A Psicanálise propõe um exame do Inconsciente

Outro dia, depois que eu lhe pedi para me dizer o que achava que poderia ter servido como gatilho para sua crise de ansiedade, uma paciente me respondeu mais ou menos o seguinte:

— Não sei. Eu já fiz o meu exame de consciência e não encontrei nada.

Quero tomar essa fala como ponto de partida para fazer um comentário sobre uma especificidade da Psicanálise.

“Exame de consciência” é um termo proveniente do Catolicismo. Trata-se de um exercício reflexivo que todo fiel católico deveria fazer antes de se confessar ao sacerdote.

Provavelmente, minha paciente não utilizou tal expressão nesse sentido estrito e religioso, mas simplesmente como sinônimo de reflexão consciente.

Todavia, a resposta que ela me deu é interessante porque ilustra uma das diversas ilusões humanas que a Psicanálise busca demolir.

Nesse caso, trata-se da ilusão de que podemos ter acesso consciente a todos os nossos pensamentos e impulsos motivadores.

Quando minha paciente diz que já fez o seu “exame de consciência” e não encontrou nada que pudesse justificar suas crises de ansiedade, o que ela está sugerindo?

Ora, que não haveria nenhum motivo psíquico para sua ansiedade e que, portanto, suas crises devem ter sido causadas por fatores totalmente físicos (ela disse isso explicitamente, inclusive).

Como uma típica paciente obsessiva, ela se recusa a considerar a possibilidade de que existem elementos psíquicos que não podem ser alcançados por seu “exame de consciência”.

Mas, veja: essa tendência obsessiva de supervalorizar a consciência está presente, em alguma medida, em todos nós.

Esta é uma das razões pelas quais a Psicanálise causa tanto incômodo desde que nasceu lá na final do século XIX.

Opondo-se a esse nosso apego narcísico à dimensão consciente do psiquismo, o psicanalista propõe a quem o procura um corajoso “exame do Inconsciente”.

Para fazê-lo, ao invés de meditar conscientemente sobre sua conduta, o paciente deve simplesmente ESCUTAR-SE, como um mero espectador da própria alma.

Só assim ele será capaz de SURPREENDER-SE consigo mesmo e enxergar pensamentos que jamais imaginou que pudessem habitá-lo.


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Ana, uma típica perfeccionista. Você se parece com ela?

Ana é uma mulher de 29 anos que procurou terapia se queixando de excesso de ansiedade e preocupações, dores de cabeça constantes e problemas no relacionamento com o marido.

Assim como um corredor olímpico se esforça incansavelmente para ser alguns milésimos de segundo mais veloz, Ana está o tempo todo achando que precisa melhorar como mãe, esposa e profissional.

A moça atua como professora de História e não se lembra qual foi a última vez em que saiu de uma sala de aula satisfeita com seu desempenho.

Sempre termina o dia de trabalho com a sensação de ter sido muito prolixa ou ter passado por certos tópicos de forma muito superficial.

Essa frustração constante é o que motiva Ana a gastar o pouco tempo livre que possui relendo várias vezes o material didático com que trabalha ou assistindo vídeos com dicas pedagógicas para professores.

O curioso é que a jovem frequentemente recebe feedback positivo por parte dos seus alunos e dos coordenadores das escolas onde leciona.

Quando isso acontece, ela fica contente, mas, ao mesmo tempo, se questiona: “Será que eu mereço mesmo esses elogios?”.

Em casa, Ana está sempre colocando em dúvida sua competência como mãe:

Basta o filho fazer alguma “malcriação” típica de qualquer criança para que a moça comece a pensar que falhou e que precisa aprimorar sua performance como educadora.

Os problemas com o marido decorrem da falta de relações sexuais entre eles.

O companheiro se queixa de que Ana nunca está a fim e ela, apesar de se sentir culpada, não consegue fazer nada para mudar.

Com efeito, a jovem gasta a maior parte da sua libido nesse esforço constante de melhoria da sua performance como mãe e professora. Não sobra energia para o sexo.

Além disso, Ana não se sente suficientemente atraente e desejável para o marido. Então, fica com vergonha de procurá-lo na cama.

Felizmente, essa jovem encontrou um terapeuta que assistirá à aula especial “PSICANÁLISE DO PERFECCIONISMO”, que será publicada ainda hoje (sexta) na CONFRARIA ANALÍTICA.

Com os conhecimentos obtidos nesse conteúdo, o terapeuta terá subsídios para investigar a origem da tendência perfeccionista de Ana e poderá ofertar a ela um tratamento de qualidade.


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