Se a saúde mental não é levada a sério, parte dessa culpa é nossa.

Se queremos que o campo da saúde mental seja realmente levado a sério pelo conjunto da sociedade, precisamos rever nossas práticas.

Como levar a sério um campo no qual categorias psicopatológicas são tratadas em vídeos e podcasts como se fossem signos do horóscopo?

“Como descobrir se o seu namorado é narcisista”

“Como saber se tenho TDAH? (Teste rápido)”

“A pessoa com bipolaridade precisa fazer isso para ficar bem”

Como levar a sério um campo em que diagnósticos são feitos em uma única consulta de 15 ou 20 minutos?

Todos nós estamos de acordo que transtornos psicológicos são fenômenos EXTREMAMENTE complexos, certo?

Mas, se isso é verdade, como um profissional de saúde mental é capaz de afirmar categoricamente que uma pessoa tem depressão escutando-a por menos de uma hora?

A minha impressão é a de que muitos psicólogos e psiquiatras entendem que aguardar um bom tempo antes de formularem um diagnóstico é sinal de incompetência.

Assim, na ânsia de “mostrarem serviço” para seus pacientes, saem etiquetando-os de forma completamente irresponsável e tecnicamente equivocada.

Para esses supostos profissionais, diagnosticar um transtorno mental consiste simplesmente em correlacionar a fala do paciente com descrições do DSM-V.

Isso é ridículo!

Sinceramente, um bom astrólogo faz um trabalho mais consistente e sério ao construir o mapa astral de uma pessoa.

Um dos resultados desse trabalho porco e superficial de distribuição massiva de diagnósticos é o apagamento da subjetividade do paciente.

“Sabe por que você é assim? Por causa do TDAH.”, dirá aquele psiquiatra, se deliciando com o lugar de sujeito suposto saber e ignorando completamente a história da paciente.

E aí, ao invés de sair da consulta se questionando, refletindo, com desejo de se compreender, aquela moça chegará em casa silenciada por um rótulo psiquiátrico.

Como levar a sério um campo no qual sujeitos com histórias complexas e multifacetadas são reduzidos a siglas repetidas como se fossem palavras mágicas?

TAG, TOD, TAB, TEA

Desculpem o tom de desabafo, mas é vergonhoso o que se tem feito em “saúde mental” no Brasil.


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