Você busca o outro apenas como um meio de satisfação?

No artigo “Os instintos [pulsões] e suas vicissitudes”, Freud afirma o seguinte:

“O objeto do instinto [pulsão] é aquele com o qual ou pelo qual o instinto [pulsão] pode alcançar a sua meta. É o que mais varia no instinto, não estando originalmente ligado a ele, mas lhe sendo subordinado apenas devido à sua propriedade de tornar possível a satisfação.”

Este trecho deixa claro que, para ele, o objeto investido pela pulsão seria tão-somente um MEIO para alcançar a satisfação.

Por “satisfação”, entenda-se “descarga”, pois Freud concebia a pulsão como uma excitação que brota no corpo e gera um estado tensão no aparelho psíquico.

Ou seja, buscamos objetos (pessoas, coisas ou até nós mesmos) para aliviar essa tensão.

Assim, se você tem um namorado, por exemplo, esse vínculo teria sido formado, essencialmente, para que vocês pudessem usar um ao outro como meios de satisfação.

Mas essa visão fazia sentido diante da realidade clínica?

O psicanalista escocês Ronald Fairbairn achava que não.

Ao observar quantas pessoas permanecem em relações extremamente insatisfatórias, ele propôs uma nova ideia:

O objeto não seria apenas um meio, mas o próprio alvo da pulsão.

Ou seja, investimos libido não apenas para descarregar tensão, mas para nos vincularmos ao outro.

Quer entender melhor essa concepção de Fairbairn e as críticas que ele faz às ideias de Freud?

Na aula que acaba de ser publicada na CONFRARIA ANALÍTICA, explico essa mudança de perspectiva e suas implicações clínicas.

O título dela é “Fairbairn e sua crítica à visão freudiana da libido” e já está disponível no módulo AULAS TEMÁTICAS – TEMAS VARIADOS.

Para se tornar nosso aluno e ter acesso a essa aula e a todo o nosso acervo de mais de 500 horas de conteúdo, acesse o linque que está no meu perfil.


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[Vídeo] Não queremos abandonar nossos sintomas

Esta é uma pequena fatia da AULA ESPECIAL “CONCEITOS BÁSICOS 22 – G0z0” que já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – CONCEITOS BÁSICOS da CONFRARIA ANALÍTICA.


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Gozo: uma tendência a ir além da conta

Aquele era o sétimo pedaço de pizza que Renato colocava em seu prato.

O rapaz já estava mais do que saciado, mas sentia uma vontade inexplicável de continuar comendo.

Não era pelo prazer proporcionado pelo sabor da pizza. Na verdade, ele já estava até enjoado daquele gosto de molho de tomate, queijo e orégano.

Apesar disso, Renato devorou não só o sétimo, mas também o oitavo pedaço.

Era como se ele PRECISASSE comer a pizza toda, mesmo correndo o risco de passar mal — o que, de fato, veio a acontecer.

“Eu não tenho limite”, era o que o rapaz dizia reiteradamente para sua terapeuta.

Agora falemos de Luciana.

Trata-se de uma médica de 35 anos que namora Bruno há cerca de três anos.

Desde o início, o relacionamento entre os dois é marcado por muita turbulência.

Ambos são ciumentos e, por isso, estão sempre brigando. Às vezes, de forma bastante violenta.

Luciana já chegou a fazer arranhões profundos no carro de Bruno depois de ver que ele havia seguido uma colega de trabalho no Instagram.

O rapaz, por sua vez, já deixou a namorada trancada no quarto do casal a fim de que ela não fosse a um churrasco na casa de uma prima.

Vários amigos já disseram a Luciana que ela deveria sair desse relacionamento tóxico antes que acontecesse uma tragédia.

A moça concorda e sabe que essa é a decisão mais prudente a ser tomada. Porém, simplesmente não consegue terminar o namoro.

Por conta das inúmeras brigas, o relacionamento acabou se desgastando muito.

Eles nem conversam direito e Luciana sequer se lembra qual foi a última vez que fizeram amor.

“Eu não consigo entender por que permaneço numa relação que só me faz mal”, é o que a médica disse para seu analista quando começou a fazer terapia.

Renato e Luciana têm algo em comum: ambos estão dominados por aquilo que o psicanalista francês Jacques Lacan chamou de gozo.

Na AULA ESPECIAL publicada nesta sexta-feira na CONFRARIA ANALÍTICA eu explico esse conceito de forma simples, clara e didática.

O título da aula é “CONCEITOS BÁSICOS 22 – Gozo” e ela já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – CONCEITOS BÁSICOS.


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[Vídeo] Entenda a diferença entre ganho primário e ganho secundário


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Entenda a diferença entre ganho primário e ganho secundário

A expressão “ganho secundário” está na boca do povo.

Ela acabou se disseminando em função de seu uso no campo médico e muita gente a emprega sem saber que se trata de um conceito psicanalítico.

O problema é que, frequentemente, o termo é utilizado de forma equivocada, pois as pessoas não prestam a devida atenção ao adjetivo “secundário”.

Ora, se eu qualifico certos ganhos como SECUNDÁRIOS, é justamente para diferenciá-los de outros ganhos que são… PRIMÁRIOS, concorda?

Isso deveria ser óbvio, mas é impressionante a quantidade de gente, mesmo no campo psicanalítico, que ignora completamente o conceito de “ganho primário”.

Se esse é o seu caso, vamos lá. Eu vou te explicar.

Do ponto de vista psicanalítico, todo problema emocional (todo!) é ÚTIL para a pessoa que o desenvolve.

Por quê?

Porque ele “resolve” determinadas questões internas que levam o sujeito a experimentar uma angústia insuportável.

Eu coloquei a palavra RESOLVE entre aspas porque não se trata de uma resolução no sentido mais apropriado do termo.

O sintoma “resolve” questões internas do sujeito assim como uma fita adesiva “resolve” a haste quebrada dos seus óculos.

Ou seja, é só uma gambiarra.

Mas, como toda gambiarra, FUNCIONA.

Pois bem, meus caros, isto é o ganho PRIMÁRIO: o benefício direto que o sujeito obtém com seus sintomas em relação a suas questões internas mal resolvidas.

A postura exageradamente passiva de Bruna, por exemplo, proporciona a ela o ganho primário de evitar fazer o doloroso contato com seus impulsos agressivos.

E o ganho secundário, Lucas? Qual a diferença?

Os ganhos secundários são as vantagens INDIRETAS que o problema emocional fornece à pessoa na sua relação com os outros e com o mundo de forma geral.

Bruna, por exemplo, sempre foi bastante elogiada pela família e por seus professores por ser quietinha, certinha e nunca dar trabalho.

Entendeu?

Uma boa forma de memorizar a diferença é pensar assim:

O ganho primário é a vantagem INTERNA que os problemas emocionais proporcionam.

Já os ganhos secundários são os benefícios EXTERNOS gerados pelos sintomas.


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[Vídeo] 3 descobertas psicanalíticas que explodem as nossas cabeças


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[Vídeo] E se você apenas se levantasse?

Não precisamos encarar a cura obtida pelo paralítico necessariamente como um milagre.

Podemos pensá-la tão-somente como o efeito da astuta intervenção psicanalítica feita por Jesus…


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“Levante-se, pegue o seu leito e ande”: um Jesus lacaniano

Outro dia eu abri uma caixinha de perguntas lá no Instagram e uma moça me enviou o seguinte questionamento:

“Tenho depressão, faço análise há 17 anos e não melhoro. O que pode ser?”.

Eu respondi com o trecho do Evangelho de São João que narra o encontro de Jesus com um doente em “Betesda”, uma piscina pública de Jerusalém.

A passagem termina com o homem curado de sua paralisia após ter ouvido do rabino a seguinte exortação:

“Levante-se, pegue o seu leito e ande.”.

Alguns seguidores interpretaram erroneamente que eu estaria sugerindo à pessoa que a depressão dela só seria curada pela fé. 🤦‍♂️

Nada a ver!

Do meu ponto de vista, a referida passagem pode ser interpretada sem qualquer referência a aspectos religiosos.

Não precisamos encarar a cura obtida pelo paralítico necessariamente como um milagre.

Podemos pensá-la tão-somente como o efeito da astuta intervenção psicanalítica feita por Jesus. Senão, vejamos:

Quando o rabino pergunta ao doente se ele não queria ficar curado, a resposta do sujeito revela, nas entrelinhas, o GOZO que, de fato, sustenta sua enfermidade.

O cara sequer diz que quer, sim, ser curado. Em vez disso, ele JUSTIFICA por que está há anos ali, à beira da piscina:

“Não tenho ninguém para me colocar no tanque na hora em que o anjo passa. Aí, enquanto eu me arrasto para entrar na água, outra pessoa desce antes de mim.”.

Perceba: esse sujeito está preso à ideia fixa de que ele só será curado MIRACULOSAMENTE pela SUPOSTA passagem do anjo.

E o pior é que, mesmo sabendo que dificilmente conseguirá ser o primeiro a entrar na piscina, o infeliz continua ali, nutrindo a expectativa completamente ilusória de um dia conseguir.

É por isso que Jesus pergunta para ele:

“Uai, cê não quer ficar curado, não?”.

Esse questionamento pode ser lido como uma espécie de interpretação à moda lacaniana na medida em que faz alusão à SATISFAÇÃO com a doença que o paralítico não é capaz de reconhecer.

Ora, se ele SABE que é quase impossível ser o primeiro a entrar na água, por que continua inerte ali, à beira da piscina?

Por que não vai em busca de uma alternativa?

Por que não EXPERIMENTA simplesmente… levantar, pegar o seu leito e andar? 😉


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Você sempre está onde te convém

Sim, por pior que seja a situação, se você tem como sair dela e mesmo assim permanece, é porque deseja permanecer.

Aí você me diz: “Mas, Lucas, isso que você está falando não faz sentido. Eu não estou no trabalho que gostaria de estar nem o meu relacionamento é como eu gostaria que fosse. Como, então, você pode me dizer que estou onde desejo estar?”.

Vamos lá. Deixa eu te explicar:

Ao contrário do que pensa, você não é uma pessoa só. Na verdade, uma das dimensões do que você chama de EU é uma síntese das diversas pessoas que você amou desde o início da vida. Em outras palavras, há em você pedaços do seu pai, da sua mãe, de irmãos, de professores, de amigos, de tios, enfim… Você é um monte de gente reunida em uma pessoa só.

Ao mesmo tempo, você possui uma série de desejos, inclinações e impulsos que estão no seu Inconsciente e que, portanto, você reprimiu e não é capaz de reconhecer.

Nesse sentido, esse trabalho ou relacionamento que você percebe conscientemente como insatisfatórios e fontes de sofrimento podem muito bem estar agradando os traços paternos ou maternos presentes no seu Eu ou sendo extremamente aprazíveis para certos impulsos que você mantém reprimidos no Inconsciente.

Entendeu? Ainda não? Então, continue lendo.

Em outras palavras, o que estou querendo te mostrar é que a gente sempre faz aquilo que deseja. Se não conseguimos perceber isso é porque nem sempre sabemos quais são os desejos que se fazem presentes em nós. Afinal, como o demônio que escravizava o gadareno, nós “somos muitos”…

Múltiplos e contraditórios desejos nos habitam e direcionam nossa existência enquanto nos iludimos achando que nossas escolhas são sempre fruto de nossas decisões conscientes. É por isso que muitas vezes permanecemos em situações que SABEMOS serem desfavoráveis e dolorosas. Com efeito, essa consciência não impede que certas partes de nós se satisfaçam por meio delas.

Na terapia psicanalítica, ajudamos o paciente a tomar consciência e se apropriar desses diversos desejos inconscientes que agem sobre ele à revelia de sua vontade.


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[Vídeo] Recado Rápido #04 – Maturidade e negociação

Neste quarto recado rápido falo sobre um dos aspectos que caracterizam um indivíduo emocionalmente maduro. Trata-se da capacidade de reconhecer que a realidade possui um funcionamento autônomo, ou seja, não se adaptando espontaneamente aos nossos desejos. Na maturidade emocional, somos capazes de reconhecer essa dimensão rígida do mundo, sem, no entanto, abrir mão do que queremos. O indivíduo emocionalmente maduro se dispõe a negociar a realização de seus desejos com o mundo com a consciência de que, nesse processo, a permanência de certo grau de insatisfação será inevitável.

Peço, por gentileza, às leitoras e aos leitores que deixem nos comentários um feedback acerca dessa nova série de vídeos. Vocês tem gostado? Fiquem à vontade para fazer críticas e sugestões!