Neste vídeo, explico de forma simples e didática como o psicanalista exerce a atenção flutuante no contexto clínico e as diferenças entre esse tipo especial de escuta e o modo como normalmente acolhemos a fala das pessoas no dia-a-dia.
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A terapia psicanalítica não é uma simples conversa. Apesar de analista e paciente falarem coisas um para o outro, esse diálogo é intencionalmente estruturado de uma forma específica para produzir determinados efeitos. E isso acontece por meio da aplicação de determinadas técnicas. Neste vídeo, comento 4 delas.
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O divã dá mais liberdade ao paciente para fazer a associação livre e também ajuda o analista a exercer a atenção flutuante. Mas qual é o momento certo de pedir ao paciente que faça as sessões deitado no divã? Assista ao vídeo e descubra.
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Uma sessão de terapia psicanalítica se parece muito com uma conversa.
Não por acaso, o método catártico — embrião da Psicanálise — foi chamado por Anna O. de “talking cure” (cura pela conversa).
Assim, se um desavisado visse à distância uma sessão de Psicanálise, poderia muito bem ter a falsa impressão de que analista e paciente estão só batendo papo.
Aliás, os próprios pacientes muitas vezes podem ter essa sensação…
No entanto, obviamente sabemos que não se trata disso; a terapia psicanalítica não é uma simples conversa.
E por que não?
Porque, apesar de analista e paciente falarem coisas um para o outro, esse diálogo tem um caráter ARTIFICIAL.
Isso significa que ele é intencionalmente estruturado de uma forma específica para produzir determinados efeitos.
E esse arranjo artificial, por sua vez, é concretamente estabelecido por meio da aplicação de determinadas técnicas por parte do psicanalista.
Nos cards você encontrará 4 delas.
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Quero abordar essa questão no texto de hoje, mas antes preciso esclarecer um ponto muito importante acerca do próprio uso do divã na terapia psicanalítica.
Não, essa peça de mobiliário NÃO é um item indispensável para a prática da Psicanálise.
Freud usava o divã basicamente porque considerava muito cansativo ficar olhando para diferentes pessoas ao longo de um dia inteiro de trabalho.
Por outro lado, o próprio pai da Psicanálise e a comunidade analítica de forma geral foram se dando conta de que esse móvel realmente FACILITA o trabalho terapêutico.
Com efeito, dá mais liberdade ao paciente para fazer a associação livre e também ajuda o analista a exercer a atenção flutuante ao que é dito pelo analisando.
Todavia, favorecer não significa POSSIBILITAR.
Como eu disse, o divã facilita o trabalho analítico, mas é totalmente possível desenvolver esse trabalho sem ele.
Se não fosse assim, a prática da Psicanálise no serviço público ou na modalidade online seria inviável.
Feitas essas considerações preliminares, vamos à questão: se o analista trabalha com o divã, quando deve convidar o paciente para se deitar nele?
Na minha opinião, isso deve acontecer só depois que o terapeuta é introjetado pelo paciente, ou seja, quando se torna um objeto interno no psiquismo do analisando.
Na prática, isso corresponde ao momento em que o paciente passa a se relacionar com o analista não mais como um simples profissional com quem ele conversa toda semana, mas essencialmente como um DESTINATÁRIO.
Sim, um destinatário: alguém a quem ele endereça suas fantasias, seus anseios, suas queixas — elementos que outrora foram dirigidos a papai e mamãe.
Esse processo está em franco funcionamento quando, por exemplo, o analisando tem sonhos com o terapeuta ou pensa nele quando acontecem determinadas coisas ao longo da semana…
Enfim, trata-se do momento em que a figura do analista começa a FAZER PARTE dos pensamentos do paciente fora das sessões.
Nessa situação, pedir ao analisando para se deitar no divã, ou seja, retirar do campo de visão dele a imagem real do analista, funciona como uma estratégia para reforçar a relação do paciente com o terapeuta enquanto objeto interno.
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Muita gente que nunca fez análise imagina que as sessões são constituídas basicamente de um bate-papo com o terapeuta. Neste vídeo eu explico por que essa ideia é equivocada.
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Na terapia psicanalítica, geralmente fazemos ao paciente um pedido mais ou menos assim:
“Olha, para que o seu tratamento funcione, é preciso que você converse comigo de uma forma diferente da habitual. No dia a dia, nós geralmente PENSAMOS ANTES DE FALAR. Afinal, a gente se preocupa em se fazer compreender pelo outro e também com a imagem que o outro fará de nós em função do que dizemos. Aqui na Psicanálise não deve ser assim. Você deverá dizer exatamente aquilo que vier à sua cabeça, ou seja, não impeça nenhum pensamento de ser verbalizado. Ainda que você ache que não vai fazer sentido, que pode parecer indecente ou que eu não vá gostar de ouvir, só fale. Não censure nada”.
Trata-se da famigerada regra fundamental da Psicanálise, a associação livre. Em suma, a gente pede para o paciente NÃO CONTROLAR a própria fala.
Beleza. Mas, se o paciente deve falar dessa forma, como o analista deve escutar o que ele diz?
— Uai, Lucas, deve escutar… escutando, não? Existe mais de uma maneira de escutar?
Mas é claro, caríssimo leitor!
Assim como a associação livre é um jeito de falar diferente da fala comum, o modo como o analista escuta o paciente também precisa ser diferente do habitual.
Se o paciente é convocado a falar sem censura, o analista também precisa escutar SEM QUALQUER TIPO DE FILTRO.
— Ah, Lucas, mas isso é fácil. Eu sei que dá para evitar falar certas coisas, mas não tem como o terapeuta deixar de ouvir alguma coisa que o paciente está dizendo, a não ser que ele tape os ouvidos. Afinal, escutar é um ato passivo.
Que bobagem você acaba de dizer, caro leitor!
A escuta é um processo tão ativo quanto a fala.
Assim como eu posso selecionar o que vou dizer, consigo também escolher cuidadosamente o que vou escutar.
E é EXATAMENTE ISSO o que Freud dizia que o psicanalista NÃO deve fazer.
Para alcançar esse modo diferente de escutar, o terapeuta deveria, segundo Freud, deixar a sua atenção “uniformemente suspensa” — procedimento cognitivo que ficou conhecido na Psicanálise como “atenção flutuante”.
Quer saber como o analista exercita na prática a atenção flutuante?
Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá ainda hoje uma aula especial sobre esse assunto.
Te vejo lá!
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Ninguém se torna psicanalista apenas estudando a teoria e atendendo pessoas.
Um requisito básico e essencial para quem deseja praticar a Psicanálise é passar pela experiência de ser paciente de outro analista durante um bom tempo.
Por isso, saliento que a participação assídua e aplicada na Confraria Analítica representa um EXCELENTE ponto de partida no caminho de quem deseja se tornar analista.
Todavia, a maior parte dessa jornada deve ser percorrida no divã.
É no divã que vamos ficando cada vez menos vulneráveis aos nossos “pontos cegos” que brotam do Inconsciente e comprometem a escuta e o acolhimento do outro.
E é também no divã que APRENDEMOS habilidades PRÁTICAS que são fundamentais para o exercício da Psicanálise.
Não se fala muito sobre isso no campo psicanalítico, mas é forçoso reconhecer que existe um rol de COMPETÊNCIAS que todo psicanalista precisa ter.
A gente pode até ler sobre elas (como está sendo o caso nessa postagem), estudá-las, mas só as incorporamos de fato quando temos a oportunidade de VIVENCIÁ-LAS na prática.
E isso acontece justamente quando passamos durante uns bons anos pela experiência de sermos pacientes de outro analista.
Nos cards você encontrará algumas dessas habilidades fundamentais.
Falarei mais detalhadamente sobre elas na aula especial de amanhã (sexta) que será recebida por quem faz parte da Confraria.
Dessas habilidades citadas, qual você considera que seja a mais difícil de desenvolver?
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Neste vídeo: entenda o que é a Psicanálise, como funciona a terapia psicanalítica e quais os seus principais objetivos.
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Qualquer pessoa minimamente versada em psicanálise sabe que Freud inventou o método psicanalítico principalmente para obter êxito no tratamento da histeria. As experiências com a hipnose e com o método catártico realizadas em parceria com Breuer já haviam revelado a ele a natureza dos enigmáticos sintomas histéricos. Tratava-se, na verdade, de substitutos de desejos, pensamentos e fantasias que haviam sido excluídos da consciência pelo próprio indivíduo. A hipnose e o método catártico também haviam mostrado que quando se trazia os conteúdos reprimidos novamente para a consciência, os sintomas tendiam a desaparecer, pois perdiam sua função de substituir o material recalcado. Como já expliquei em outro texto, a psicanálise foi inventada justamente porque esse processo de trazer os conteúdos reprimidos novamente para a consciência não é nada fácil na medida em que sofre uma forte resistênciada parte do ego.
Contudo, apesar de ter proposto um método novo para o tratamento da histeria (e de outras neuroses), Freud continuou durante um bom tempo almejando o mesmo objetivo de antes: levar o sujeito a preencher as lacunas de seu psiquismo produzidas pelo processo de recalcamento. Isso fez com que o tratamento psicanalítico se concentrasse naquilo que o paciente diz (e não diz) e nas eventuais interpretações do analista desses ditos e não-ditos. A regra da associação livre e a técnica da atenção flutuante, por exemplo, são procedimentos que visam justamente permitir que o material inconsciente possa aflorar. Assim, podemos dizer que o foco do tratamento são os conteúdos que emergem ao longo das sessões.
Nesse contexto, a relação entre paciente e analista é vista como um elemento potencialmente perturbador do processo de revelação do inconsciente. Por isso, Freud recomenda que o analista se mantenha neutro, tal como um químico diante de um tubo de ensaio. As possíveis demandas de apoio, cuidado e amor feitas pelo paciente não devem ser atendidas, mas interpretadas, na medida em que são vistas apenas como reedições de demandas feitas originalmente às figuras parentais. Em outras palavras, o analista não deve se colocar no tratamento como uma pessoa se relacionando com outra. Pelo contrário, deve apagar-se a fim de que apenas o inconsciente possa se fazer presente.
Diversos analistas pós-freudianos, dentre eles Ferenczi e Winnicott, perceberam que para muitos pacientes, o apagamento do analista não era nada terapêutico. No tratamento desses pacientes, a relação com o analista seria tão ou mais relevante que a análise do material verbalizado. Para Winnicott, por exemplo, alguns pacientes neuróticos (histéricos, obsessivos e fóbicos), a despeito da gravidade de seus sintomas, possuem a segurança suficiente para mergulharem na investigação do inconsciente sem que o analista precisasse fazer nada. Nesses casos, a atitude fria e neutra do analista não exerceria influência significativa no tratamento, podendo até favorecer o trabalho.
Por outro lado, existem pacientes que sofrem de patologias cuja raiz não está no recalque de determinados conteúdos psíquicos, mas em distúrbios experimentados nos estágios mais precoces do desenvolvimento emocional. Na análise desses indivíduos, a relação com o analista é trazida para o primeiro plano. Na medida em que os sintomas que apresentam não são, em sua maioria, substitutos de conteúdos recalcados, tais pacientes não se beneficiam de uma análise baseada apenas na associação livre e na interpretação. As manifestações patológicas que trazem à clínica estão ligadas a traumas vivenciados em estágios muito primitivos de sua história e provocados por falhas do ambiente. Em outras palavras, a origem do sofrimento desses pacientes está ligado a problemas na relação com os primeiros objetos. Em decorrência, no tratamento, o elemento determinante não poderá ser outro que não a relação com o analista. Nesse caso, o analista será obrigado a abandonar sua posição habitual de neutralidade e abstinência já que esse tipo de atitude, como dissemos, faz com que ele se apague em vez de se fazer presente.
De que forma o analista deve se fazer presente? Se o foco do tratamento passa a ser a relação e não os conteúdos, de que forma o analista deve se comportar? E quais serão os novos objetivos do tratamento já que não se trata mais de preencher as lacunas produzidas pelo recalque?
Todos os iniciantes na prática da psicanálise possuem uma série de dúvidas de ordem prática e operacional que geralmente não são sanadas nos cursos de formação. Uma das perguntas mais frequentes de quem está começando a atender pacientes diz respeito à realização ou não de notas durantes as sessões.
Não se trata de uma indagação para a qual se tenha uma resposta óbvia. Afinal, muitas informações que se encontram no discurso do paciente precisam ser registradas, pois podem ser úteis na construção de um relato clínico ou mesmo para a própria compreensão mais clara da história clínica do paciente. Em certos casos clínicos de Freud é possível verificar, por exemplo, o quanto certos dados cronológicos foram extremamente relevantes para o entendimento da doença do paciente.
Vemos, portanto, que os registros escritos são de fato muito importantes tanto para a elaboração de um relato do caso quanto para a própria condução do tratamento. Por outro lado, sabemos também que nem todos os analistas são dotados de uma alta capacidade de memorizaçãoe, além disso, as próprias questões inconscientes do analista podem acabar influenciando suas lembranças relativas às sessões. Isso coloca em xeque as anotações que são feitas após o encerramento da sessão, já que o analista pode simplesmente não se lembrar das informações de que precisa.
Dada essa dificuldade, o que fazer? Anotar durante as sessões?
Num texto de 1912, chamado “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise”, Freud nos dá algumas dicas de como solucionar esse problema. Vejamos o que o pai da psicanálise diz:
1. NÃO SE DEVE ANOTAR TUDO O QUE O PACIENTE DIZ.
Lembre-se: você é um psicanalista e não um estenógrafo! Não dá para tratar um paciente e escrever ao mesmo tempo. Ninguém consegue realizar duas atividades ao mesmo tempo. Logo, se você está preocupado em anotar tudo o que o paciente diz, sua tarefa de fazer a análise acontecer será deixada de lado. Além disso, a grande maioria dos pacientes se sente desconfortável, intimidada e, frequentemente, percebe que você deixou de lado a análise e está focado apenas em anotar o que fala. Outra razão pela qual você não deve anotar integralmente o que o paciente diz é que a anotação exige um tipo de concentração que é inteiramente contrária à atitude que um analista deve adotar durante a sessão. Essa atitude, que Freud chamou de “atenção flutuante” deve permitir ao analista se deixar levar pela associação-livre do paciente e captar os momentos propícios a uma pontuação ou interpretação. Portanto, se você está preocupado em anotar o que paciente diz, sua atenção ficará presa apenas ao discurso em si do paciente e não estará livre para perceber as incoerências, lapsos, atos-falhos e outras eventualidades que não devem jamais passar despercebidas.
2. FAÇA APENAS ANOTAÇÕES EVENTUAIS
Datas são informações que, pela reduzida possibilidade de associação consciente, tendem a ser facilmente esquecidas. Por outro lado, são altamente relevantes para a compreensão do caso, pois muitas vezes são significantes que estão intimamente associados a eventos cruciais da história do paciente. Logo, talvez seja interessante ter um caderninho de notas por perto para poder anotar alguns delas.
Determinados sonhos e eventos da história clínica fornecem uma espécie de “radiografia” tão precisa da situação do paciente ou de uma fantasia inconsciente que, caso não sejam registrados, correm o risco de serem perdidos como informação para a confecção de um relato clínico. Nas ocasiões em que tais elementos aparecerem, anotá-los pode ser indicado, afinal o valor a longo prazo da informação compensará os poucos minutos de intervalo da atenção flutuante.
Conclusão
Não, não é recomendável que o psicanalista faça anotações regulares durante as sessões. Não se engane: se em reuniões e outros compromissos profissionais fazer anotações pode ser vista como uma atitude que indica profissionalismo e seriedade, na análise esse comportamento apenas provocará irritação e incômodo no paciente e tirará sua atenção dos reais objetivos do tratamento. Todavia, deixe sempre o bloquinho por perto. Datas relevantes, sonhos e outros eventos importantes podem ser exceções à regra.