Maturidade emocional: uma visão psicanalítica

No campo psicanalítico, tem muita gente que torce o nariz para a ideia de “maturidade emocional”.

Tais críticos alegam que tal noção seria necessariamente moralizante e normativa, ou seja, um mero reflexo dos ideais de quem a utiliza.

Em bom Humanês: para essa galera, ao dizer que é uma pessoa é emocionalmente imatura você estaria apenas julgando que o sujeito não vive como você acha que ele deveria viver.

Esse ponto de vista me parece bastante exagerado e unilateral.

De fato, como somos seres inseridos num contexto socio-histórico-cultural específico, é inevitável que nossas avaliações pretensamente objetivas sofram a influência de fatores sociais, históricos e culturais.

É óbvio, por exemplo, que a ideia que fazemos de um indivíduo emocionalmente maduro hoje seja diferente da que teríamos no século XVIII ou em outra cultura.

Penso, todavia, que não podemos reduzir a essência objetiva da maturidade emocional a seus acidentes sociais, históricos e culturais.

Por exemplo, qualquer pessoa em sã consciência é capaz de perceber que um adulto que não dá conta de suportar frustrações é emocionalmente imaturo.

Afinal, são as crianças que normalmente tem dificuldades para tolerar contrariedades.

— Uai, Lucas, mas não é a Psicanálise que diz que, no fundo, todos nós conservamos na alma tendências e fantasias infantis?

Sim, caro leitor. Mas uma coisa é você, como adulto, preservar uma DIMENSÃO infantil no núcleo da sua vida psíquica; outra coisa é continuar se comportando como uma criança.

Aliás, para a psicanalista Melanie Klein, uma das características da pessoa emocionalmente madura é justamente a capacidade de INTEGRAR essa dimensão infantil na vida adulta.

Para Klein, o sujeito que não tem maturidade emocional se comporta de modo pueril justamente porque não deu conta de fazer essa integração.

Magoado por não ter tido uma boa infância ou ressentido por ter sido obrigado a abandonar certos anseios infantis, ele não consegue aceitar e afirmar as condições da vida adulta.

Ainda hoje (sexta) quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá uma AULA ESPECIAL em que comento essas e outras ideias de Melanie Klein a respeito da MATURIDADE EMOCIONAL.

Te vejo lá!


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Maturidade emocional não é sobre fazer somente escolhas certas


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[Vídeo] Como pensar a maturidade a partir de Freud

Neste vídeo: veja como podemos pensar a maturidade emocional mediante a compreensão da passagem do império absoluto do princípio do prazer para a vigência do princípio de realidade.


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[Vídeo] Quem desiste dos próprios sonhos também é imaturo

Aprender a lidar com o desconforto e o sofrimento é condição fundamental para o amadurecimento. Todavia, a maturidade também contempla a capacidade de fazer passar o próprio desejo em meio às regras do jogo da realidade.


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Maturidade saudável: aceitar a realidade sem abrir mão do desejo

Em 1911, Freud publicou um importante artigo no qual explica como surge em nós o que poderíamos chamar de “senso de realidade”.

O título do texto é “Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental”. Tá no volume 12 das Obras Completas (Edição Standard).

Por “senso de realidade” me refiro a essa consciência básica de que estamos instalados num mundo que possui existência própria, independente dos nossos desejos.

Freud mostra que essa consciência não nasce conosco e que, no início da vida, a gente resiste a assumi-la.

Em outras palavras, a gente não queria ter que reconhecer a existência da realidade. Só fazemos isso porque não tem outro jeito.

Como assim, Lucas?

Veja: inicialmente a gente tá lá no bem-bom do útero materno, certo? Parasitas do corpo da mãe, sequer temos a experiência de desejar. O estado de satisfação é ininterrupto.

Aí a gente nasce, tem a primeira experiência de desconforto, mas imediatamente depois do parto, já nos colocam no quentinho de novo e passam a nos alimentar.

Nos primeiros meses, conhecemos finalmente o que é desejar, mas nossos desejos são satisfeitos de forma quase instantânea. É só chorar um pouquinho que o peito da mãe aparece.

Nesse contexto, tomar consciência da realidade é irrelevante. Para que olhar para o mundo externo se o que eu quero magicamente aparece bem na hora em que desejo?

A gente só passa a se importar com a realidade quando somos expulsos desse paraíso, ou seja, quando a mãe para de estar o dia todo ao nosso dispor.

Freud diz que é nesse período que nos vemos obrigados a aderir ao princípio de realidade para manter vigente o princípio do prazer.

Em outras palavras, quando a mãe para de fazer tudo o que queremos na hora em que queremos, somos obrigados a BUSCAR ATIVAMENTE o que queremos.

Para isso, precisamos necessariamente tomar consciência da realidade e da lógica própria do mundo externo. O peito da mãe não “cairá do céu” como antes. Agora a gente tem que pedi-lo.

Moral da história: amadurecer significa continuar buscando fazer os gols do desejo, mas dentro das quatro linhas da realidade.

Conhece alguém que precisa ou gostaria de ler este texto? Assinale a pessoa aí embaixo.


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[Vídeo] Recado Rápido #04 – Maturidade e negociação

Neste quarto recado rápido falo sobre um dos aspectos que caracterizam um indivíduo emocionalmente maduro. Trata-se da capacidade de reconhecer que a realidade possui um funcionamento autônomo, ou seja, não se adaptando espontaneamente aos nossos desejos. Na maturidade emocional, somos capazes de reconhecer essa dimensão rígida do mundo, sem, no entanto, abrir mão do que queremos. O indivíduo emocionalmente maduro se dispõe a negociar a realização de seus desejos com o mundo com a consciência de que, nesse processo, a permanência de certo grau de insatisfação será inevitável.

Peço, por gentileza, às leitoras e aos leitores que deixem nos comentários um feedback acerca dessa nova série de vídeos. Vocês tem gostado? Fiquem à vontade para fazer críticas e sugestões!