Freud e os três tipos de masoquismo

Há pessoas que parecem gostar de sofrer, né?

Talvez você mesmo seja uma delas.

São pessoas para as quais a gente olha de fora e pensa:

“Caramba, fulano não precisava estar passando por isso. Por que ele continua nessa situação tão ruim se pode muito bem sair dela?”.

Naturalmente, tendemos a pensar que o sujeito deve estar obtendo algum tipo de ganho que escapa à nossa percepção imediata.

E é isto mesmo!

Se uma pessoa não evita uma determinada dor mesmo tendo a capacidade de fazê-lo, é porque tal dor é necessária para a obtenção de um satisfação muito desejada.

Veja o caso, por exemplo, de gente que, como eu, pratica diariamente exercícios de musculação.

Eles são monótonos, extenuantes, por vezes dolorosos e… perfeitamente evitáveis. Ninguém nos obriga a fazê-los.

No entanto, nos submetemos voluntariamente a tal desprazer porque, só por meio dele, conseguimos o prazer narcísico da saúde e da boa forma física.

A mesma lógica vale para pessoas que praticam jogos εróticos nos quais são amordaçadas, humilhadas, chicoteadas etc.,

A dor, nesses casos, nada mais é que um… afrodisíaco.

Mas e uma pessoa que permanece num namoro tóxico mesmo tendo condição de terminar a relação, Lucas?

Neste caso, o sofrimento também é um meio que ela utiliza para obter algum tipo de satisfação?

Perfeitamente!

Em todas essas situações (musculação, brincadeiras εróticαs, permanência em relacionamentos complicados) vemos a presença multifacetada do MASOQUISMO.

Na aula publicada hoje na CONFRARIA ANALÍTICA, intitulada “LENDO FREUD 26 – Freud e os três tipos de masoquismo” e já disponível no módulo AULAS TEMÁTICAS – FREUD, eu explico os três tipos de masoquismo identificados por Freud.

Ao entendê-los, você vai enxergar de outra forma por que certas dores se repetem na sua vida e na dos seus pacientes.

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[Vídeo] Entenda o fort-da: explicação simples e didática


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[Vídeo] Você tem recriado seu passado doloroso?


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Você tem brincado de Fort-da?

No livro “Além do princípio do prazer”, Freud narra uma curiosa cena protagonizada por seu netinho Ernst, de um ano e meio na época.

O menino tinha um carretel de madeira enrolado em um cordão e costumava brincar de jogar o objeto para longe de si, puxando-o de volta logo em seguida.

Quando lançava o carretel, Ernst emitia um som que sua mãe e seu avô interpretaram como sendo uma tentativa de dizer “fort” (“foi embora”, em alemão).

Ao trazer o objeto de volta para junto de si, o garoto dizia, alegremente, a palavra “da” (“aqui” ou “está aqui”).

Vendo que Ernst, apesar de muito apegado à mãe, não chorava quando ela estava longe, Freud interpretou a brincadeira da seguinte forma:

Ao fazer o carretel “ir embora” e retornar, o menino estaria reproduzindo simbolicamente as idas e vindas da mãe.

Transformando a mãe simbolicamente naquele objeto, Ernst passava a ter CONTROLE sobre os movimentos dela.

Assim, a mãe desaparecia e voltava quando ELE queria, não ela.

Ou seja, a brincadeira fazia o garoto se sentir SUJEITO da situação e não mais um mero objeto do desejo materno.

Se o anseio do garoto fosse apenas evitar o desprazer de estar longe da mãe, ele poderia simplesmente manter o carretel sempre junto a si.

Mas Ernst queria algo mais. Algo que está justamente para além do princípio do prazer: o menino queria DOMINAR a situação.

Por isso, ele precisava reproduzir não só a presença, mas também a ausência da mãe, ou seja, justamente o movimento que lhe causava dor.

Muitos de nós recorremos a esse mesmo processo defensivo empregado pelo netinho de Freud.

O problema é que as nossas “brincadeiras” de adultos envolvem PESSOAS e não carreteis.

Muita gente usa seus relacionamentos amorosos para tentar dominar, simbolicamente, uma situação dolorosa que vivenciaram na infância.

A pessoa se casa com um homem tão frio quanto o pai, por exemplo, para tentar simbolicamente mudar o genitor e torná-lo mais afetuoso.

Será que isso está acontecendo com você?

Será que você está até hoje tentando consertar o passado reencenando-o no presente?


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[Vídeo] Superego e agressividade reprimida

Esta é uma pequena fatia da AULA ESPECIAL “LENDO KLEIN 09 – O sadismo implacável do superego primitivo” que já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – KLEIN da CONFRARIA ANALÍTICA.


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A crueldade do superego primitivo

Atendendo crianças emocionalmente doentes, Melanie Klein descobriu que o superego se forma muito mais precocemente do que pensava Freud.

O pai da Psicanálise acreditava que a instância superegoica só surgiria a partir do momento em que a criança começasse a se desligar afetivamente dos pais.

E, para Freud, tal processo só aconteceria por volta dos cinco anos.

Frustrada por perceber que a mãe e o pai possuem outros interesses para além dela, a criança internalizaria as figuras parentais na forma de superego como uma espécie de consolo.

“Já que não posso ficar com mamãe e papai o tempo todo, levá-los-ei dentro de mim para o resto da vida. 😌”, pensaria o ingênuo filhotinho de Homo sapiens.

Todavia, para Melanie Klein, esse processo de introjeção das figuras parentais ocorreria muito mais cedo do que Freud sugeriu.

A clínica infantil revelou à psicanalista austríaca que, desde os primeiros dias de vida, o bebê já estabelece um intercâmbio entre ele e a mãe no nível da fantasia.

Ainda no colo materno, a criança projeta coisas na mãe e introjeta elementos que ela imagina que estão na mãe (justamente os que ela mesma projetou 🤡).

—  Que coisas a criança projeta na mãe, Lucas? 🤔

As únicas coisas psíquicas que ela traz “de fábrica” ao nascer: seus impulsos de amor 😍 e de agressividade 😡.

Ao projetar na figura materna esses impulsos, o bebê acaba criando em sua cabeça uma versão 100% amorosa e outra 100% maligna da mãe.

O problema, como eu disse acima, é que a criança traz para dentro de si essas duas versões maternas que ela mesma forjou.

Resultado: ela se identifica com a mãe 100% boa 😇 e trata a mãe 100% má como uma espécie de autoridade inquestionável que a persegue e tortura internamente 👿.

Ora, para Melanie Klein, essa mãe 100% má introjetada é justamente a versão primitiva do superego. Um superego extremamente cruel, severo e implacável.

Quer entender melhor como esse superego cruel se forma? Na aula especial publicada hoje na Confraria Analítica, explico tudo detalhadamente.

O título da aula é “LENDO KLEIN 09 – O sadismo implacável do superego primitivo” e ela já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – KLEIN.


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Gozo: uma tendência a ir além da conta

Aquele era o sétimo pedaço de pizza que Renato colocava em seu prato.

O rapaz já estava mais do que saciado, mas sentia uma vontade inexplicável de continuar comendo.

Não era pelo prazer proporcionado pelo sabor da pizza. Na verdade, ele já estava até enjoado daquele gosto de molho de tomate, queijo e orégano.

Apesar disso, Renato devorou não só o sétimo, mas também o oitavo pedaço.

Era como se ele PRECISASSE comer a pizza toda, mesmo correndo o risco de passar mal — o que, de fato, veio a acontecer.

“Eu não tenho limite”, era o que o rapaz dizia reiteradamente para sua terapeuta.

Agora falemos de Luciana.

Trata-se de uma médica de 35 anos que namora Bruno há cerca de três anos.

Desde o início, o relacionamento entre os dois é marcado por muita turbulência.

Ambos são ciumentos e, por isso, estão sempre brigando. Às vezes, de forma bastante violenta.

Luciana já chegou a fazer arranhões profundos no carro de Bruno depois de ver que ele havia seguido uma colega de trabalho no Instagram.

O rapaz, por sua vez, já deixou a namorada trancada no quarto do casal a fim de que ela não fosse a um churrasco na casa de uma prima.

Vários amigos já disseram a Luciana que ela deveria sair desse relacionamento tóxico antes que acontecesse uma tragédia.

A moça concorda e sabe que essa é a decisão mais prudente a ser tomada. Porém, simplesmente não consegue terminar o namoro.

Por conta das inúmeras brigas, o relacionamento acabou se desgastando muito.

Eles nem conversam direito e Luciana sequer se lembra qual foi a última vez que fizeram amor.

“Eu não consigo entender por que permaneço numa relação que só me faz mal”, é o que a médica disse para seu analista quando começou a fazer terapia.

Renato e Luciana têm algo em comum: ambos estão dominados por aquilo que o psicanalista francês Jacques Lacan chamou de gozo.

Na AULA ESPECIAL publicada nesta sexta-feira na CONFRARIA ANALÍTICA eu explico esse conceito de forma simples, clara e didática.

O título da aula é “CONCEITOS BÁSICOS 22 – Gozo” e ela já está disponível no módulo AULAS ESPECIAIS – CONCEITOS BÁSICOS.


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[Vídeo] A mecânica da inveja


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[Vídeo] Teoria freudiana das pulsões

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Melanie Klein explica a catastrofização

Naquela sessão, Sandro parecia mais apreensivo do que de costume.

— Calma… — disse Lavínia, a psicóloga que o atendia, num tom de voz apaziguador — Vamos conversar a respeito disso. Primeiro me fale o que está te deixando tão preocupado.

— OK. Eu estava no plantão e acabei tendo uma discussão com o Rubens, que é um colega mais velho, que está há uns 20 anos lá no hospital.

— E a discussão foi sobre o quê?

— Foi sobre uma paciente que está sob os meus cuidados. Ele quis se intrometer dizendo que a minha conduta estava errada, que a mulher não precisava de cirurgia…

— Hum…

— Aí a gente ficou batendo boca. Até que chegou um momento em que eu perdi a paciência e disse que a paciente era minha e que ele não tinha que se meter.

— E o que aconteceu depois disso?

— Ele saiu resmungando pra lá. O problema é que o cara é simplesmente o médico com mais anos de casa lá do hospital. Com certeza vai fazer minha caveira para a direção.

— Então você está com medo de ser demitido?

— Medo? Eu tenho é CERTEZA de que isso vai acontecer. É só questão de tempo. Por isso é que eu tô desesperado. Já até imagino o diretor ligando para me dispensar.

Lavínia percebeu que o paciente estava “catastrofizando” aquela situação.

De fato, a demissão poderia acontecer, mas era pouco provável que uma simples discussão com o colega decano fosse suficiente para causar tal desfecho.

A hipótese da terapeuta era a de que o rapaz estava projetando em Rubens um objeto interno altamente cruel e ameaçador que ela já havia percebido fazer parte da vida psíquica de Sandro.

Nesse sentido, por trás do medo da pouco provável demissão, Lavínia conseguia vislumbrar uma ansiedade muito mais profunda nesse paciente:

O medo de ser ANIQUILADO por esse objeto mau que habita seu mundo interno provavelmente desde que ele era bebê.

A psicóloga só conseguiu fazer essa interpretação porque conhece as descobertas feitas pela psicanalista Melanie Klein sobre o funcionamento da mente infantil.

Hoje (sexta), quem está na CONFRARIA ANALÍTICA, receberá a aula especial “LENDO KLEIN 03 – MEDO DE MORRER, ANSIEDADE E PULSÃO DE MORTE” em que falo sobre algumas dessas descobertas.


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[Vídeo] Quanto mais repressão, mais culpa

Esta é uma pequena fatia da aula especial “POR QUE ALGUMAS PESSOAS TÊM UM SUPEREGO TÃO FEROZ?”, já disponível para quem está na CONFRARIA ANALÍTICA.


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Fort-da: simbolizando o trauma para neutralizar o sofrimento

Por volta de 1919, Freud andava intrigado com o grande número de ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que retornara do campo de batalha apresentando vários sintomas psicopatológicos, como depressão e problemas motores.

Mas o que de fato vinha deixando Freud pensativo não eram exatamente esses sintomas, típicos de neuroses traumáticas, mas os SONHOS que esses homens costumavam apresentar.

Com efeito, eram sonhos nos quais o sujeito era levado de volta aos dolorosos eventos vivenciados na guerra, como se a pessoa estivesse se obrigando a REVIVER tais experiências traumáticas.

Em meio à tentativa de compreender esse fenômeno que aparentemente contradizia sua teoria dos sonhos como realizações de desejos, Freud teve a oportunidade de observar as brincadeiras de seu netinho Ernst e perceber que o garoto também parecia BUSCAR VOLUNTARIAMENTE a repetição de vivências de sofrimento.

Ernst, que na época tinha cerca de 1 ano e meio, era a típica criança que não dá trabalho.

Freud diz que ele “não incomodava os pais à noite, obedecia conscientemente às ordens de não tocar em certas coisas, ou de não entrar em determinados cômodos e, acima de tudo, nunca chorava quando sua mãe o deixava por algumas horas”.

O menino tinha um carretel de madeira com um pedaço de cordão amarrado em volta dele e gostava de brincar de lançar esse objeto para fora de sua cama, segurando-o pelo cordão e puxá-lo de volta alguns segundos depois.

Quando o carretel era lançado, Ernst emitia o som “o-o-ó” que Freud e a mãe do garoto interpretaram como sendo uma tentativa de dizer a palavra “Fort” (“foi embora”, em alemão).

Já quando puxava o objeto de volta, o garoto dizia com muita alegria a palavra “Da” (“aí”, em alemão).

Freud chegou à conclusão de que a brincadeira era uma espécie de representação simbólica das idas e vindas da mãe.

Mas por que será que o menino brincava de REPETIR a experiência do afastamento da genitora já que isso certamente era fonte de sofrimento para ele?

Por que será que muitas vezes nós (nós!) BUSCAMOS reviver situações dolorosas?

A resposta está na AULA ESPECIAL que aqueles que estão na CONFRARIA ANALÍTICA receberão daqui a pouco.

Te vejo lá!


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Batatinha frita 1, 2, 3: o sadismo nosso de cada dia

Na clássica obra “O mal-estar na civilização”, Freud propõe a tese de que a sociedade humana, para sobreviver, exige dos indivíduos a supressão de parte da satisfação de seus impulsos.

Em outras palavras, só podemos viver em sociedade se estivermos dispostos a abrir mão do “direito natural” de fazer tudo o que quisermos.

Por outro lado, Freud também nos ensinou a perceber que aquilo que é suprimido num primeiro momento inevitavelmente reaparece em outro com novas roupagens.

Assim, a parcela de satisfação pulsional à qual renunciamos para viver em sociedade retornaria na forma do mal-estar inerente à vida em comunidade.

A palavra em alemão que Freud utiliza e que costuma ser traduzida por “mal-estar” é Unbehagen, que também pode ser traduzida por “desconforto”.

Trata-se de uma espécie de tensão psíquica básica que funciona como um lembrete das possibilidades de satisfação que a gente decidiu suspender para viver em sociedade.

Por outro lado, estamos sempre buscando formas socialmente aceitas de satisfazer nossos impulsos a fim de mitigar um pouco esse mal-estar.

De fato, a vida civilizada seria absolutamente insuportável se não houvesse “válvulas de escape” para compensar o sacrifício pulsional que cada indivíduo faz.

A cultura do cancelamento, a chamada polarização política e os programas de TV policiais são exemplos contemporâneos dessas válvulas de escape.

Por trás do linchamento virtual a famosos, feitos em nome da moral e dos bons costumes politicamente corretos, o que existe de fato são indivíduos aproveitando a oportunidade para descarregarem seu sadismo reprimido.

Por trás das aparentemente nobres e desinteressadas discussões sobre democracia, distribuição de renda e liberdades individuais temos tão-somente o bom e velho tesão de brigar, que a duras penas aprendemos a suprimir.

E os programas policiais, por sua vez, nada mais são do que veículos socialmente aceitos de satisfação de nossos desejos de vingança e de nosso apetite natural pela violência.

Sim, é também esse gosto por ver o circo pegar fogo (e o palhaço se f****) que nos anima a assistir com júbilo uma série como “Round 6” em que pessoas participam de um jogo estúpido apostando a própria vida.


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Por que caímos nas mesmas atitudes autodestrutivas mesmo tendo consciência delas?

Pergunta feita a mim nos stories do Instagram

Saber que um comportamento é autodestrutivo não é o suficiente para modificá-lo.

Os comportamentos autodestrutivos são meios que o Inconsciente encontra para satisfazer seus impulsos e tendências, os quais são provenientes de nossa infância.

Isso acontece em duas situações:

1 – Quando a pessoa bloqueou todas as demais formas saudáveis de expressão do Inconsciente, “obrigando-o” a se satisfazer por uma via patológica.

ou

2 – Quando os próprios impulsos e tendências do Inconsciente só podem encontrar satisfação (a princípio) por meio da encenação de situações autodestrutivas. Isso acontece, por exemplo, quando no Inconsciente existem impulsos de natureza masoquista.

Para deixar de cair em atitudes autodestrutivas, o sujeito precisará “reconectar-se” com seu Inconsciente a fim de discernir suas intenções e fornecer novos caminhos de satisfação para ele ou mesmo para convencê-lo a renunciar a certos impulsos e tendências.

Esta é uma maneira figurada de falar sobre o que acontece ao longo de uma terapia psicanalítica.


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Id, ego, superego: entenda a segunda tópica de Freud (parte 3)

No último post desta série vimos que, por volta dos anos 1920, Freud se viu diante de um baita problema teórico: de que valia continuar utilizando o termo “inconsciente” para designar uma parte específica de nosso psiquismo se essa parcela da mente se parecia mais com um tremendo balaio de gato onde cabiam coisas tão heterogêneas como os impulsos reprimidos e as partes do ego que impediam que esses impulsos fossem reconhecidos pelo sujeito, ou seja, que provocavam resistência?

Não seria melhor passar a utilizar o termo “inconsciente” num sentido meramente descritivo, ou seja, apenas para fazer referência à forma em que se encontra uma representação mental da qual não estamos conscientes no momento?

“Sim, seria”: essa foi a resposta de Freud. Já que o conceito de inconsciente estava perdendo a especificidade que tinha no início da psicanálise, melhor seria abandoná-lo de vez.

Mas o que colocar em seu lugar? Se o conceito de inconsciente como uma região psíquica já não fazia mais sentido, logo aquela primeira divisão da mente em consciente, pré-consciente e inconsciente também iria para o ralo, certo?

Perfeitamente. O problema agora passava a ser então a elaboração de um novo modelo para representar o psiquismo. Se a mente não poderia mais ser pensada como dividida em consciente, pré-consciente e inconsciente, como uma seria uma nova estruturação, capaz de superar as limitações da primeira?

A aposta freudiana no conceito de Id

Freud foi encontrar o princípio da resposta que daria a essa pergunta num conceito extraído da obra do médico e psicanalista Georg Groddeck, acerca do qual já falei algumas vezes aqui no site e cuja obra, aliás, foi meu objeto de estudo no mestrado em Saúde Coletiva.

Influenciado pela leitura de Nietzsche, Groddeck vinha utilizando naquela época a palavrinha alemã “Es” (cuja tradução para o latim seria “Id”) para fazer referência a uma espécie de força vital que condicionaria toda a nossa existência, desde a formação dos órgãos do corpo até os nossos mais sutis pensamentos. Nesse sentido, nenhuma de nossas escolhas seria autônoma, ou seja, produto de nosso livre-arbítrio. Groddeck costumava dizer que em vez da frase “Eu vivo” deveríamos dizer “Sou vivido por isso”.

O que Groddeck queria, na verdade, era chamar a atenção para o fato de que nenhum de nós se encontra isolado do contexto em que vive e carrega em si as marcas de sua própria história. Em decorrência, todas as nossas escolhas são o produto da nossa relação coma natureza (da qual somos apenas uma modificação) bem como de nossa história. O conceito de “Es” servia para Groddeck justamente para evidenciar o fato de que o que nós chamamos de que nós não somos donos do nosso próprio nariz na medida em que nos encontra na dependência de fatores que estão para além de nós mesmos e acerca dos quais na maioria das vezes não temos consciência.

Ora, esse modo de entender a existência humana proposto por Groddeck era bastante semelhante à conclusão que Freud havia chegado desde que inventara a psicanálise e que sintetizou na famosa frase: “O eu não é senhor na própria casa.”. No momento em que Freud proferiu essa frase, o que ele tinha em mente era a força do inconsciente na determinação da conduta humana. Mas se a ideia de “o inconsciente” já não fazia muito sentido, como continuar sustentando que o “eu não é senhor na própria casa”?

Tomando emprestado de Groddeck o conceito de “Es”, ora! O termo parecia perfeito para designar a região da mente que Freud até então vinha chamando de inconsciente e, de quebra, não tinha os inconvenientes do termo inconsciente!

O vocábulo “Es” na língua alemã é um pronome impessoal. Por isso, as edições mais recentes da obra de Freud preferem traduzir o termo por “Isso” em vez de “Id”, justamente para valorizar esse aspecto semântico referente a algo indeterminado, desconhecido, obscuro. Essa característica, aliás, foi uma das razões que levaram Freud a gostar do conceito. Pareceu-lhe o termo ideal para contrapor ao ego, na medida em que colocaria em primeiro plano a verdadeira oposição que interessa à psicanálise, a saber: a oposição entre o ego e a pulsão, essa fome insaciável de viver que pode, paradoxalmente, colocar a vida em risco. É esse conflito que de fato esteve nas raízes da psicanálise e não o embate entre consciência e inconsciente!

O Id freudiano

Diferentemente de Groddeck, que entendia o Id como a expressão da nossa vinculação indissociável com o mundo, Freud privilegiou o significado do conceito referente a algo exterior ao ego, exemplificado na famosa frase de uma personagem da Escolinha do Professor Raimundo: “Ele só pensa naquilo”. Esse “naquilo” é obviamente a sexualidade, a qual, para Freud, se manifesta no ser humano de modo excessivo, desmedido e que, por conta disso, adquire uma conotação de exterioridade em relação ao ego. É por isso que, do ponto de vista freudiano, haverá sempre um conflito entre o ego e as pulsões no cerne de cada alma humana.

O Id é justamente o conceito que Freud empregará para situar o lugar que essas pulsões ocupam no aparelho psíquico. No Id se encontrariam tanto as pulsões sexuais quanto as pulsões de morte (responsáveis pela agressividade que dirigimos contra nós mesmos e contra os outros). As pulsões seriam os representantes no psiquismo de necessidades provenientes do corpo e buscariam unicamente a satisfação sem levar em conta as possibilidades reais de obtê-la e, muito menos, se essa satisfação faria bem para o sujeito. A norma que regula o funcionamento mental dentro do Id é o princípio do prazer, ou seja, no Id uma representação mental se liga a outra não em função de uma relação lógica ou semântica, mas sim devido ao fato de ambas estarem ligadas mutuamente a uma experiência de satisfação ou de busca dela. Assim, no Id, a fórmula 1 + 1 não é necessariamente igual a 2. Pode ser igual a 3 ou a 20 caso essa estranha equação favoreça a conquista do prazer e da satisfação. Em outras palavras, não há razão no interior do Id. A racionalidade é um modo de funcionamento mental a ser conquistado pelo sujeito.

No próximo post veremos como essa conquista é levada a cabo. Conheceremos de que modo o Id dá origem ao ego, esse filho ingrato que desde o nascimento já entrará em conflito com seu genitor e, se possível, veremos ainda o surgimento do terceiro e último elemento da segunda tópica, o famoso e feroz “superego”.

CONTINUA.

Sugestões de leitura:

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