Os narcisistas patológicos costumam ser descritos como pouco empáticos, egoístas e manipuladores porque estão sempre priorizando seus interesses em detrimento das necessidades do outro. No entanto, existe uma forma muito sutil de narcisismo patológico que se manifesta justamente como o oposto dessa descrição típica.
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Como tem muita gente por aí que provavelmente nunca leu uma página de Freud falando de pessoas narcisistas, julgo oportuno ensinar a vocês o que de fato é o narcisismo patológico.
Originalmente o termo narcisismo foi empregado para descrever um tipo de perversão sexual em que o sujeito toma o seu próprio corpo como objeto sexual.
Em 1914, Freud publica um artigo chamado “Sobre o narcisismo: uma introdução” no qual apresenta sua descoberta de que, na verdade, todas as pessoas tomam não apenas o próprio corpo, mas o seu eu como um todo como objeto sexual.
Vale dizer que, do ponto de vista psicanalítico, sexualidade é um campo muito mais amplo do que o mero “tchaca tchaca na butchaca”, englobando todos os fenômenos amorosos. Portanto, ao dizer que todo o mundo toma o seu eu como objeto sexual, Freud está dizendo que todas as pessoas amam a imagem que têm de si.
No entanto, há aqueles que colocam o narcisismo no centro de suas vidas e há outros que não fazem isso. Costumamos chamar de narcisistas apenas os primeiros. Não há problema nisso desde que conservemos em mente que todos nós somos narcisistas em alguma medida.
Nesse sentido, podemos caracterizar o narcisista como aquela pessoa que vive tomando sempre o próprio eu como ponto central de referência. Ele tem dificuldade para pensar nas necessidades e interesses dos outros, pois está sempre nadando em perguntas que denunciam o quão autocentrado ele é: “Por que ME sinto assim?”, “O que será que essa pessoa vai pensar de MIM?”, “Por que isso acontece COMIGO?”.
Ao contrário do que andam dizendo por aí, o sintoma patognomônico do narcisismo excessivo não é a vaidade, a arrogância ou o orgulho. A maioria dos narcisistas é insegura pra caramba e frequentemente se acha “o cocô do cavalo do bandido”.
Sabe por quê? Porque é isso o que acontece quando você olha demais para a própria imagem. Você começa a perceber que, no fim das contas, não é nada demais, é só mais um na fila do pão. Aí você surta e pode começar a se defender dessa constatação desesperadora com vaidade, arrogância e orgulho…
Entendeu? Essa é a marca central do narcisismo patológico: o desespero que brota do olhar fixo e constante na própria imagem.
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