O psicanalista precisa ser mais empático do que outros terapeutas

O uso excessivo e descuidado do termo “empatia” acabou desgastando-o e provocando até certa ojeriza em muitas pessoas quando ouvem falar acerca dele.

Todavia, isso não é justificativa suficiente para que o abandonemos, sobretudo quando estamos tratando de questões psicoterapêuticas.

De fato, a empatia, considerada em seu sentido mais forte e preciso, é uma atitude absolutamente indispensável para o exercício da função de terapeuta.

Quando exploramos a origem etimológica do termo, ganhamos acesso a um campo semântico mais amplo do que a velha e batida ideia de “se colocar no lugar do outro”.

Empatia vem da palavra grega “empátheia” que, por sua vez, é formada pela junção dos termos “en”, que significa “dentro” e “pathos” que quer dizer “sentimento, emoção, paixão”.

Portanto, a acepção “raiz” de empatia remete à ideia de um sentimento em relação àquilo que está dentro.

Dentro do outro, no caso.

Nesse sentido, ser empático significa originalmente conseguir sentir aquilo que está no interior do outro, ou seja, emular em si aquilo que se passa afetivamente na outra pessoa.

Paulo de Tarso, na Epístola aos Romanos, parece ter conseguido captar a essência da empatia ao exortar seus leitores a “alegrarem-se com os que se alegram e chorarem com os que choram”.

Todo terapeuta precisa dar conta de conectar-se afetivamente dessa forma com o mundo interior de seus pacientes a fim de compreender de que modo o sujeito conscientemente se percebe.

O psicanalista, no entanto, precisa ir além desse tipo primário e básico de empatia.

Quem pratica o método freudiano deve ser capaz de se conectar não só com as emoções que o paciente SABE que experimenta, mas também com aquelas que ele não consegue reconhecer.

Afinal, um pressuposto básico da Psicanálise é o de que as verdadeiras causas do sofrimento de quem nos procura estão enraizadas no Inconsciente.

Nesse sentido, o analista precisa ser capaz de captar afetivamente também aquilo que está para-além das tristezas, culpas, dores e insatisfações que o paciente lhe apresenta às claras.

É por isso que o psicanalista argentino Juan-David Nasio propôs a tese de que, na Psicanálise, o terapeuta deve exercer uma DUPLA EMPATIA.

Tarefa nada fácil, mas que se torna possível se o analista consegue fazer aquilo que o autor chama de “SILÊNCIO-EM-SI” (que, já adianto, não tem nada a ver com ficar calado).

Mas, na prática, como se exerce essa dupla empatia?

Na AULA ESPECIAL desta sexta, na CONFRARIA ANALÍTICA, eu respondo essa pergunta mostrando exemplos na prática de Freud, em minha própria clínica e num episódio da série “Sessão de Terapia”.

Além disso, explico direitinho o que o Nasio chama de “silêncio-em-si” e apresento exemplos de problemas que acontecem quando não conseguimos alcançar esse estado.

O título da aula é “AULA ESPECIAL – A dupla empatia do analista e o silêncio-em-si” e já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – TEMAS VARIADOS lá na CONFRARIA.


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2 comentários sobre “O psicanalista precisa ser mais empático do que outros terapeutas

  1. Rodrigo A Gomes

    Maravilha de ensino, grato Dr Lucas, sou Teólogo e Psicanalista em percurso, vi que o Sr usou um texto bíblico na sua postagem, alguns Psicanalistas renomados dizem que isso não pode, é verdade? Eu Posso falar na analise sobre textos bíblicos? Grato! Deus abençoe o senhor sempre! Sou Cristão Evangélico.

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  2. Lucas Nápoli

    Olá, Rodrigo! Que ótimo que você gostou do texto, meu caro! A Psicanálise não é essencialmente ateísta ou antirreligiosa. 😉 Grande abraço!

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