[Vídeo] Cair na real traz alívio

Há coisas que a gente só consegue desejar justamente porque sabemos que elas não podem se concretizar… Nesse sentido, o fato de a realidade não se curvar sempre aos nossos desejos acaba nos proporcionando, em muitos momentos, um ALÍVIO ao invés de frustração.


Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

Publicidade

Descubra seus vieses. As coisas podem não ser como parecem ser.

Ninguém enxerga a realidade espontaneamente tal como ela é.

É por isso que o grande epistemólogo francês Gaston Bachelard dizia que a investigação científica começa justamente pela remoção dos obstáculos psicológicos que turvam a nossa percepção do real.

Esses obstáculos derivam da interação entre nossas inclinações naturais e as experiências que a vida nos oferece.

Do encontro entre aquilo que trazemos de fábrica e aquilo que acontece conosco ao longo da existência surgem determinados VIESES que condicionam nossa percepção da realidade.

Uma moça, por exemplo, que, na infância, nunca pôde contar com pais que lhe proporcionassem segurança, pode se encantar com muita facilidade por qualquer mancebo abusivo e oportunista.

Enxergando o mundo através das lentes da criança insegura e carente que foi, essa jovem só consegue ver no boy lixo da vez a oportunidade de receber, finalmente, a segurança que lhe faltou na infância.

O viés introduzido em sua percepção pelo passado infeliz a faz ficar cega para todos os indícios (evidentes para outras pessoas) de que está entrando numa barca furada ao se envolver com aquele fulaninho.

É difícil tomar consciência de nossos vieses por conta própria. Somos mestres em inventar desculpas para justificá-los e provar que não são distorções da realidade.

Assim, a identificação dos vieses com os quais “editamos” nossa percepção do mundo é uma tarefa que só pode ser adequadamente realizada por meio do diálogo, da conversa.

Mas não qualquer conversa.

Tem que ser um tipo de conversa em que o outro se apague para que eu possa me escutar e, me escutando, possa me enxergar.

Essa conversa tem nome. Sigmund Freud a chamou de Psicanálise.

A terapia psicanalítica vai acabar com meus vieses, Lucas?

Pode ser que sim, pode ser que não, mas…

Sem dúvida, a Psicanálise ajudará você a tomar consciência deles — o que já é meio caminho andado.

Se a jovem do exemplo acima puder constatar que, apesar de ter crescido, ela continua inconscientemente olhando para o mundo em busca de segurança, isso já a ajudará a se livrar de muitas enrascadas…


Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

Como é bom saber que querer não é poder!

Ontem à noite, no finalzinho da nossa aula na Confraria Analítica, eu estava conversando com os alunos sobre o papel ALIVIADOR da realidade.

Sim, ALIVIADOR.

Quem chama nossa atenção para isso é o psicanalista inglês Donald Winnicott.

Olha só:

Geralmente nós pensamos a realidade como o lugar da frustração, né?

É isso o que está em jogo, por exemplo, na expressão “cair na real”.

Teoricamente, quem “cai na real” se dá conta de que as coisas não acontecem necessariamente da forma como deseja e se sente frustrado por isso.

Winnicott, no entanto, salienta que nem sempre a gente quer que os nossos desejos, nutridos em fantasia, sejam satisfeitos na realidade.

Na verdade, há coisas que a gente só consegue desejar justamente porque sabemos que elas não podem se concretizar…

Nesse sentido, o fato de a realidade não se curvar sempre aos nossos desejos acaba nos proporcionando, em muitos momentos, um ALÍVIO ao invés de frustração.

Afinal, no âmbito da fantasia, TUDO pode acontecer: a gente pode fazer amor com quem quiser, matar quem quiser…

Por isso, é muito tranquilizador saber que, na realidade, a maioria dessas coisas que fantasiamos jamais acontecerá.

É essa constatação que justamente nos dá LIBERDADE para fantasiar.

No complexo de Édipo esse papel reconfortante da realidade é fundamental.

Para que a criança possa vivenciar sem medo suas fantasias legítimas de fazer amor com um dos pais e desejar a morte do outro, ela precisa contar com uma realidade que, ao frustrar seus desejos, paradoxalmente a tranquiliza.

Saber que a mãe não vai morrer só porque ela quer e que os pais permanecem juntos como um casal que se ama é o que permite a uma menininha de 4, 5 anos atravessar o Édipo como quem acorda de um sonho.

Tá vendo?

O encontro com a realidade é terapêutico não só porque nos ajuda a crescer pondo fim ao desejo infantil de onipotência.

A realidade também funciona para nós como um “porto seguro” que nos dá liberdade para fantasiar sem medo de que nossos desejos se concretizem.

Você já tinha pensado sobre isso?


Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

Maturidade saudável: aceitar a realidade sem abrir mão do desejo

Em 1911, Freud publicou um importante artigo no qual explica como surge em nós o que poderíamos chamar de “senso de realidade”.

O título do texto é “Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental”. Tá no volume 12 das Obras Completas (Edição Standard).

Por “senso de realidade” me refiro a essa consciência básica de que estamos instalados num mundo que possui existência própria, independente dos nossos desejos.

Freud mostra que essa consciência não nasce conosco e que, no início da vida, a gente resiste a assumi-la.

Em outras palavras, a gente não queria ter que reconhecer a existência da realidade. Só fazemos isso porque não tem outro jeito.

Como assim, Lucas?

Veja: inicialmente a gente tá lá no bem-bom do útero materno, certo? Parasitas do corpo da mãe, sequer temos a experiência de desejar. O estado de satisfação é ininterrupto.

Aí a gente nasce, tem a primeira experiência de desconforto, mas imediatamente depois do parto, já nos colocam no quentinho de novo e passam a nos alimentar.

Nos primeiros meses, conhecemos finalmente o que é desejar, mas nossos desejos são satisfeitos de forma quase instantânea. É só chorar um pouquinho que o peito da mãe aparece.

Nesse contexto, tomar consciência da realidade é irrelevante. Para que olhar para o mundo externo se o que eu quero magicamente aparece bem na hora em que desejo?

A gente só passa a se importar com a realidade quando somos expulsos desse paraíso, ou seja, quando a mãe para de estar o dia todo ao nosso dispor.

Freud diz que é nesse período que nos vemos obrigados a aderir ao princípio de realidade para manter vigente o princípio do prazer.

Em outras palavras, quando a mãe para de fazer tudo o que queremos na hora em que queremos, somos obrigados a BUSCAR ATIVAMENTE o que queremos.

Para isso, precisamos necessariamente tomar consciência da realidade e da lógica própria do mundo externo. O peito da mãe não “cairá do céu” como antes. Agora a gente tem que pedi-lo.

Moral da história: amadurecer significa continuar buscando fazer os gols do desejo, mas dentro das quatro linhas da realidade.

Conhece alguém que precisa ou gostaria de ler este texto? Assinale a pessoa aí embaixo.


Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

[Vídeo] A realidade não está nem aí para você

Você é daqueles que fica se perguntando: “Por que isso acontece comigo?”?. Então, assista a esse vídeo.

É uma singela chacoalhada para você começar bem sua semana de trabalho.


Participe, por apenas R$39,99 por mês, da CONFRARIA ANALÍTICA, uma comunidade exclusiva, com aulas semanais ao vivo comigo, para quem deseja estudar Psicanálise de forma séria, rigorosa e profunda.

➤ Adquira o meu ebook “Psicanálise em Humanês: 16 conceitos psicanalíticos cruciais explicados de maneira fácil, clara e didática”

➤ Adquira o meu ebook “O que um psicanalista faz?”

Travessia da fantasia: tornar-se o que se era

A experiência psicanalítica evidencia que nós não vivemos na realidade objetiva, ou seja, aquela que independe do que pensamos, desejamos e imaginamos. Somos capazes de supor a existência de uma realidade objetiva (pois não sabemos se de fato ela existe) porque percebemos a insuficiência da realidade em que vivemos. Algo nela sempre falta ou sobra. Há sempre alguma coisa que não fecha, uma inconsistência, um defeito, que nos faz suspeitar de sua fidedignidade: “Será que posso mesmo confiar que a realidade seja assim como eu acho que é?”.

Quando essa pergunta começa a se tornar mais frequente e a gerar angústia, as pessoas costumam procurar terapia. Alguns métodos de tratamento ajudam o paciente a “remendar” o tecido de sua realidade que começou a se romper e a revelar os buracos que o constituem. São métodos que trabalham com exercícios, reorganização do pensamento, autocontrole etc. e que têm um valor inegável, embora se baseiem numa concepção um tanto ingênua da realidade.

Por saber que nós não vivemos na realidade objetiva, mas numa realidade que Freud chamou de “psíquica”, a Psicanálise trabalha de outra forma. O fato de nossa realidade ser fundamentalmente psíquica significa que ela é estruturada por fantasias e, mais especificamente, por uma “fantasia fundamental” (conceito inventado pelo psicanalista francês Jacques Lacan). O objetivo da Psicanálise não é o de eliminar essa fantasia com a suposta justificativa de fazer o sujeito “encarar a realidade”. Não! Se a fantasia fosse destruída, o paciente cairia justamente naquilo que está para-além da nossa realidade, o Real, dimensão com a qual não podemos lidar diretamente.

Aliás, a fantasia fundamental é justamente a tela que nós construímos para nos protegermos do Real. O problema é que, enquanto não tomamos consciência da fantasia, enquanto fingimos que ela não existe, somos dominados por ela, tal como uma marionete nas mãos do titereiro. Em outras palavras, sofremos, não conseguimos sair do lugar, mas não sabemos o motivo. Por isso, a Psicanálise não busca fazer remendos na realidade psíquica do paciente, pois isso implicaria em mantê-lo assujeitado à fantasia. Entendemos que todas as fantasias são furadas mesmo — e é bom que seja assim… 😉

A proposta da Psicanálise é a de ajudar o paciente a “atravessar” sua fantasia. O que significa isso? Significa ajudá-lo a responsabilizar-se pelo próprio desejo, ou seja, sair do lugar de objeto e tornar-se sujeito de sua realidade, o que implica em conseguir lidar criativamente com sua fantasia e não submeter-se passivamente a ela . Como disse Freud em sua célebre máxima no final da conferência “A Dissecção da Personalidade Psíquica”, o objetivo da Psicanálise é que “Wo Es war, soll Ich werden”, ou seja, que nos tornemos o que já éramos.

[Vídeo] Recado Rápido #04 – Maturidade e negociação

Neste quarto recado rápido falo sobre um dos aspectos que caracterizam um indivíduo emocionalmente maduro. Trata-se da capacidade de reconhecer que a realidade possui um funcionamento autônomo, ou seja, não se adaptando espontaneamente aos nossos desejos. Na maturidade emocional, somos capazes de reconhecer essa dimensão rígida do mundo, sem, no entanto, abrir mão do que queremos. O indivíduo emocionalmente maduro se dispõe a negociar a realização de seus desejos com o mundo com a consciência de que, nesse processo, a permanência de certo grau de insatisfação será inevitável.

Peço, por gentileza, às leitoras e aos leitores que deixem nos comentários um feedback acerca dessa nova série de vídeos. Vocês tem gostado? Fiquem à vontade para fazer críticas e sugestões!