
Certa vez eu participei de uma palestra em que um colega psicanalista disse algo mais ou menos assim:
— Frequentemente a gente tem a impressão de que em algum lugar está rolando uma baita festa, em que todo o mundo se sente absolutamente feliz, e para a qual somente nós não fomos convidados.
Naquela época o Instagram sequer havia sido inventado. Do contrário, meu colega não precisaria ter usado essa analogia. Bastaria descrever o que acontece nesta rede social…
Você está aí vivendo seu cotidiano tranquilamente, relativamente satisfeito com seu trabalho, seu relacionamento, tendo momentos de lazer… Enfim, tendo uma vida mais ou menos normal.
Aí você entra no Instagram para se entreter e começa a acompanhar a vida de blogueiras e influenciadores nos stories.
De repente, você ganha acesso a um mundo de viagens espetaculares, casas luxuosas, corpos esculturais, restaurantes premiados, relacionamentos amorosos impecáveis etc.
Você sabe intelectualmente que todos aqueles vídeos e fotos foram cuidadosamente selecionados, editados e não compõem um retrato fiel da vida daquelas pessoas.
Apesar disso, o contato frequente com esse tipo de conteúdo inevitavelmente o leva a olhar para sua vida (que, até então, você percebia como boa) e passar a considerá-la pobre e limitada.
Veja: essa sensação amarga de FALTA só aparece em função da FANTASIA de uma vida PERFEITA que você foi levado a construir com base no conteúdo compartilhado pelas blogueiras e influenciadores.
Se parasse de assistir aos stories dessa galera, você iria voltar a ficar satisfeito com a sua vida, certo?
ERRADO. Nós nunca estamos plenamente satisfeitos.
Com exceção dos deprimidos, todos nós experimentamos esse comichão eterno que nos faz estar sempre buscando algo a mais, um trem diferente, que muitas vezes a gente nem consegue nomear.
E esse comichão é produzido justamente porque todos nós, com o ou sem Instagram, nutrimos no fundo da alma o sonho de reencontrar um estado de satisfação absoluta que imaginamos ter vivido lá no início da vida.
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