
A transferência é um fenômeno inevitável tanto no tratamento psicanalítico quanto fora dele.
Onde há relação interpessoal, há transferência.
Com efeito, estamos SEMPRE transferindo para nossas relações atuais atitudes e expectativas que foram desenvolvidas originalmente em relações do passado.
Ao invés de criarmos novas relações “do zero”, economizamos trabalho psíquico recorrendo aos mesmos padrões relacionais de sempre.
O terapeuta que acredita na existência desse fenômeno consegue detectá-lo com certa facilidade.
De fato, basta verificar as semelhanças entre o modo como o paciente se comporta em relação a ele (terapeuta) e as atitudes da pessoa relação a outras figuras do seu passado.
Repito: a transferência é inevitável.
Por outro lado, a psicoterapia, especialmente a psicanalítica, exige que se estabeleça um tipo específico de transferência para funcionar.
Se o paciente, por exemplo, transfere para o analista apenas as atitudes de desprezo ou indiferença que nutria em relação a sua mãe, não há análise que se sustente.
Os tratamentos verdadeiramente transformadores são aqueles em que o paciente transfere para o terapeuta a expectativa de ouvir dele a verdade sobre si.
É a isso que Lacan se refere ao usar o termo “sujeito suposto saber” para falar da transferência.
É óbvio que, ao longo da análise, será importante que essa expectativa se dissipe e o paciente chegue à decepcionante, mas saudável conclusão de que nem o analista nem nenhum outro sabe a verdade sobre ele.
Contudo, sobretudo no início do tratamento, é fundamental que o paciente coloque o terapeuta nesse lugar de autoridade, de suposto saber.
Quando isso não acontece, as pontuações, interpretações, silêncios e cortes do analista não exercem efeito algum na evolução da análise.
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