Por que tantas pessoas têm traumas de infância?

Trauma é uma experiência (ou uma série de experiências similares) que ultrapassa a capacidade de processamento psíquico do sujeito.

Para facilitar sua compreensão, pense na seguinte analogia:

Vamos supor que você tenha um computador que possui 8 gigabytes de memória RAM e resolva instalar nele um jogo que precisa de 16 gigas para rodar bem.

O que acontecerá nesse caso?

Provavelmente você não conseguirá jogar o game. Ele demorará muito para iniciar, ficará travando ou, talvez, sequer abra.

O trauma é justamente isso: uma experiência muito pesada que o seu aparelho psíquico não dá conta de “rodar” e, por essa razão, trava.

Ora, quanto mais jovens nós somos, menor a nossa capacidade de processamento das experiências vividas.

Essa é a primeira razão pela qual somos tão vulneráveis a passarmos por traumas na infância.

Situações que seriam vividas com muita tranquilidade por um adulto podem ser excessivamente aflitivas para uma criança.

Pense, por exemplo, na experiência de assistir a um conflito agressivo entre duas pessoas que você ama muito.

Como adulto, é provável que você consiga processar essa experiência com muita tranquilidade, até com bom humor.

Agora imagine o pavor que uma criança pode experimentar ao ver seus pais, as duas pessoas que mais ama na vida, gritando um com outro violentamente.

Algumas crianças podem não dar conta de “digerir” essa situação. Ela pode ser pesada demais para seu frágil e precário aparelho psíquico.

Além disso — e aqui entra a segunda razão pela qual os traumas são tão frequentes na infância — a criança é muito dependente; ela praticamente não tem autonomia.

Por conta disso, não pode recorrer à fuga como estratégia de enfrentamento diante de uma situação estressante.

Se o seu namorado se mostra agressivo e desrespeitoso, você, como adulta, pode simplesmente terminar com o cara e nunca mais vê-lo.

Mas o que pode fazer uma criança que convive com uma mãe agressiva e violenta?

Nada. Ela é obrigada a ficar ali, sendo alvo dos ataques maternos, pois depende da genitora para sobreviver.

Baixa capacidade de processamento e dependência: essas são as duas razões pelas quais tantos de nós carregamos traumas de infância.


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O pessimismo como defesa

Como você encara o futuro?

Na minha experiência clínica, frequentemente me deparo com pessimistas convictos, ou seja, pessoas que olham para o futuro e só conseguem enxergar fracassos e frustrações.

O pessimismo parece ser uma atitude injustificável do ponto de vista racional.

Afinal, ao pensar que tudo vai dar errado, o sujeito é levado a sofrer por antecipação e a própria expectativa pessimista o desestimula a tentar evitar o desfecho negativo que imagina.

Considerando essa falta de razoabilidade, certos psicólogos buscam convencer o paciente pessimista de que o seu modo de pensar é ilógico e precisa ser alterado.

“Quais são as evidências de que as coisas vão dar errado no futuro?”, pergunta o terapeuta convencido de que uma simples reflexão racional será suficiente para levar o paciente à mudança.

Não será.

E não será pela simples razão de que o pessimismo não é apenas um raciocínio equivocado, mas fundamentalmente uma maneira DEFENSIVA de pensar.

Sim! Quando olhamos para o futuro e imaginamos que nada vai dar certo, estamos tentando nos proteger.

Quem me ensinou isso foi justamente… uma paciente pessimista.

A história de vida dela foi marcada por um episódio traumático ocorrido quando era criança: sua mãe decidiu ir trabalhar no exterior e deixou para avisá-la poucos dias antes da viagem.

Atônita com a notícia de que, dentro de pouco tempo, não veria mais a mãe, essa moça nunca mais conseguiu relaxar e passou a enxergar o futuro de modo catastrófico.

Pudera! Ao passar a imaginar que as coisas não dariam certo, ela estava, sem perceber, buscando evitar ser pega novamente DE SURPRESA, como aconteceu ao receber a notícia da partida da mãe.

É como se ela pensasse assim: “Preciso imaginar que todos os problemas que eu temo vão acontecer porque, caso eles efetivamente aconteçam, eu já estarei preparada para enfrentá-los.”.

Nesse sentido, o tratamento da expectativa pessimista não passa por um convencimento racional, pois depende da elaboração do trauma que o paciente vivenciou na infância.

Trauma que continua assombrando-o como um fantasma prestes a a reaparecer a qualquer momento.


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Prazer, culpa e decepção: um caso Dora dos nossos dias

Há cerca de 3 meses, inauguramos na CONFRARIA ANALÍTICA uma nova série de aulas especiais. Trata-se do módulo ESTUDOS DE CASOS.

Nessas aulas eu comento e analiso relatos de casos clínicos reais apresentados por alunos da nossa escola, sugerindo hipóteses interpretativas e possíveis estratégias de intervenção e manejo.

Hoje (sexta) teremos mais um estudo de caso.

Desta vez, conheceremos a história de uma jovem adulta que foi seduzida na infância por um importante membro de sua família.

Veremos como uma situação de abus0 dessa natureza explora a s3xualid4de infantil e pode contribuir para o desenvolvimento de inibições em relação ao pr4zer s3xual.

Esse caso também nos permitirá acompanhar o desenvolvimento de uma típica neurose histérica com todos os elementos característicos desse quadro clínico, tais como:

Fixação ao trauma, sintomas conversivos, estado de insatisfação crônica, crises, hipersensibilidade a contrariedades e instabilidade emocional.

Algumas características da história da moça se assemelham à de Dora, a conhecida paciente de Freud.

Com efeito, ambas tiveram que bloquear a admissão do próprio desejo por terem sido convocadas a engajá-lo num contexto de abus0 e sedução.

Além disso, assim como Dora, a jovem cujo caso comentaremos não pôde contar com um ambiente confiável que reconhecesse sua condição de vítima da exploração do outro.

Em terapia, a moça se apresenta “na defensiva”, como diz a analista que a atende, e se incomoda com as perguntas feitas pela terapeuta em relação aos episódios traumáticos de sua infância.

Por que será que isso acontece? Por que essa paciente tem tanta dificuldade para se abrir?

Por que será que, nas ocasiões em que consegue falar dos abus0s, ela “passa a mão no rosto, fica vermelha, chora” e chega até a dar socos em si mesma?

Esses e vários outros enigmas do caso foram examinados nessa aula especial, cujo título é “ESTUDOS DE CASO 03 – Prazer, culpa e decepção: um caso Dora dos nossos dias”.

A aula já está disponível para todos os alunos da CONFRARIA ANALÍTICA.


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