Rafa e sua casinha bagunçada

— Há quanto tempo ela está assim, Fernanda?

— Deve ter mais ou menos uns 2 meses. No início eu achei que era só uma fase, mas ela continuou dando trabalho na escola. Quase toda semana a professora me chama.

Esse diálogo aconteceu no primeiro encontro entre a psicóloga Bárbara e Fernanda, a mãe de Rafaela, uma menininha de 5 anos que vem tendo comportamentos agressivos na escola.

— E houve alguma mudança na família recentemente? — perguntou a terapeuta.

— Não tão recentemente, mas aconteceu, sim. O Téo, irmãozinho dela, nasceu em março, ou seja, já tem praticamente 9 meses. Mas a Rafa reagiu super bem. Ela adora o bebê!

— É comum crianças regredirem e voltarem a pedir chupeta, por exemplo, quando nasce um irmãozinho. Algo assim aconteceu com ela?

— Logo após ele nascer, não. Mas, pensando agora… Ela tá mais manhosa ultimamente. Pode ser porque a gente tá tendo que ficar o tempo todo de olho no Téo.

— Por quê? — indagou Fernanda com curiosidade.

— É que ele tem uma alergia, mas a gente ainda não sabe a quê… Você acha que a Rafa tá com ciúme por causa da atenção que a gente tá dando para o bebê? — perguntou a mãe preocupada.

— Pode ser… Deixe eu conversar um pouquinho com ela.

Fernanda saiu da sala e a filha entrou extremamente animada. Percebeu que no ambiente havia alguns brinquedos e gritou “Eba!” antes mesmo de dizer “Oi, tia.”

— Pode brincar com o que você quiser, Rafa! — disse Bárbara achando graça da espontaneidade da garotinha.

A paciente foi direto para uma grande casa de bonecas localizada no fundo da sala. Sentou-se em frente a ela e imediatamente retirou todos os objetos que outra paciente havia colocado lá.

A psicóloga aproximou-se e disse:

— O meu nome é Bárbara. O seu é Rafaela, certo? A sua mãe me falou.

— É. — respondeu a menina enquanto preenchia os cômodos da casa de bonecas de forma extremamente lenta e cuidadosa.

— Essa casa tava uma bagunça mesmo, né, Rafa? Eu acho que a sua cabecinha também tá assim…

A paciente olhou para a terapeuta com um semblante desconfiado e, ao voltar a organizar os objetos na casa, pegou um cachorrinho de plástico e o entregou a Bárbara dizendo:

— Toma. Nessa casa não entra bicho.

Apontando para o cachorrinho, a terapeuta disse:

— Essa é a raiva que você sente pela mamãe, né? Por causa da alergia do Téo, ela não te dá mais tanta atenção. Você quer tirar essa raiva de dentro de você, mas não consegue…

Com base em que parâmetros Bárbara conseguiu fazer essas interpretações?

E por que, ao invés de apenas conversar com Rafaela, a psicóloga deixou a garotinha BRINCAR em seu consultório?

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