
Aqueles que criticam a Psicanálise como método psicoterapêutico sempre elegeram o silêncio do analista como um de seus alvos prediletos.
“Psicanalistas não dão feedback”, dizem eles. “Deixam o paciente falar, falar, enquanto apenas fazem cara de paisagem”.
Esse tipo de afirmação incorre na famosa falácia do espantalho: não é verdade que todo analista seja silencioso.
É conhecida, por exemplo, a tendência de alguns analistas kleinianos de formularem uma imensidão de interpretações a todo momento.
De fato, cada analista tem o seu estilo. Alguns são mais silenciosos, outros não. Não há uma regra que defina quanto silêncio o analista deva fazer durante as sessões.
Por outro lado, é importante salientar que, quando o analista faz silêncio, ele não está meramente deixando de falar.
Trata-se, na verdade, de uma TÉCNICA.
Sim! O silêncio é uma DECISÃO CLÍNICA tomada pelo analista, tão estrategicamente pensada quanto uma interpretação.
O analista faz silêncio, em primeiro lugar, para sinalizar ao paciente que uma análise não é uma conversa qualquer em que duas pessoas dialogam.
Na terapia psicanalítica, o paciente é convidado a SE ESCUTAR e não a bater papo. Ora, como o sujeito vai se escutar se o outro não para de falar?
Em segundo lugar, o silêncio do analista é necessário para que ele colha as informações necessárias para falar algo que MERECE SER FALADO.
Explico: numa conversa normal, nós falamos o que queremos dizer e não aquilo que o outro PRECISA ouvir.
Na análise é diferente. Como se trata de um TRATAMENTO, a fala do analista não pode ser sobre si e nem pode ser vazia, banal, irrelevante.
Quando o analista fala, é necessário que seu dizer verdadeiramente AFETE o paciente.
E isso só é possível se o analista falar algo que evoque ou reflita o que se passa com o analisando.
Não dá para falar alguma coisa dessa natureza sem ESCUTAR o paciente suficientemente bem.
Muitas vezes, o desejo compreensível que alguns pacientes nutrem de que seus analistas sejam mais falantes é da ordem da resistência.
Com efeito, ESCUTAR-SE não é uma tarefa nada fácil.
Há determinados sons interiores que gostaríamos que fossem abafados pela voz apaziguadora de nossos analistas…
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