[Vídeo] Diferença entre inveja e admiração

Esta é uma pequena fatia da aula especial “LENDO KLEIN 05 – A inveja primária e seus impactos no tratamento psicanalítico”, que já está disponível no módulo “AULAS ESPECIAIS – KLEIN” da CONFRARIA ANALÍTICA.


Participe, por apenas R$49,99 por mês ou 497,00 por ano, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

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Quando o paciente sente inveja do terapeuta

Isadora deu uma rápida olhada na tela do celular antes de entrar no elevador e viu que já eram 19h15.

Ela sabia que, pela terceira vez, estava chegando bastante atrasada para a sessão com Bianca, mas, por alguma razão, não se sentia incomodada por deixar a terapeuta esperando.

Pelo contrário. Caminhando a passos lentos, como se estivesse adiantada, ela entrou tranquilamente na sala de espera e mandou uma mensagem para a analista: “Cheguei”.

Como já era o terceiro atraso seguido, Bianca achou que seria importante estimular a paciente a pensar a respeito:

— Nas últimas sessões você tem sempre chegado atrasada, Isadora. Por que será que uma parte sua não está querendo vir à análise?

A paciente não esperava essa pergunta e ficou bastante ruborizada, como se tivesse sido pega em flagrante fazendo algo errado.

— É que eu precisei lavar a louça antes de vir e acabei demorando muito… Mas deixa eu te contar o sonho que eu tive essa noite! — disse Bianca, ansiosa para mudar de assunto.

— Hum…

— Sonhei que eu estava viajando com uma menina de carro. Mas ela é quem estava dirigindo. Aí o carro parou no meio da estrada e, quando a gente foi ver, os quatro pneus estavam furados.

— Uma criança dirigindo? — perguntou Bianca a fim de encorajar a paciente a explorar esse detalhe do sonho.

— Sim! Estranho, né? E eu nem me importei! Estava super tranquila no banco do carona, só curtindo a viagem.

— Eu me lembro de ter dito a você, na primeira sessão, que o nosso trabalho seria como uma longa viagem de carro na qual você estaria no volante e EU no banco do carona…

Após esse comentário, Isadora começou a trazer alguns associações que, articuladas a apontamentos feitos pela analista, revelaram os pensamentos latentes do sonho.

O que estava sendo expresso de maneira simbólica e disfarçada era a INVEJA que a paciente sentia em relação a Bianca.

No sonho, Isadora transformou sua EXPERIENTE analista em uma criança e inverteu as posições da relação terapêutica: colocou Bianca para dirigir e ocupou o lugar da terapeuta (o banco do carona).

Verificou-se também que os quatro pneus furados remetiam aos quatro meses de análise.

Nesse sentido, Isadora estava expressando no sonho seu desejo inconsciente de ESTRAGAR a terapia (simbolizada pela viagem de carro).

E por que ela queria estragar a análise? Por inveja da analista!

Bianca verificou que a paciente havia transferido para a relação com ela a forte inveja que sentira da mãe, uma renomada professora, sobretudo no início da adolescência.

Isso explicaria tanto os atrasos frequentes quanto a inércia que Isadora apresentava no tratamento.

Com efeito, mesmo após quatro meses de terapia, a paciente não havia apresentado nenhum insight e nem a mais ínfima melhora.

A inveja inconsciente transferida para a relação com o terapeuta é um dos principiais obstáculos que podem surgir no tratamento psicanalítico.

A primeira autora a falar mais abertamente sobre essa questão foi Melanie Klein no ensaio “Inveja e Gratidão”.

Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá hoje uma aula especial em que comento trechos dessa monografia, nos quais a autora explica como a inveja funciona e se manifesta na análise.

O título da aula é “LENDO KLEIN #05 – A inveja primária e seus impactos no tratamento psicanalítico” e já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – KLEIN.


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[Vídeo] “Sem mim você não é nada”

Esta é uma pequena fatia da aula especial “LENDO KLEIN 04 – Idealização, insegurança e relações abusivas”, que já está disponível no módulo “AULAS ESPECIAIS – KLEIN” da CONFRARIA ANALÍTICA.


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Idealização e insegurança: motores de relações doentias

— Eu não queria falar de novo do Diego, Clara, mas não tem jeito… Toda semana acontece alguma coisa.

Foi assim que Larissa, uma jovem estudante de Direito, começou sua décima sessão de terapia com a psicanalista Clara.

— No sábado de manhã, a Maria, uma amiga que eu não encontrava há anos, me mandou uma mensagem dizendo que estava na cidade e queria me encontrar.

— Hum… — pontou a analista, demonstrando interesse pela narrativa.

— Como é uma amiga de quem eu gosto muito, já fui logo marcando com ela de nos encontrarmos à tarde nesse shopping que tem aqui perto.

— O Palace, né?

— Isso. Aí cheguei para o Diego toda feliz e falei com ele que iria encontrar a Maria mais tarde.

— Hum…

— Ele disse que eu não iria de jeito nenhum, que a Maria é uma piriguete que dá para todo o mundo e que não queria a mulher dele envolvida com gente desse tipo.

— Mas você foi mesmo assim?

— Não — respondeu Larissa com a voz já embargada — Dei uma desculpa para a Maria… Falei que eu tinha dado uma crise alérgica e tal…

Depois de dizer isso, a paciente começou a chorar e direcionou à terapeuta um olhar suplicante.

— Eu não aguento mais, Clara. Não quero mais viver presa desse jeito, mas eu não consigo sair dessa relação.

— E por que você acha que não consegue? Fale a primeira coisa que vier à sua cabeça.

— O primeiro pensamento que me veio foi “porto seguro”. O Diego é o meu porto seguro. Eu acho que sem ele eu ficaria completamente perdida. Ele mesmo já me disse isso…

Sem perceber, Larissa IDEALIZA a figura do marido.

Ao invés de enxergá-lo como um parceiro amoroso, a jovem o percebe como um ente absolutamente necessário para lhe dar sustentação na vida.

Na AULA ESPECIAL de hoje da CONFRARIA ANALÍTICA, falaremos justamente sobre o papel da IDEALIZAÇÃO na manutenção de vínculos doentios como esse.

Com base num trecho de um artigo de Melanie Klein, veremos por que certas pessoas se submetem voluntariamente a parceiros que encarnam para elas o papel de deuses superpoderosos.

A aula já está disponível na nossa plataforma! O título dela é “LENDO KLEIN #04 – Idealização, insegurança e relações abusivas​​” e está publicada no módulo “AULAS ESPECIAIS – KLEIN”.


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[Vídeo] O que explica a catastrofização?

Esta é uma pequena fatia da aula especial “LENDO KLEIN 03 – MEDO DE MORRER, ANSIEDADE E PULSÃO DE MORTE”, que já está disponível no módulo “AULAS ESPECIAIS – KLEIN” da CONFRARIA ANALÍTICA.


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Melanie Klein explica a catastrofização

Naquela sessão, Sandro parecia mais apreensivo do que de costume.

— Calma… — disse Lavínia, a psicóloga que o atendia, num tom de voz apaziguador — Vamos conversar a respeito disso. Primeiro me fale o que está te deixando tão preocupado.

— OK. Eu estava no plantão e acabei tendo uma discussão com o Rubens, que é um colega mais velho, que está há uns 20 anos lá no hospital.

— E a discussão foi sobre o quê?

— Foi sobre uma paciente que está sob os meus cuidados. Ele quis se intrometer dizendo que a minha conduta estava errada, que a mulher não precisava de cirurgia…

— Hum…

— Aí a gente ficou batendo boca. Até que chegou um momento em que eu perdi a paciência e disse que a paciente era minha e que ele não tinha que se meter.

— E o que aconteceu depois disso?

— Ele saiu resmungando pra lá. O problema é que o cara é simplesmente o médico com mais anos de casa lá do hospital. Com certeza vai fazer minha caveira para a direção.

— Então você está com medo de ser demitido?

— Medo? Eu tenho é CERTEZA de que isso vai acontecer. É só questão de tempo. Por isso é que eu tô desesperado. Já até imagino o diretor ligando para me dispensar.

Lavínia percebeu que o paciente estava “catastrofizando” aquela situação.

De fato, a demissão poderia acontecer, mas era pouco provável que uma simples discussão com o colega decano fosse suficiente para causar tal desfecho.

A hipótese da terapeuta era a de que o rapaz estava projetando em Rubens um objeto interno altamente cruel e ameaçador que ela já havia percebido fazer parte da vida psíquica de Sandro.

Nesse sentido, por trás do medo da pouco provável demissão, Lavínia conseguia vislumbrar uma ansiedade muito mais profunda nesse paciente:

O medo de ser ANIQUILADO por esse objeto mau que habita seu mundo interno provavelmente desde que ele era bebê.

A psicóloga só conseguiu fazer essa interpretação porque conhece as descobertas feitas pela psicanalista Melanie Klein sobre o funcionamento da mente infantil.

Hoje (sexta), quem está na CONFRARIA ANALÍTICA, receberá a aula especial “LENDO KLEIN 03 – MEDO DE MORRER, ANSIEDADE E PULSÃO DE MORTE” em que falo sobre algumas dessas descobertas.


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[Vídeo] Imaturidade emocional

Esta é uma pequena fatia da AULA ESPECIAL “Maturidade emocional: algumas reflexões de Melanie Klein”, já disponível para quem está na CONFRARIA ANALÍTICA.


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Maturidade emocional: uma visão psicanalítica

No campo psicanalítico, tem muita gente que torce o nariz para a ideia de “maturidade emocional”.

Tais críticos alegam que tal noção seria necessariamente moralizante e normativa, ou seja, um mero reflexo dos ideais de quem a utiliza.

Em bom Humanês: para essa galera, ao dizer que é uma pessoa é emocionalmente imatura você estaria apenas julgando que o sujeito não vive como você acha que ele deveria viver.

Esse ponto de vista me parece bastante exagerado e unilateral.

De fato, como somos seres inseridos num contexto socio-histórico-cultural específico, é inevitável que nossas avaliações pretensamente objetivas sofram a influência de fatores sociais, históricos e culturais.

É óbvio, por exemplo, que a ideia que fazemos de um indivíduo emocionalmente maduro hoje seja diferente da que teríamos no século XVIII ou em outra cultura.

Penso, todavia, que não podemos reduzir a essência objetiva da maturidade emocional a seus acidentes sociais, históricos e culturais.

Por exemplo, qualquer pessoa em sã consciência é capaz de perceber que um adulto que não dá conta de suportar frustrações é emocionalmente imaturo.

Afinal, são as crianças que normalmente tem dificuldades para tolerar contrariedades.

— Uai, Lucas, mas não é a Psicanálise que diz que, no fundo, todos nós conservamos na alma tendências e fantasias infantis?

Sim, caro leitor. Mas uma coisa é você, como adulto, preservar uma DIMENSÃO infantil no núcleo da sua vida psíquica; outra coisa é continuar se comportando como uma criança.

Aliás, para a psicanalista Melanie Klein, uma das características da pessoa emocionalmente madura é justamente a capacidade de INTEGRAR essa dimensão infantil na vida adulta.

Para Klein, o sujeito que não tem maturidade emocional se comporta de modo pueril justamente porque não deu conta de fazer essa integração.

Magoado por não ter tido uma boa infância ou ressentido por ter sido obrigado a abandonar certos anseios infantis, ele não consegue aceitar e afirmar as condições da vida adulta.

Ainda hoje (sexta) quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá uma AULA ESPECIAL em que comento essas e outras ideias de Melanie Klein a respeito da MATURIDADE EMOCIONAL.

Te vejo lá!


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Identificação projetiva: quando o terapeuta vivencia o que o paciente não dá conta de suportar

Fernanda, recém-formada em Psicologia, acaba de terminar mais uma sessão de terapia com Bruno, um engenheiro de 30 anos, que a moça atende há cerca de cinco meses.

Logo após fechar a porta do consultório, a jovem se afunda na confortável poltrona de onde escuta seus pacientes.

Além de extremamente cansada, a terapeuta se sente incompetente, insegura, incapaz…

Nem parece aquela psicóloga otimista e autoconfiante que ela costuma encontrar quase todos os dias quando se olha no espelho de manhã antes de ir para o consultório.

“O que será que está acontecendo?” — é a pergunta que a jovem se faz enquanto sofre com a desagradável sensação de baixa autoestima.

Lembrando-se de uma aula que teve na faculdade sobre o conceito de autocompaixão, Fernanda começa a tentar ser compreensiva consigo mesma e pensa:

“Talvez eu esteja me cobrando muito. Só tenho um ano de formada. Ainda estou aprendendo a clinicar. Preciso deixar de ser tão exigente comigo mesma.”

Não funciona.

Aproveitando que terá um intervalo de 2 horas até o próximo paciente, ela decide estudar para ver se consegue tirar os pensamentos negativos da cabeça.

Aluna da CONFRARIA ANALÍTICA, a jovem mergulha numa aula especial em que eu falo sobre o conceito de IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA.

Enquanto assiste ao conteúdo, Fernanda vai se lembrando de como tem sido as últimas sessões com Bruno.

O engenheiro tem se apresentado cada vez mais arrogante e soberbo, passando boa parte do tempo falando sobre sua suposta inteligência acima da média e se queixando da incompetência dos colegas.

Articulando essa experiência clínica com o que está aprendendo na aula, a moça começa a pensar na hipótese de que, talvez, os sentimentos de insegurança e incapacidade que está vivenciando tenham sido, na verdade, projetados nela por Bruno.

Talvez, pensa Fernanda, eu esteja sendo induzida por esse paciente a viver a experiência emocional da qual ele se defende por meio da atitude de vanglória e ostentação.

Essa aula sobre IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA, que foi capaz de iluminar o olhar clínico da jovem terapeuta, estará disponível ainda hoje para quem, como ela, é aluno da CONFRARIA ANALÍTICA.


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Terapeuta, este insight de Melanie Klein sobre a transferência pode transformar sua atuação clínica

Em certa sessão a paciente chega e imediatamente se põe a falar sobre a briga que teve no último fim de semana com o namorado.

Passa a sessão inteira descrevendo como o conflito começou, o que cada um disse e como ela se sentiu durante e após a peleja.

O analista escuta, faz algumas perguntas visando ajudar a paciente a ter clareza sobre como se deu a briga e suas motivações imediatas e, ao final do atendimento, apresenta uma hipótese interpretativa que vincula o começo da cizânia a frustrações que a moça experimentara na relação com a mãe, mencionadas em sessões anteriores.

Em nenhum momento passa pela cabeça do terapeuta a hipótese de que o conflito narrado pela paciente tenha sido derivado da RELAÇÃO TRANSFERENCIAL COM ELE, analista.

De fato, na Psicanálise, tradicionalmente somos levados a pensar que os fenômenos transferenciais só ocorrem nos momentos em que o paciente está com o terapeuta na sessão.

Admitimos, no máximo, que, fora do consultório, o paciente possa sonhar com o analista, mas normalmente não supomos que uma briga conjugal possa ser uma forma que o analisando encontrou de brigar simbolicamente com o terapeuta.

A teórica que trouxe à baila essa possibilidade foi Melanie Klein.

No clássico artigo “As origens da transferência”, de 1952, ela defende a tese de que a relação com o analista promove uma espécie de “invocação” de todos os elementos (não só impulsos, mas também ansiedades, defesas, conflitos) que estavam presentes nas relações com as primeiras pessoas significativas da história do paciente.

Nesse sentido, ao entrar em análise, é como se o paciente passasse a habitar um “universo paralelo” em que só existem ele e o analista como representante de seus objetos primários.

Isso significa, para Klein, que, a partir do momento em que o vínculo com o terapeuta se consolida, tudo aquilo que acontece com o paciente FORA dos atendimentos passa a estar relacionado com o que está se desenrolando DENTRO do consultório.

Quem está na CONFRARIA ANALÍTICA receberá daqui a pouco uma AULA ESPECIAL em que explico essa ideia com mais detalhes e exemplos à luz do texto de Melanie Klein.

Te vejo lá!


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Melanie Klein descortinou a mente infantil e mostrou que ela pode ser tão complexa quanto a do adulto.

Diferentemente de Freud (e da filha dele, Anna), Melanie Klein acreditava sinceramente na possibilidade de fazer Psicanálise com crianças.

Sigmund e Anna Freud achavam que a criança ainda estaria muito emocionalmente ligada aos pais e, por isso, seria incapaz de fazer transferências para o terapeuta, condição fundamental para o tratamento psicanalítico.

Melanie Klein não pensava assim.

SUA CLÍNICA não lhe permitia pensar dessa forma.

Atendendo meninos e meninas de 2, 3, 4 anos com graves problemas emocionais (experiência que Freud, por exemplo, não teve), Klein pôde perceber que a mente infantil é muito mais complexa do que se imaginava até então.

Colocando seus pequenos pacientes para brincar e desenhar (procedimento que ela considerava análogo à associação livre), Klein se deparou com fenômenos espantosos, como, por exemplo:

O caso de uma menininha de 2 anos e 9 meses (Rita) que, já nessa idade, vivenciava intensos sentimentos de culpa e tristeza, denunciando a presença de um superego extremamente feroz e cruel.

Por meio do desenho e da brincadeira, a pequena Rita já expressava fantasias que indicavam a presença de desejos genitais e rivalidades com os pais muito antes do que Freud pensava. Tudo isso em meio a batalhas internas com seios e pênis persecutórios.

No esforço de tentar entender o que se passava com crianças como essa e de que modo era possível que lidassem tão precocemente com tais experiências, Melanie Klein criará uma série de novos conceitos psicanalíticos como identificação projetiva, inveja primária, posição esquizoparanoide, posição depressiva etc.

Além disso, apresentará à comunidade psicanalítica uma nova visão do complexo de Édipo, que localiza essa formação psíquica já no primeiro ano de vida da criança.

E é justamente sobre a concepção kleiniana do Édipo que falaremos hoje às 20h na segunda aula do nosso minicurso especial “O Édipo em Freud, Klein e Lacan”.

Não é preciso se inscrever.

Será no meu Instagram.

Até lá!


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O bom líder se sente feliz com o crescimento de seus liderados

Outro dia eu estava ouvindo um podcast em que o empresário Flávio Augusto dizia que um dos atributos de um bom líder é a capacidade de “se realizar com o sucesso de outras pessoas”.

Isso me lembrou algo que a psicanalista Melanie Klein assinala em seu clássico artigo “Nosso mundo adulto e suas raízes na infância”:

“Quando a voracidade e a inveja não são excessivas, mesmo uma pessoa ambiciosa encontra satisfação em ajudar os outros a dar sua contribuição. Temos aqui uma das atitudes subjacentes à liderança bem-sucedida. Novamente, isso já pode ser observado em alguma medida entre as crianças. Uma criança mais velha pode ter orgulho pelas conquistas de um irmão ou irmã menores e fazer de tudo para ajudá-los.”

Muitos líderes formam equipes medíocres justamente porque possuem quantidades excessivas de inveja e voracidade.

Com efeito, eles querem todas as conquistas para si e se sentem ameaçados quando algum de seus subordinados demonstra estar crescendo.

Assim, evitam agregar em seus times uma pessoa muito competente com medo de, no futuro, perderem sua posição de liderança para ela.

Além disso, tais líderes podem inconscientemente sabotar o progresso de suas equipes apenas para não terem que reconhecer o mérito dos colaboradores.

Para esse tipo de líder, o cenário ideal é aquele em que somente ele brilha.

Por isso, tende a ser centralizador: tudo tem que necessariamente passar por ele para que jamais se possa dizer que o outro foi bem-sucedido por conta própria.

Por incrível que pareça, muitas vezes tal líder tende a ficar contente quando fazem críticas a seus liderados, pois isso lhe proporciona alívio.

É como se ele pensasse: “Que ótimo ter subordinados ruins. Dessa forma, continuo sendo uma estrela solitária, uma pérola de competência em meio a esse mar de mediocridade.”

É óbvio que se trata de um raciocínio autodestrutivo e nada sustentável.

Afinal, se uma equipe não trabalha bem, isso geralmente tem a ver com uma liderança que não cumpre bem o seu papel de coordenação e gerenciamento.

Mas a insegurança e a inveja são tão grandes que o líder que pensa dessa forma não consegue perceber que está cavando a própria cova.

Você já conviveu com líderes assim?


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Polarização é coisa de criança: Melanie Klein explica

Melanie Klein indiscutivelmente faz parte do rol dos principais autores do campo psicanalítico.

Talvez você não saiba, mas essa mulher, nascida em 1882, enfrentou forte resistência por parte da ortodoxia psicanalítica dos anos 1920.

Com efeito, Klein não era médica nem tinha qualquer outro diploma universitário. Era, portanto, o que se chamava à época de analista leiga.

Essa corajosa austríaca de origem judia aprendeu o ofício de psicanalista nos divãs de Sándor Ferenczi e Karl Abraham.

Foi Ferenczi, inclusive, quem a incentivou a se dedicar à análise de crianças, outro alvo das críticas dos colegas mais conservadores que achavam que a Psicanálise só poderia ser aplicada em adultos.

Vítima da perda precoce de tantas pessoas importantes (pai, mãe, irmãos, filho), provavelmente não por acaso Klein foi uma das autoras que mais levou a sério o conceito freudiano de “pulsão de morte”.

Com base em sua experiência clínica orientada pelo último Freud, a autora chegou à conclusão de que toda criança já nasce experimentando um medo de ser morto (“fear of annihilation”).

Com efeito, Melanie Klein acredita que, desde o início da vida, o bebê se relaciona com os seios maternos percebendo-os como objetos diferentes de si.

Isso permite à criança projetar sua pulsão de morte (originalmente uma tendência para a autodestruição) nos seios e imaginar, assim, que são eles que desejam matá-la.

Mas o bebê não nasce apenas com pulsão de morte, né?

Exatamente. Ela também possui uma pulsão de vida, isto é, uma tendência para a autopreservação e a formação de ligações com os objetos.

Por conta disso, a criança não vivencia os seios apenas como objeto maus e persecutórios, mas também como entes angelicais, amorosos e protetores.

Ora os seios aparecem para o bebê como 100% maus, ora como 100% bons.

Doido, né? Pois é… Esse modo polarizado de enxergar a realidade (bem típico dos nossos dias, aliás…) permanece vigente na cabecinha do bebê até o quarto mês de vida.

Depois disso, a criança vai se tornando capaz de perceber que os seios não são só bons ou só maus e que, na verdade, eles são apenas partes de um objeto muito maior chamado mãe…

Mas isso é assunto para a aula especial sobre Melanie Klein que os alunos da Confraria Analítica vão receber com exclusividade ainda hoje (sexta-feira).


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Criação sem limites: visão psicanalítica

Neste vídeo: o psicanalista Lucas Nápoli explica os efeitos prejudiciais de uma criação sem limites com base no texto “Nosso mundo adulto e suas raízes na infância”, de Melanie Klein.


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Vivemos na correria quando não suportamos conviver com nós mesmos

Um dos indicadores mais certeiros de adoecimento emocional é o EXCESSO.

Excesso de trabalho, excesso de estudo, excesso de experiências sexuais, excesso de alimentação, excesso de repouso… Ainda que a pessoa não apresente explicitamente queixas e não procure ajuda, a simples presença do excesso já é um sinal inequívoco de doença psicológica.

Lembro-me de um paciente que dizia ser “tarado por trabalho” e estar sempre “na correria”. Certa vez lhe perguntei: “E do que você corre tanto? Do que você está fugindo?”.

De fato, o excesso, isto é, a intensificação exagerada de uma dimensão da vida em detrimento das outras, frequentemente representa uma tentativa desesperada de escapar de realidades interiores que o indivíduo não consegue suportar.

O psicanalista inglês Donald Winnicott fala sobre isso num de seus primeiros trabalhos psicanalíticos chamado “A Defesa Maníaca”, de 1935.

Nesse texto, o autor explora o conceito de defesa maníaca, que havia sido criado por Melanie Klein para descrever uma estratégia emocional inconsciente que utilizamos para nos defendermos de ansiedades depressivas, fenômeno claramente perceptível nas formas graves de transtorno bipolar.

Algumas das expressões da defesa maníaca são justamente da ordem do excesso: excesso de animação, de atividade, de alegria, de trabalho…

Winnicott argumenta que os alvos dessa defesa não são apenas as ansiedades depressivas, mas, sobretudo, nossa realidade interna. Em outras palavras, utilizamos a defesa maníaca para fugirmos de nós mesmos, para evitarmos fazer contato com questões duras, que acabam sendo fonte de uma angústia insuportável.

Assim, para nos protegermos da nossa realidade interna, a gente pode acabar se abrigando na realidade EXTERNA seja por meio da “correria” do trabalho, das milhões de notificações pipocando no celular ou das infindáveis conversas no WhatsApp…

Como você percebe, o nosso próprio estilo de vida contemporâneo favorece a defesa maníaca. Como dizem slogans famosos: “Just do it!”, “Keep walking!”.

Não por acaso, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han escreveu o seu “Sociedade do Cansaço”, denunciando o que ele chama justamente de “excesso de positividade” no mundo contemporâneo.


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