
Em outubro de 1900, Sigmund Freud foi procurado por um ex-paciente para que atendesse sua filha, uma jovem de 18 anos.
A moça, a quem Freud atribuiu o pseudônimo de DORA, andava meio deprimida, sem apetite, tendo desmaios, convulsões, dentre outros sintomas histéricos.
Ao longo do processo terapêutico, que durou apenas cerca de 3 meses, o médico pôde perceber que a paciente havia adoecido em resposta ao seu envolvimento numa teia de relações amorosas que envolviam ela própria, seu pai, uma vizinha (Sra. K) e o marido dessa vizinha (Sr. K).
Com efeito, o genitor e a Sra. K mantinham um caso extraconjugal ao mesmo tempo em que Dora era alvo de assédio por parte do Sr. K.
No tratamento, ficou claro para Freud que a jovem havia sido apaixonada pelo vizinho.
Os pormenores da história vão se revelando à medida que o processo terapêutico progride, sobretudo em função da análise de dois sonhos de Dora.
Todavia, no dia 31 de dezembro daquele ano, para surpresa do médico, a paciente decide simplesmente abandonar o tratamento.
É na tentativa de compreender as motivações desse movimento de Dora que Freud evoca, pela primeira vez, a ideia de “atuação” — que os analistas de língua inglesa traduziram como “acting-out”.
Para Freud, ao sair da terapia, a moça estaria colocando EM ATO o seu desejo de vingança em relação ao Sr. K, o qual, do seu ponto de vista, não queria nada sério com ela.
Ou seja, ao invés de se LEMBRAR e FALAR sobre o ressentimento que nutria em relação ao vizinho por ter se sentido enganada por ele, Dora efetivamente REALIZOU sua vingança transferindo a figura do Sr. K para Freud.
Trata-se de uma transferência em estado “selvagem”, como diz Lacan, já que não foi objeto de interpretação em análise.
Com efeito, Freud só se deu conta que a paciente estava fazendo com ele o que queria ter feito com o Sr. K algum tempo depois que ela foi embora.
ATOS como o de Dora, que expressam simbolicamente conteúdos inconscientes, acontecem com muita frequência tanto dentro quanto fora do contexto terapêutico.
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