Você está preso em uma fantasia?

Nosso psiquismo possui uma espécie de lei de autorregulação que Freud chamou de “princípio do prazer”.

Ela se expressa na tendência de buscarmos coisas que nos agradam e evitarmos o que nos faz sofrer.

Podemos ver o princípio do prazer em ação principalmente quando a vida nos obriga a passar por situações desagradáveis das quais não podemos fugir.

É o que acontece, por exemplo, com crianças traumatizadas, que convivem com pais negligentes, autoritários ou violentos.

Como eu sempre digo, a criança não pode “terminar” com os pais e simplesmente sair de casa. Como depende deles, é obrigada a suportá-los.

Porém, graças ao princípio do prazer, que, como eu disse, nos impele a fugir de situações desagradáveis, a criança traumatizada pode se refugiar… em si mesma.

Sim. Diante de uma realidade dolorosa, porém inevitável, ela pode criar uma FANTASIA, ou seja, um enredo imaginário que se contrapõe àquilo que vivencia.

Por exemplo: para não ter que admitir a realidade de que sua mãe é negligente e excessivamente autocentrada, Cíntia criou a seguinte fantasia:

“Eu sou uma menina má por natureza, indigna de receber afeto. É por isso que mamãe não presta muita atenção em mim.”

Perceba como a fantasia deu SENTIDO à realidade dolorosa e, ao mesmo tempo, AMENIZOU o sofrimento da garota ao eliminar sua expectativa pelo amor materno.

A partir do momento em que a fantasia se consolidou, Cíntia passou a se contentar com o pouco de atenção que a mãe lhe dispensava e, assim, deixou de se frustrar.

O problema é que, se a fantasia, num primeiro momento, tem essa função protetiva, com o passar do tempo, ela vai se tornando uma prisão.

Afinal, com medo de voltar a se sentir injustamente rejeitada, Cíntia precisará continuar imaginando-se como uma pessoa má e indigna de amor.

E aí, a chance de se envolver em relacionamentos com pessoas que a enxerguem exatamente dessa forma é muito grande.

Infelizmente, quando estamos presos a uma fantasia, inconscientemente nos esforçamos para fazer com que ela corresponda à realidade…


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