[Vídeo] Diferenças entre a Psicanálise e outras terapias


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[Vídeo] Psicoterapias baseadas em pura sugestão

Esta é uma pequena fatia da aula especial “LENDO FERENCZI 07 – A Psicanálise e outros tipos de psicoterapia”, que já está disponível no módulo “AULAS ESPECIAIS – FERENCZI” da CONFRARIA ANALÍTICA.


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A Psicanálise ajuda o paciente a encontrar sua própria verdade e não a se adequar à suposta verdade do terapeuta.

Apesar de existirem vários métodos psicoterapêuticos, um olhar atento é capaz de identificar basicamente três tipos de psicoterapia:

(1) Métodos que buscam alterar a maneira como o paciente se relaciona com a vida empregando técnicas de aprendizagem e modificação do pensamento.

(2) Métodos que buscam levar o paciente a se comportar de uma forma supostamente saudável explorando a confiança cega que o sujeito tem no terapeuta.

(3) A Psicanálise, que busca ajudar o paciente a se compreender e encontrar, por sua própria conta, formas mais criativas e menos sofridas de lidar com a própria verdade.

No texto “Fé, incredulidade e convicção sob o ângulo da psicologia médica”, Sándor Ferenczi defende a tese de que os dois primeiros métodos estão fadados ao fracasso.

O motivo é simples:

Em ambos, o paciente é levado a se adequar à verdade proposta pelo terapeuta e não a encontrar sua própria verdade, como ocorre na Psicanálise.

Se um paciente diz, por exemplo, que é um “b0sta”, terapeutas que trabalham com esses métodos se esforçarão para levar o paciente a perceber que ele não é isso.

Para tanto, utilizarão todo tipo de técnica de manipulação da consciência: registro de pensamentos, questionamento socrático, sugestão etc.

Um psicanalista, por sua vez, não ficará tentando forçar o paciente a enxergar a SUPOSTA verdade de que ele não é um “b0sta”.

Afinal, quem é o terapeuta para dizer que ele não é isso?

Caso estivesse em análise, esse sujeito seria encorajado a buscar o grão de verdade, da SUA verdade, que está por trás daquela afirmação.

Com efeito, se o paciente diz que é um “b0sta”, ele deve ter bons motivos para fazer isso, certo?

Por que não respeitá-los e ajudar a pessoa a compreendê-los ao invés de forçá-la a se ver de outra forma?

Quer saber mais sobre as diferenças entre a Psicanálise e esses outros métodos psicoterapêuticos?

Então, assista à AULA ESPECIAL desta sexta na CONFRARIA ANALÍTICA.

Nela eu comento alguns trechos do artigo mencionado acima em que Ferenczi fala sobre esse assunto.

O título da aula é “LENDO FERENCZI 07 – A Psicanálise e outros tipos de psicoterapia” e ela já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – FERENCZI.


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[Vídeo] Psicanalista pode citar exemplo da vida pessoal?


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Psicanalista não é guru

O psicanalista húngaro Sándor Ferenczi conta que, antes de conhecer a Psicanálise, frequentemente se deparava com uma situação embaraçosa em seus atendimentos.

Vai vendo…

Como a maioria dos psicoterapeutas do final do século XIX, Ferenczi empregava a SUGESTÃO como método de trabalho.

E o que é a sugestão?

Você sabe.

Hoje em dia o que mais tem na internet é gente que utiliza essa técnica, ainda que sem chamá-la pelo nome…

Quando uma pessoa aflita e vulnerável manda uma pergunta na caixinha de um desses gurus de Instagram e o “Pai”, “Mestre” ou “Doc”, do alto da sua sabedoria milenar de 34 anos, diz para aquela crédula criatura o que ela deve fazer para resolver seu problema, estamos diante de um episódio de sugestão ao vivo e a cores.

O método sugestivo consiste basicamente em introduzir, por meio da autoridade, da intimidação ou de uma atitude doce e benevolente, certas ideias na cabeça do paciente — ideias que a pessoa aceita de forma acrítica por conta da confiança cega depositada no guru.

Em suma, trata-se de um procedimento de manipulação da mente de outro — embora, normalmente, o paciente não se sinta manipulado.

Feita essa explicação, voltemos ao que acontecia lá com o Ferenczi:

Pois bem, enquanto ainda não trabalhava com a Psicanálise, utilizando exclusivamente a técnica da sugestão, Ferenczi passava amiúde pela seguinte saia justa:

Ele estava lá, de repente, pelejando com um paciente histérico resistente, que não saía do lugar, até que decidia falar para o cara mais ou menos o seguinte:

“Você não está doente, meu amigo, recobre as forças, basta querer!”

Sabe o que o paciente respondia para o Ferenczi? Veja:

“O meu mal, doutor, é justamente o de não ter vontade; digo-me dia e noite: você tem que, você tem que e, apesar de tudo, não consigo. Procurei-o precisamente para que me ensine a querer!”

Seria cômico se não fosse trágico, né?

Ferenczi conta essa história num artigo chamado “Sugestão e Psicanálise”.

Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá ainda hoje uma AULA ESPECIAL em que comento esse texto, mostrando por que a Psicanálise NÃO É um tratamento baseado na sugestão e por que, portanto, o psicanalista não é um guru.


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Por que o psicanalista não utiliza a hipnose?

article-new_ehow_images_a04_qt_th_become-hypnosis-practitioner-800x800Estamos no século XIX. Em um escritório sombrio abarrotado de móveis austeros um homem faz movimentos pendulares com um relógio diante de uma jovem que, de olhos fechados, lhe narra suas mais íntimas lembranças. Quem não se impressionaria com uma cena como essa? Muito provavelmente essa pergunta retórica deve ter sido feita por muitos produtores do cinema e da televisão. Afinal, não raro vemos essa mesma cena em filmes e seriados, adaptada ou não para os dias atuais. Na sociedade do espetáculo, as representações de um tratamento hipnótico são excelentes embalagens para determinados produtos da indústria cultural. As pessoas têm sua curiosidade despertada e acreditam tratar-se de um procedimento místico, secreto…

Com alguma frequência tenho me deparado com pessoas que compartilham dessa espécie de “representação social” da hipnose. São indivíduos que encaram o tratamento hipnótico como uma modalidade psicoterapêutica mais “profunda” do que, por exemplo, a psicanálise. Para eles, a hipnose alcançaria determinadas regiões do psiquismo às quais a terapia psicanalítica jamais colocaria os pés. Por conta disso, acreditam que a psicanálise e as demais psicoterapias baseadas essencialmente na interação verbal entre terapeuta e paciente seriam indicadas para o tratamento de casos mais leves de adoecimento emocional. A hipnose seria a única técnica capaz de intervir de maneira eficaz no tratamento de patologias mais graves.

Neste artigo pretendo demonstrar por que essa concepção é inteiramente equivocada e por quais razões os praticantes da psicanálise não fazem uso da hipnose ao tratarem seus pacientes. Para isso, será preciso explicar primeiramente, ainda que de modo esquemático, o que é a hipnose.

O que é hipnose?

Embora hipnose seja empregada em outras especialidades do campo da saúde, como por exemplo, na odontologia, em que o profissional coloca o paciente em estado hipnótico a fim de ele não se sinta ansioso diante de determinados procedimentos, a técnica hipnótica é utilizada com maior frequência como estratégia psicoterapêutica. Com essa finalidade, o terapeuta (hipnotizador) induz o paciente, utilizando diversas técnicas (dentre elas, o movimento pendular de algum objeto) a uma condição psicológica semelhante ao sono. Ao cair nesse estado, o doente se coloca numa posição de completa passividade e total disponibilidade às injunções e comandos do terapeuta. Por essa razão, o profissional é capaz de solicitar do paciente a narrativa de determinados fatos que, em estado de vigília, não seria capaz de recordar.

O elemento central desse tipo de tratamento não é o estado psicológico peculiar em que se encontra o paciente, mas sim o poder que ele concede ao terapeuta sobre seu corpo e seu psiquismo. Em outras palavras, o doente não narra suas mais secretas memórias ao profissional apenas porque se encontra numa condição psicológica privilegiada para tal, mas, sobretudo, porque o terapeuta mandou.

Freud e a hipnose

Por influência de Charcot e de outros grandes neurologistas do século XIX, dentre os quais Joseph Breuer (à época seu amigo pessoal), os quais faziam uso da hipnose no tratamento da histeria, Sigmund Freud inicialmente utilizou a técnica hipnótica para cuidar de suas pacientes histéricas. E foram justamente os impasses que encontrou no emprego desse método que levaram o jovem médico vienense a inventar uma nova técnica psicoterapêutica que viria a batizar de psicanálise.

Vale dizer que Breuer e Freud faziam um uso assaz específico da hipnose, distinto da maneira como Charcot e os demais médicos utilizavam o procedimento. Para utilizar uma nomenclatura que atualmente é familiar para a maioria de nós, o médico francês empregava o hipnotismo apenas como uma maneira de fazer com que o paciente tivesse “adesão ao tratamento”. Dito de outro modo, a hipnose funcionava para Charcot como um tratamento sugestivo. Se uma paciente apresentasse, por exemplo, uma cegueira histérica, bastava colocá-la em estado hipnótico e ordenar a ela que voltasse a enxergar quando fosse despertada. De fato, ao sair da hipnose, a doente voltava a enxergar. Contudo, os motivos pelos quais ela havia temporariamente perdido a visão permaneciam ocultos.

Breuer e Freud, por seu turno, aprenderam na prática que a melhor maneira para eliminar os sintomas da histeria era fazendo com que o doente descarregasse toda a tensão psíquica que ele havia reprimido em determinado momento de sua história. A hipnose era utilizada com a finalidade de fazer com que o paciente “regredisse” a esse momento (à época chamado de “trauma”) e pudesse “ab-reagir” ao acontecimento, ou seja, responder novamente a ele, descarregando a tensão acumulada ao longo do tempo e que vinha sendo descarregada através dos sintomas. Chamavam esse procedimento de “método catártico” por considerarem que ele se baseava numa espécie de “purgação” da alma (catarse).

As limitações da hipnose

Apesar de os dois médicos terem realizado diversos tratamentos bem-sucedidos utilizando esse método, Freud não estava muito satisfeito. Afinal, embora conseguisse através da hipnose levar o paciente até os pontos de sua vida em que os “traumas” haviam acontecido, a questão referente aos motivos pelos quais o doente permanecia impedindo que tais eventos fossem rememorados permanecia sem resposta. Em alguns casos, a resistência do paciente a algumas lembranças era tanta que, nem mesmo sob hipnose, o paciente era capaz de se lembrar delas.

Essa foi a grande limitação que Freud encontrou no método hipnótico: ele passa por cima das resistências, deixando o terapeuta e o próprio paciente sem o discernimento dos motivos pelos quais determinados eventos são considerados pelo psiquismo como “altamente perigosos”. Em outras palavras, a hipnose não é capaz de detectar a resistência.

Diante dessa justificativa, muitas pessoas podem dizer algo do tipo “Ah, mas o importante é que os sintomas desapareciam. E daí que as resistências nunca fossem descobertas?”. Impressiona-me, aliás, a semelhança entre essa alegação e aquela que defende o uso de psicoterapias conhecidas como “cognitivo-comportamentais”. A ênfase é posta sobre a eliminação de sintomas, como se o objetivo de um tratamento psicoterapêutico fosse meramente esse.

Berta Pappenheim, ou Srta. Anna O. – sem dúvida a paciente mais famosa da história da psicanálise e considerada quase uma co-inventora do método psicanalítico – costumava dizer a Breuer (que foi quem a tratou) que as sessões de hipnose que ela fazia com ele eram uma espécie de “chimney-sweeping” (“limpeza de chaminé”, em inglês). Creio que essa expressão descreve com exatidão as limitações da técnica hipnótica. Trata-se efetivamente de uma simples limpeza de chaminés psíquicas, um procedimento cujo alcance é temporário, ou seja, até o momento em que a chaminé volte a ficar suja. E se a chaminé precisa ser periodicamente lavada é justamente porque ela acumula sujeira.

É óbvio que a psicanálise não previne neuroses. Contudo, por não negligenciar a resistência, mas, pelo contrário, procurar encontrá-la, o método psicanalítico, diferentemente da hipnose, evita que existam chaminés para serem lavadas de tempos em tempos. A técnica inventada por Freud trabalha não apenas com a sujeira, mas com a própria chaminé, questionando a própria existência dela. Em outras palavras, a hipnose é capaz de eliminar sintomas, mas sequer se aproxima dos “gatilhos” dos sintomas, que não são os traumas, mas justamente os conflitos psíquicos que se expressam na forma de resistências. Freud descobriu que a melhor estratégia para tratar não apenas dos sintomas, mas, sobretudo, dos seus “gatilhos” é pedindo ao paciente que fale tudo o que lhe vier à mente, sem qualquer tipo de censura.

“Faz de mim o que quiseres”

Para-além da incapacidade da hipnose de detectar a resistência, há uma justificativa ética para que o psicanalista não utilize o método hipnótico. Como disse no início do texto, a eficácia da hipnose reside no poder que o paciente concede ao terapeuta sobre seu corpo e sua alma, de modo que as mudanças acontecem por determinação do profissional e não do doente.

O terapeuta, portanto, é colocado numa posição de controle e maestria sobre o paciente que, nesse caso, acaba se pondo como um objeto a ser moldado de acordo com o “desejo de saúde” do profissional. Existem muitas pessoas que são efetivamente incapazes de entrarem em estado hipnótico. Isso acontece não porque possuam uma condição neurológica específica, mas porque não são capazes de se colocar em posição de tamanha passividade diante do terapeuta. A hipnose requer, portanto, como Freud bem analisa em um dos capítulos de “Psicologia das Massas e Análise do Ego”, que o paciente “se apaixone” de certo modo pelo terapeuta. Afinal, só os apaixonados estão de tal modo vulneráveis ao desejo do outro.