nele sua atenção você passa a utilizar as associações a seu favor.

Quanto maior for o número de estímulos aos quais você estabeleça associações com o conteúdo que esteja estudando, maior será a probabilidade de se lembrar dele, afinal você terá um leque extenso de lembranças capazes de lhe fazer recordar o conteúdo, como uma série de teclas de um piano capazes de produzir uma mesma nota.

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Autor Lucas NápoliPublicado em 20/03/2012Categorias Artigos, PsicologiaTags afetos, associação, benedictus de spinoza, como estudar melhor, como estudar para concursos públicos, como memorizar, concursos públicos, espinosa, estudar, estudar para provas, filosofia, leitura dinâmica, lembrança, lembrar, lucas nápoli, método de memorização, memória, memorização, psicólogo, Psicologia, recordação, spinoza1 comentário em Repetir é a melhor forma de memorizar?

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