
O Simbólico contempla a dimensão da nossa experiência que é condicionada pela linguagem.
Diferente de outros animais, o homem não vive apenas no mundo físico, mas também no mundo cultural que, por sua vez, é constituído basicamente de palavras, ou seja, de elementos simbólicos.
Por exemplo, pense no seu nome. Quando ele aparece na lista de funcionários da empresa onde você trabalha, aquelas palavras (digamos “João de Souza”) simbolizam a sua existência naquela empresa independentemente da sua presença concreta na firma. Entendeu? As palavras fazem com que você exista não só no mundo físico, mas também em outro mundo, o mundo do registro, o mundo da representação, o mundo simbólico.
Nesse outro mundo, as palavras estão ARTICULADAS e você acaba sofrendo os efeitos dessas articulações. Por exemplo, a palavra João, escolhida por seus pais para ser o seu nome, é a mesma palavra que se utiliza em português para a tradução do nome de um dos discípulos de Jesus, autor do quarto evangelho. É também parte do nome de um brinquedo infantil, o João Bobo. Você enquanto “pessoa física”, por assim dizer, não tem nada a ver com o João Evangelista nem com o João Bobo, mas o seu nome tem e isso é o suficiente para que você sofra eventualmente os efeitos dessas relações… simbólicas.
Isso não acontece, por exemplo, com um cachorro. O fato de se chamar Bob ou Rex não faz a menor diferença na vida de um cão. Já na vida de um ser humano, as consequências de se chamar João são muito diferentes das consequências de se chamar Pedro.
Portanto, o Simbólico diz respeito à dimensão da nossa vida que é dependente das articulações autônomas existentes entre as palavras.