
Agora há pouco eu estava atendendo um rapaz para o qual pude explicar, em humanês, como a Psicanálise trabalha com os traumas psíquicos.
Vou compartilhar essa explicação com vocês.
Primeiramente vamos lembrar o que é um trauma do ponto de vista psicanalítico:
Trauma, em Psicanálise, é basicamente uma experiência indigesta, ou seja, uma vivência que o nosso aparelho psíquico não dá conta de digerir, de metabolizar, de compreender.
E o que a nossa mente faz quando está diante de uma experiência desse tipo?
Ela se fragmenta: incapaz de incorporar a vivência traumática, o aparelho psíquico se quebra, a fim de separar o trauma do restante da alma.
É um processo análogo ao que a gente faz quando “limpa” uma costela, por exemplo, ao tirarmos a membrana e o excesso de gordura.
A diferença é que a gente joga no lixo o que retira da costela. A mente não pode fazer o mesmo com o registro da experiência traumática. Ele continua lá, só que ilhado, separado, afastado.
No entanto, como diz o brilhante Raimundo Fagner, “Quando a gente tenta, de toda maneira, dele se guardar, sentimento ilhado, morto, amordaçado, volta a incomodar…”.
Sim, o registro do trauma não fica lá paradinho e quieto. Ele tenta se reintegrar. E, ao fazer isso à força, acaba provocando sofrimento, dor, mal-estar.
O que a Psicanálise possibilita, por ser um tratamento baseado na fala, uma talking cure, como dizia Anna O., é a reintegração saudável do trauma.
Uai, Lucas, mas o trauma não deveria ser eliminado ao invés de reintegrado?
Não. De fato, a vivência traumática não deveria ter acontecido. Contudo, já que aconteceu, ela precisa ser assimilada pelo aparelho psíquico.
Aliás, se isso acontecer, essa vivência naturalmente deixa de ser traumática, pois não mais se apresentará como indigesta.
A Psicanálise promove essa metabolização do trauma porque estimula o sujeito a dar nome a ele, a simbolizá-lo, ou seja, a dar a ele um assento legítimo na mesa “oficial” do psiquismo.
Assim, ao invés de incomodar, o registro traumático, agora sem mordaças, pode se fazer ouvir, não pela dor, mas pela via da palavra.
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