Como se dá o complexo de Édipo em crianças que estão em estruturas familiares não tradicionais?


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A função paterna não depende da presença de um pai

Lacan teve uma sacada genial ao constatar que, para a constituição do sujeito, ou seja, para a transformação do filhotinho de Homo sapiens em um ser humano minimamente estruturado, a PRESENÇA do pai não é necessária.

Na verdade, nem a mãe biológica é absolutamente indispensável. Se houver outra pessoa disposta a realizar a função materna de cuidado físico e afetivo, o bebê pode se desenvolver de forma saudável, mesmo na ausência da genitora.

É o que acontece, a propósito, nos casos em que a mãe falece durante ou logo após o parto.

É claro que, para o bebê, NÃO É A MESMA COISA ser amamentado e cuidado por outra pessoa ao invés da mãe, mas o fato é que isso NÃO INVIABILIZA o crescimento saudável dessa criança.

Já no caso do pai, Lacan nos fez ver que não há sequer a necessidade de que haja uma PESSOA viva para poder desempenhar a função paterna.

Basta que exista o… NOME-DO-PAI, ou seja, um elemento simbólico que REPRESENTE o papel que TRADICIONALMENTE tem sido exercido pela figura do pai nas sociedades ocidentais.

QUE FIQUE BEM CLARO: Lacan não está dizendo que a presença do genitor na vida da criança seja irrelevante. O autor está apenas esclarecendo que, para a ESTRUTURAÇÃO BÁSICA da vida psíquica, é suficiente que haja um SÍMBOLO do pai.

Esse símbolo pode, inclusive, não ter qualquer relação com uma pessoa do sexo masculino.

Vamos pensar, por exemplo, numa família homoparental em que Téo, um menino de 2 anos, tem duas mães.

Imagine que uma delas, Lívia, a que está desempenhando a função propriamente materna, deixa o filho no quarto, explicando para ele que terão que se separar porque “agora é a vez da mamãe Taís”.

Essa fala, que mostra para Téo que ele não é a única bolacha do pacote e que a “a mamãe Taís” tem algo que a mamãe Lívia deseja, é uma forma possível de apresentar o Nome-do-Pai para essa criança.

Com efeito, a “mamãe” Taís, mesmo não sendo homem, está sendo exercendo, GRAÇAS AO DISCURSO da “mamãe Lívia”, a função simbólica de pai para Téo.

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Os 3 tempos do Édipo em Lacan

De acordo com Jacques Lacan o complexo de Édipo é um mito freudiano. Em outras palavras, para o analista francês, aquela descrição que Freud faz dos vínculos eróticos conflituosos e ambivalentes que a criança estabelece com seus pais seria uma NARRATIVA SIMBÓLICA.

Sim, uma narrativa, assim como as histórias de Cupido ou de Narciso. Da mesma forma que a narrativa mítica de Narciso começa com a consulta de seus pais a um oráculo, Freud começaria seu mito do complexo de Édipo falando sobre o interesse sexual da criança pela mãe.

Para Lacan, Freud teria criado o mito do Édipo a partir dos relatos de seus pacientes, para explicar, com o apoio de imagens, como se constitui o nosso desejo e, portanto, a nossa relação com a falta, isto é, com a impossibilidade de satisfação plena na vida (simbolizada pela figura da castração no mito freudiano).

Partindo dessa interpretação, Lacan se propôs, então, a extrair aquilo que seria a ESTRUTURA do complexo de Édipo que estaria por trás da descrição mítica freudiana. Dito de outro modo, o psicanalista francês olhou para o Édipo tentando responder à seguinte pergunta: “Quais são os elementos que fazem parte da condição humana e estão presentes na vida de todas as pessoas, independentemente da época e que estão por trás dessa história que Freud nos conta?”.

A resposta para essa questão é justamente a teoria lacaniana dos três tempos do Édipo.

Leia os quadros e me diga: esse post te ajudou a entender melhor a visão lacaniana do complexo de Édipo?


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O lugar do pai em Psicanálise: uma introdução

É o pai o responsável por ajudar a mãe a reconhecer que aquela sensação de completude que ela vivencia é ilusória e que ela possui outros interesses para-além do bebê. Só que o pai que faz isso não é o pai real, o genitor de carne e osso, mas, sim, o pai simbólico. O pai real pode até encarnar essa função simbólica (e frequentemente o faz), mas o agente da separação não é ele enquanto “pessoa física”.

Uai, Lucas, por que não é ele? Não é o pai real que literalmente separa a criança da mãe quando a procura para fazer sexo, por exemplo? Sim, mas a separação entre a criança e mãe necessária para o desenvolvimento psíquico saudável do sujeito não é essa separação física; trata-se de uma separação… simbólica. O que isso significa? Significa que essa separação precisa acontecer na dimensão do significado que a criança tem para a mãe e no significado que a mãe tem para ela. A mãe precisa passar a considerar a criança não mais como um símbolo daquilo que lhe tornaria completa e a criança precisa olhar para a mãe não mais como o símbolo do paraíso, da satisfação plena.

Leia o texto completo em bit.ly/drdpaterno


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O que é Nome-do-Pai?

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O que é complexo de Édipo? (final)

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O que é complexo de Édipo? (parte 2)

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O que é complexo de Édipo? (parte 1)

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Objeto a, neurose e perversão

Muitos daqueles que se dedicam ao estudo da teoria psicanalítica tendem a pensar que o objeto a, ao qual Lacan atribui a função de causa do desejo, tem sua (in) existência atrelada à incidência da Lei (Nome-do-Pai). Na verdade, a Lei promove a assunção do falo como objeto alvo do desejo, justamente por deslocar o sujeito do lugar de tal posição (lugar originário da criança no desejo materno) e consagrá-lo ao patamar daquele que, “em nome do pai” poderá se dedicar à busca o falo.

A função lógica do objeto a é, por assim dizer, constitucional, uma vez que o gozo absoluto e inextinguível não pertence à categoria do possível. Lacan ilustra essa postulação com os fenômenos de separação dos objetos auto-eróticos: seio, fezes, olhar, voz e a própria flacidez do pênis após a ejaculação que acaba por adquirir uma conotação semelhante a uma “separação do próprio pênis” por parte dos homens. Todas essas separações são como signos da impossibilidade do gozo absoluto e o atestado de que a origem do desejo não está articulada à Lei, mas a um furo humano original.

Até o Seminário 10, sobre a angústia, no qual formaliza a função do objeto a, Lacan concebia a existência do desejo como sendo tributária da existência da Lei. Nesse esquema, edipiano até o último fio do cabelo, o desejo nasceria justamente do fato de um objeto ser interditado. A mãe, no princípio continuação do corpo infantil, constituir-se-ia em objeto de desejo a partir do momento em que o acesso ao corpo materno sofre a interdição por parte do pai. Nessa fórmula, a existência do desejo está atada ao objeto que é alvo do desejo.

Acontece que essa é apenas a reprodução da fantasia neurótica por excelência! Somos nós, neuróticos, que desejamos aquilo que se encontra sob o interdito da Lei. É o neurótico quem acha a grama do vizinho sempre mais verdinha e a mulher do próximo a última bolacha do pacote; que vive a sonhar com o dia em que a poligamia se converterá em norma social e, aí sim, ele será feliz para sempre com o número de mulheres que quiser (Ledo engano, mal sabe ele que são poucas as que de fato quer).

Portanto, a idéia de que aquilo que eu não posso ter – não por uma impossibilidade intrínseca – mas porque está interditado, é o que de fato provoca o desejo, é uma maneira sofisticada de fazer da neurose norma do psiquismo. O que Lacan demonstra é que há outras maneiras de pensar o desejo que revelam efetivamente o que o causa.

O exemplo que ele dá é o do fetichismo. O fetichista não se interessa pelo objeto interditado nem vive a se queixar da interdição. Isso porque ele sabe, tem consciência, daquilo que elicia, provoca, faz surgir seu desejo, que é o objeto fetiche. Temos o sapato como o exemplo mais banal, mas podemos tomar outros, como a cor dos olhos ou dos cabelos. Há sujeitos que só conseguem sentir excitação sexual por mulheres de cabelos ruivos. A cor avermelhada não é o que o fetichista deseja. Ele deseja aquilo que todos desejam: o falo, isto é, o pedaço que falta para o Outro (a mãe, Deus, a realidade, a vida) ficar completo. Mas o que o excita e que o faz crer que ali, naquela mulher de cabelos ruivos, está o falo é justamente a cor ruiva dos cabelos que faz, nesse caso, função (semblante) de objeto a, causa do desejo.

Para compreender ainda melhor essa argumentação, é só se lembrar da fábula freudiana sobre o nascimento de um fetiche: está lá a criança a remexer embaixo da saia da mãe à procura de um pênis que ela supõe existir. Suponhamos que a mãe esteja sem calcinha mas de meia calça. A criança, embaixo da saia, após visualizar a meia-calça, vai se aproximando em direção à vagina materna ainda acreditando que em seu lugar encontrará um membro. Ao se deparar com sua desilusão, isto é, a visão estarrecedora de que no lugar do pênis suposto há um vazio, a criança se sente profundamente angustiada e nega aquela visão, guardando na lembrança não a vagina, mas o que viu no instante anterior, a meia-calça. Temos aí o nascimento de um fetiche por mulheres com meia-calça. É óbvio que essa narrativa constitui uma historieta mitológica que apenas ilustra o que se poderia chamar de estrutura da dinâmica fetichista. Em termos lógicos, teríamos a seguinte equivalência:

Meia calça: objeto a

Visão da vagina da mãe (ausência de pênis): (-φ), o significante da castração, ou falo-apenas-suposto.

Assim, o objeto a acaba por ocupar o lugar daquilo que impedirá o fetichista de se lembrar da castração. É por isso que a presença seja na realidade ou na imaginação do objeto fetiche é a condição necessária para a emergência do desejo no fetichista. É por isso também que ele não sonha com o esfacelamento da Lei porque, para ele, a lei neurótica não faz a mínima diferença visto que a lei a que seu desejo está sujeito é de uma ordem completamente diferente. É por isso que Lacan brinca com a homofonia no francês dos termos perversion e pére-version (versão do pai): o perverso inventa a sua própria lei, sua própria versão do pai.

E como é que o objeto a se manifesta no neurótico? Da mesma forma que no fetichista, só que no eixo inconsciente. Todos nós neuróticos também temos um determinado matiz ocular ou um “brilho no nariz” como diz Freud que nos faz ficar encantados por determinadas pessoas. A diferença é que não nos damos conta dessa “condição de amar”.

E é exatamente por isso que a transferência funciona tão bem pro neurótico, pois o enquadramento analítico propicia uma situação em que o analista acaba fazendo as vezes desses pequenos “detalhes tão pequenos de nós dois” que estão na raiz tanto de nossas alegrias quanto de nossas infelicidades e desarranjos subjetivos. Os nossos “a” justamente por estarem na esfera inconsciente acabam agindo de modo com que “façamos o que não queremos” como diz São Paulo, ou seja, desconhecendo onde gozamos.

As agruras dos fetichistas não são dessa ordem, pois eles sabem muito bem o que precisam para gozar.

Ai de mim, grita um neurótico à surdina.