Esse corte foi extraído da nossa última aula AO VIVO de segunda-feira na CONFRARIA ANALÍTICA.
Hoje, a partir das 20h, teremos mais um encontro.
Estamos estudando linha a linha o texto de Freud “Sobre o narcisismo: uma introdução”.
Te vejo lá!
Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.
Em lojas como a Cacau Show, por exemplo, é possível comprar apenas os chocolates dos quais a gente gosta.
Se as trufas de chocolate branco são as suas preferidas, você pode encher uma cestinha apenas com elas; não precisa levar obrigatoriamente outros chocolates.
Isso não acontece quando você compra uma caixa tradicional de bombons dessas da Nestlé ou da Garoto — que eram praticamente as únicas opções de chocolate disponíveis na minha infância.
Se você compra uma caixa da Garoto, por exemplo, ávido para degustar um Serenata de Amor, será obrigado a levar junto um Caribe (que tem seus fãs, eu sei, mas pode não ser muito do seu agrado).
Ou seja, você compra uma caixa de bombons tradicional porque ela contém chocolates que você gosta. Todavia, para ter acesso a eles, precisa necessariamente adquirir também aqueles que, se pudesse, você jamais compraria.
Um relacionamento amoroso de longo prazo é muito parecido com essas caixas de bombom.
É claro que a gente começa a se relacionar com uma pessoa porque ela possui características tanto estéticas quanto comportamentais que nos alegram.
Todavia, para se manter ao lado do ser amado você precisa inevitavelmente suportar uma série de outras características dele que não lhe são nada agradáveis.
Não dá para “editar” o parceiro e ficar apenas com os atributos aprazíveis: para ter acesso ao Serenata de Amor, você precisa necessariamente levar o Caribe junto.
O SEGUNDO VEM DA MESMA FÁBRICA QUE PRODUZIU O PRIMEIRO.
Assim também, os “defeitos” da pessoa que está com você — os quais te irritam, te angustiam, te entristecem — se originam da mesma fonte de onde provêm as “qualidades” que você tanto admira nela.
Laura gosta muito do olhar atento e cuidadoso que Jonas tem para consigo, mas se irrita profundamente com crises frequentes de ciúme do rapaz.
Muito provavelmente, o primeiro comportamento (que a agrada) não existiria sem o segundo (que a incomoda). Eles vêm da mesma fábrica…
E aí: quais são os “Caribes” que você suporta no seu namoro ou casamento? E quais são os “Serenatas de Amor” que justificam a manutenção do relacionamento?
Será que nessa relação só tem Caribe e praticamente nenhum Serenata?
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Há seis meses, Beatriz, uma jovem de 25 anos, lutava consigo mesma para esquecer Alfredo, um rapaz com quem teve um namoro recente.
Volta e meia Beatriz puxava papo com o ex pelas redes sociais na esperança de que voltassem a ficar juntos.
Todavia, esse comportamento da jovem estava em contradição com aquilo que ela dizia praticamente toda semana para a sua terapeuta:
— Eu sei que nós não deveríamos voltar. Foi praticamente um milagre a gente ter ficado junto por tanto tempo e acho que isso só aconteceu porque eu me anulava no relacionamento.
De fato, passado o entusiasmo típico dos primeiros meses de namoro, Beatriz passou a se sentir muito incomodada com a postura um tanto fria e distante que percebia em Alfredo.
A moça, no entanto, ao invés de terminar logo, começou a tentar se adaptar ao jeito do namorado.
Afinal, adequar-se a um contexto desfavorável foi algo que Beatriz aprendeu a fazer muito bem quando morava com os pais…
Após quase dois anos de namoro, o próprio Alfredo decidiu terminar alegando não estar num momento propício para relacionamentos.
Beatriz ficou desnorteada com o rompimento, mas, lá no fundo, sentiu um alívio: finalmente não precisaria mais sofrer com a apatia do rapaz.
Por outro lado, a moça não conseguia abandonar completamente o vínculo com ele.
Apesar de SABER que o melhor era não ficarem juntos, ela continuava mantendo contato.
Em terapia, Beatriz se queixava de que não conseguia deixar de falar com o ex, pois se sentia muito aflita quando não conversava com ele.
Em contrapartida, a terapeuta lhe ajudou a perceber que essa aflição jamais desapareceria enquanto a jovem tentasse se livrar dela fazendo contato com Alfredo.
Beatriz foi se dando conta de que a única forma que teria de verdadeiramente CONSEGUIR esquecer o rapaz seria bloqueando-o das redes sociais MESMO SE SENTIDO AFLITA AO FAZER ISSO.
Depois de um bom tempo de terapia, a moça finalmente conseguiu aprender essa importante lição de saúde mental:
Círculos viciosos e autodestrutivos só podem ser quebrados por AÇÕES motivadas pela CONSCIÊNCIA (“Eu sei que nós não deveríamos voltar”) e não por ESTADOS EMOCIONAIS (“Sinto-me aflita ao não conversar com ele”).
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Você tem se sentido há muito tempo insatisfeito com seu relacionamento, mas mesmo assim não consegue terminar?
Você e seu parceiro ou parceira brigam com frequência e a ideia de se separar não sai da sua cabeça?
A insatisfação nos relacionamentos amorosos é uma das principais razões que levam pessoas a buscarem a ajuda de um psicanalista.
Em geral, os pacientes que padecem desse problema chegam proferindo um rosário de reclamações a respeito dos seus parceiros ou parceiras.
“Ele nunca me dá atenção!”.
“Ela implica com tudo o que eu faço!”.
“Ele só me responde com patadas!”.
Essas são algumas das queixas típicas que aparecem nesses casos.
Uma pessoa ingênua (ou insensível) pode olhar para essa situação e dizer: “Mas se está tão ruim, por que eles não se separam logo?”.
Eis a questão!
O paciente procura análise justamente porque, apesar de não estar satisfeito, simplesmente não consegue colocar um ponto final na relação.
Do ponto de vista psicanalítico, qual é o manejo clínico nesses casos?
Diferentemente do que acontece em outras formas de terapia, na Psicanálise nós não ajudaremos o paciente a desenvolver estratégias para conseguir sair da relação.
— Uai, Lucas, por que não? Não é isso o que ele está pedindo?
Sim, mas quem disse que na Psicanálise a gente fornece ao paciente o que ele está conscientemente demandando? 😉
O psicanalista oferece o que o seu paciente verdadeiramente PRECISA.
E do que precisa alguém que não está conseguindo sair de um relacionamento insatisfatório?
Ora, precisa, acima de tudo, sair da posição de vítima do jeito de ser do outro e refletir sobre as FUNÇÕES INCONSCIENTES que aquela parceria exerce para ele.
Ou seja, o paciente precisa analisar o papel SINTOMÁTICO daquela relação em sua vida.
Se ninguém está obrigando o sujeito a ficar com a pessoa que o deixa tão frustrado, a pergunta é: “Por que, então, ele continua ESCOLHENDO permanecer com ela?”.
Portanto, o manejo clínico nesses casos consiste em estimular o paciente a descobrir quais são as PENDÊNCIAS da sua história de vida que estão sendo “resolvidas” por meio do relacionamento insatisfatório.
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Neste vídeo: entenda como podemos reencenar vínculos insatisfatórios com nossos pais na infância em nossos relacionamentos amorosos na vida adulta.
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Tradicionalmente nos acostumamos a pensar o ciúme como sendo resultante do medo de perder o objeto amado.
Isso leva algumas pessoas a pensarem que o ciumento é tão-somente um ser que “ama demais” a ponto de não suportar a perspectiva de perder o parceiro ou a parceira.
Essa visão obscurece o aspecto eminentemente narcísico presente em toda manifestação de ciúme.
Com efeito, o que o ciumento verdadeiramente não suporta não é exatamente a ausência do objeto amado, mas sim o buraco aberto em sua autoimagem ao imaginar que seu parceiro ou parceira possam preferir outra pessoa, o que Freud chamava de “ferida narcísica”.
Em outras palavras, o ciúme é um sentimento que brota muito mais da relação entre o sujeito e seu ego do que da interação entre o sujeito e o outro.
Isso não significa que apenas seres com uma autoestima frágil estão propensos a sentirem ciúme; trata-se de um sentimento universal. De fato, todos nós temos a tendência de idealizar nosso papel nas relações amorosas, acreditando que somos o objeto mágico que fará do outro um ser “completo” e eternamente satisfeito.
A realidade, contudo, nos informa que isso é apenas uma fantasia, ou seja, que, a despeito da nossa existência, o outro continua e continuará sendo “incompleto”!
Não raro, o ciúme é justamente a expressão de indignação do ego diante da constatação de que não é “tudo” para o outro.
Portanto, a pergunta que atormenta o ciumento é a seguinte: “Como assim não sou suficiente para fazer o outro feliz?”.
Além dessa faceta narcísica, há outros elementos mais especificamente neuróticos que podem ser encontrados nas manifestações de ciúme. Aqueles que estão na Confraria Analítica receberão ainda hoje (sexta) um vídeo em que comento esses outros elementos.
Você se considera uma pessoa ciumenta?
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Neste vídeo: conheça o psicanalista Michael Balint e entenda porque a expectativa de amor incondicional é sinal de imaturidade emocional.
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Você já ouviu falar de um cara chamado Michael Balint?
Balint foi um médico e psicanalista húngaro, discípulo e também paciente do grande Sándor Ferenczi, teórico também húngaro e responsável por diversas contribuições conceituais e técnicas muito significativas para o campo psicanalítico. Outro dia eu falo dele. Hoje quero tratar de algumas das ideias de seu discípulo.
Com base em sua experiência clínica tanto como médico quanto como psicanalista, Balint formulou uma tese muito interessante: a de que no centro da alma de todos nós habita uma sede de sermos amados.
Diferentemente de Freud, Balint acreditava, com base em seu trabalho como terapeuta, que, em última instância, todos os nossos esforços na vida, sobretudo na relação com outras pessoas, não visam a satisfação de nossos impulsos, mas o alcance de um estado em que seríamos amados de forma plena.
De fato, para Balint, no início da vida é isso o que acontece com a maioria das crianças. O anseio espontâneo de serem amadas é satisfeito de modo incondicional pelo cuidado amoroso oferecido pela mãe. No entanto, esse estado de harmonia e felicidade, em que somos amados sem precisar fazer nada, tem prazo de validade. Em pouco tempo, passamos a ser objetos de um amor um pouco mais exigente, que demandará de nós aquilo que Balint chama de “trabalho da conquista”.
Com efeito, o amor do outro deixa ser algo 100% gratuito e incondicional e passa a depender também de um engajamento ativo da nossa parte. Essa é a forma adulta e amadurecida de amar. O amor do outro pode ser espontâneo, mas é também uma resposta ao meu amor por ele e vice-versa.
Em outras palavras: amor gratuito e incondicional é só o amor materno nos primeiros meses de vida. Passado esse primeiro momento, precisamos conquistar o amor do outro. Algumas pessoas, porém, sentem tanta saudade dessa etapa inicial da vida que acabam se colocando em suas relações amorosas como se ainda estivessem naquela época. Assim, esperam que o outro as ame sem que precisem dar nada em troca, sem que precisem fazer qualquer investimento afetivo.
Você já foi uma dessas pessoas ou já se relacionou com alguém que se encaixava nesse perfil?
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Relacionamentos amorosos de longo prazo oferecem o contexto de intimidade mais próximo daquele que vivenciamos na relação com nossos pais.
Essa é condição que favorece o possível uso de nossos namoros e casamentos como palcos nos quais representamos os dramas do passado que ficaram mal resolvidos.
Por exemplo: uma mulher pode ter convivido na infância com um pai carinhoso, mas que, na maioria das vezes, estava ausente. Por conta disso, a filha ficava constantemente num estado de expectativa e frustração. Na idade adulta, essa pessoa escolhe como parceiro amoroso justamente um homem que a faz se sentir da mesma forma que se sentia na relação com o pai: frustrada e à espera de migalhas de amor. Com efeito, o parceiro é extremamente afetuoso quando está com ela, mas esses momentos são raros, pois ele frequentemente “some” ou diz estar indisponível.
Você pode estar se perguntando: mas, Lucas, por que ela escolheu alguém que a faz reviver as frustrações da infância? O natural não seria buscar uma pessoa que fosse capaz de estar sempre presente, ao contrário do pai?
Não. Inconscientemente nós não conseguimos simplesmente deixar para lá nossas questões mal resolvidas da infância e “partir para outra”. A gente quer mudar o passado. A criança que fomos e que ainda vive inconscientemente em nós quer voltar no tempo e alterar o modo como as coisas aconteceram.
É por isso que a mulher do exemplo não se interessou por um cara que não lhe deixaria frustrada e ansiosa por sua presença. Para tentar alterar simbolicamente o passado, ela precisou encontrar um homem que tivesse os atributos necessários para encenar o papel de seu pai. Agora, estando ao lado de um cara carinhoso, mas que sempre frustra suas expectativas e a abandona, ela consegue reproduzir a situação infantil.
O que essa mulher busca no fim das contas? Converter o parceiro. Transformá-lo no pai com o qual ela sempre sonhou, mas nunca teve: um pai que se mantivesse carinhoso, mas fosse muito mais presente.
Em outras palavras, ela quer usar o presente para mudar o passado.
Você acredita que na sua relação amorosa atual ou em relacionamentos passados esse fenômeno aconteceu?
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Neste terceiro recado rápido, falo sobre um fenômeno muito comum nos relacionamentos amorosos: a transferência para o(a) parceiro(a) de expectativas, demandas e necessidades que não foram satisfeitas na infância. Isso acontece porque a profundidade do vínculo que estabelecemos com a pessoa amada é tão grande quanto aquela que se faz presente na relação entre pais e filhos. Assim, a pessoa que está conosco acaba tornando-se a destinatária de queixas que originalmente foram dirigidas às figuras parentais.