
— Você se lembra quando começou? — pergunta Flávia, a psicóloga que Bruna procurou por indicação de sua médica.
— Eu não tenho certeza, mas acho que foi depois da morte do Léo.
— Vocês estavam casados há quanto tempo?
Bruna abaixou a cabeça e a terapeuta pôde notar algumas lágrimas despencando no jeans que a paciente trajava.
— Quatro meses — respondeu a advogada depois de alguns segundos em silêncio.
Com um semblante empático, a psicóloga mirou os olhos de Bruna, levando a paciente a sentir suficientemente acolhida para continuar a falar.
— Eu lembro que na hora em que me ligaram para contar da batida, senti uma dor tão grande, Flávia, que parecia que estavam me dando uma facada bem aqui no peito.
— Uma dor que ainda não passou, né Bruna? — pontuou a terapeuta.
— Nossa, mas era diferente… Eu acho que essas dores da fibromialgia nem se comparam com o que eu senti nesse dia. O Léo era o amor da minha vida, Flávia!
Após dizer isso, a paciente começou a chorar convulsivamente. A psicóloga se levantou e pegou um copo com água.
Depois de alguns minutos, Bruna se recompôs e voltou a falar:
— Às vezes eu acho que tem uma maldição em cima de mim, sabe? Os quatro meses que passei casada com o Léo foram o único momento realmente feliz que eu tive na vida.
— Por que você diz isso?
— Por que lá em casa sempre foi um inferno, Flávia. Lembra daquela surra que eu te contei que a minha mãe levou do meu pai? Eu via aquilo direto… Não gosto nem de lembrar…
— A fibromialgia não te deixa esquecer…
— Como assim?
Flávia cogitou encerrar a sessão naquele momento, mas, considerando o estado vulnerável que a paciente apresentava, decidiu que era importante oferecer alguma explicação:
— Essas dores que passeiam pelo seu CORPO, Bruna, talvez simbolizem todas as OUTRAS dores, muito mais intensas, que você tem carregado na ALMA…
A hipótese com a qual Flávia está trabalhando é a de que a fibromialgia da qual padece a paciente é produto da conversão de suas dores psíquicas para o corpo.
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