
Seres humanos são movidos por impulsos.
Essa é a conclusão de Sigmund Freud.
E o que é um impulso (em alemão, língua nativa de Freud: Trieb)?
Todo o mundo sabe por experiência própria: é um estado mental de desejo produzido por uma excitação que nasce no corpo.
O impulso nos motiva a fazer alguma coisa para apaziguar essa excitação — temporariamente, afinal, uma característica fundamental dos impulsos é que eles sempre retornam.
fome, por exemplo, é um impulso. Trata-se de um estado psicológico induzido pela excitação desconfortável que o corpo produz quando ficamos algum tempo sem alimentação.
Temos também o impulso sexual, com o qual costumamos ter problemas, visto que a busca pela satisfação dele sofre uma forte regulação social, diferentemente do que acontece com a fome.
Nenhuma sociedade, por exemplo, estimula seus membros a ficarem anos e anos sem se alimentar, mas há diversos grupos que orientam seus adeptos a não fazerem sexo até estarem casados.
Quem está fora desses grupos não se encontra necessariamente numa situação melhor. Não existe sexualidade livre. A própria existência da sociedade exige a contenção do impulso sexual.
Imagine uma civilização na qual incesto e estupro fossem permitidos. Quanto tempo ela duraria?
Conter o impulso sexual não significa deixar de satisfazê-lo. Foi isso o que Freud descobriu — e que muita gente até hoje insiste em negar…Freud provou que o impulso sexual é tão forte que inconscientemente nós conseguimos satisfazê-lo APESAR de todas as regulações sociais.
Um monge, por exemplo, pode satisfazer seu impulso sexual de forma sublimada por meio da devoção e dos rituais presentes na mesma religião que o impede de transar.
Uma jovem pode dar vazão a seu desejo incestuoso pelo pai casando-se com um homem bem mais velho.
O CEO de uma grande empresa pode encontrar alívio para seu tesão sádico torturando a si mesmo com autocobranças e preocupações.
Enfim… O impulso sexual é plástico, flexível, resiliente, implacável…E aí, o que você pensa sobre essa descoberta de Freud?
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Não entendo a fome como uma pulsão, mas como um instinto, Lucas. Abç =)
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Oi Tatiana! Não existe consenso na comunidade psicanalítica sobre o uso dos termos “instinto” e “pulsão”. A Edição Standard, por exemplo, traduz “Trieb” por instinto ao passo que outros tradutores preferem “pulsão”. Eu, pessoalmente, gosto de “impulso” como “terceira via” 😉
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