
Você já ouviu falar de um cara chamado Michael Balint?
Balint foi um médico e psicanalista húngaro, discípulo e também paciente do grande Sándor Ferenczi, teórico também húngaro e responsável por diversas contribuições conceituais e técnicas muito significativas para o campo psicanalítico. Outro dia eu falo dele. Hoje quero tratar de algumas das ideias de seu discípulo.
Com base em sua experiência clínica tanto como médico quanto como psicanalista, Balint formulou uma tese muito interessante: a de que no centro da alma de todos nós habita uma sede de sermos amados.
Diferentemente de Freud, Balint acreditava, com base em seu trabalho como terapeuta, que, em última instância, todos os nossos esforços na vida, sobretudo na relação com outras pessoas, não visam a satisfação de nossos impulsos, mas o alcance de um estado em que seríamos amados de forma plena.
De fato, para Balint, no início da vida é isso o que acontece com a maioria das crianças. O anseio espontâneo de serem amadas é satisfeito de modo incondicional pelo cuidado amoroso oferecido pela mãe. No entanto, esse estado de harmonia e felicidade, em que somos amados sem precisar fazer nada, tem prazo de validade. Em pouco tempo, passamos a ser objetos de um amor um pouco mais exigente, que demandará de nós aquilo que Balint chama de “trabalho da conquista”.
Com efeito, o amor do outro deixa ser algo 100% gratuito e incondicional e passa a depender também de um engajamento ativo da nossa parte. Essa é a forma adulta e amadurecida de amar. O amor do outro pode ser espontâneo, mas é também uma resposta ao meu amor por ele e vice-versa.
Em outras palavras: amor gratuito e incondicional é só o amor materno nos primeiros meses de vida. Passado esse primeiro momento, precisamos conquistar o amor do outro. Algumas pessoas, porém, sentem tanta saudade dessa etapa inicial da vida que acabam se colocando em suas relações amorosas como se ainda estivessem naquela época. Assim, esperam que o outro as ame sem que precisem dar nada em troca, sem que precisem fazer qualquer investimento afetivo.
Você já foi uma dessas pessoas ou já se relacionou com alguém que se encaixava nesse perfil?
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